2020/10/02

Análise ao Huawei MatePad Pro


Não havendo ainda um desfecho para o diferendo com os EUA, a estratégia da Huawei tem sido a de continuar a apresentar equipamentos com hardware de alto desempenho que possam fazer esquecer a falta das apps da Google. O MatePad Pro é mais um exemplo desta política, com a Huawei a apostar no seu melhor processador para equipar este tablet. Será isso suficiente para viabilizar a sua compra?


Unboxing



A Huawei apostou numa oferta extremamente agressiva, oferecendo a capa teclado e um "lápis" M Pencil, na aquisição do MatePad Pro. Feitas as contas, são cerca de 200€ em acessórios, factor que por certo irá pesar aquando da aquisição.


Dentro da caixa, em primeiro plano, o tablet.


Os acessórios aparecem em segundo plano, divididos em duas zonas.



A acompanhar a documentação de referência, o cabo USB-C, carregador e um adaptador USB-C para jack de 3,5mm.



O carregador possibilita um carregamento numa relação de 10V/2A, bem longe dos valores que a Huawei apresenta nos seus smartphones topo de gama, ficando-se por apenas 20W, ou seja apenas 2W mais que o mínimo admissível para a designação de carregamento rápido.

O Huawei MatePad Pro



Este é um equipamento premium, algo que facilmente se constata ao primeiro toque no tablet, com o corpo em metal a transmitir uma refinada sensação de conforto e robustez.



O corpo apresenta uma curvatura em todas as laterais, sem que existam saliências, o que contribui para o conforto em utilização.



A frente é quase só ecrã, com as margens a serem bastante reduzidas - cerca de 5mm em todos os lados. São de tal forma esguias, que a câmara frontal passou para o ecrã, estando implementada num furo no canto superior esquerdo, quando o tablet se encontra em modo lateral.



Neste mesmo modo de orientação, na margem inferior ebncontramos o slot para para a instalação de um cartão NM, com a Huawei a manter a aposta neste seu formato proprietário.



Na lateral oposta, microfones e botões de volume.



Do lado esquerdo, duas saídas de som e o botão de power.



Do lado direito, mais duas saídas de som, e a porta USB-C.



A traseira prima pela simplicidade, com o logótipo da marca ao centro e a câmara no canto superior.



Seguindo aquilo que é cada vez mais habitual, a câmara surge num módulo exterior à traseira, o que vai causar um desnível quando assente sobre uma mesa.


Especificações



O MatePad Pro mede 246x159x7,2mm e pesa 460g, acabando por se tornar algo pesado, sobretudo durante longos períodos de utilização, algo que no entanto acaba por ser normal num equipamento com estas dimensões.

O processador é um velho conhecido, o Kirin 990, um octa-core com dois núcleos Cortex-A76 a 2,86 GHz + 2 núcleos Cortex-A76 a 2,09 GHz, coadjuvados por 4 núcleos Cortex-A55 a 1,86 GHz e GPU Mali-G76 com 16 núcleos a 600 MHz, vem com 6GB de RAM e 128GB para armazenamento. O ecrã LCD de 10,8" apresenta uma resolução WQXGA 2560 x 1600 pixels, a câmara traseira tem 13MP com abertura f/1.8, a frontal 8MP, com abertura f/2.0. A bateria tem 7250 mAh, suporta carregamento com uma relação máxima de 10V/2A.


Em utilização



A utilização do tablet fica naturalmente marcada pela capa teclado e pelo "lápis", acessórios que permitem melhorar a interacção com o equipamento. Comecemos por abordar a primeira.

A capa é constituída por duas zonas, uma para acoplar a traseira do tablet e outra para o teclado. A primeira está igualmente dividida em duas zonas, uma magnética para segurar o tablet, outra para apoio.


É esta zona móvel que vai permitir alojar o tablet sobre a zona do teclado.



Existem duas zonas para ancoragem, estando por isso limitada a inclinação a dois níveis, sendo o primeiro mais indicado para a visualização de conteúdos (quando sobre uma mesa) e o segundo mais confortável para a escrita.


A capa protege apenas a frente e traseira do tablet, não cobrindo as laterais, pelo que uma queda não terá por certo o melhor desfecho. O facto de o magnetismo também não ser muito forte, faz com que baste um toque acidental na capa para que esta se desprenda do tablet.



Apresenta um conjunto de teclas-cursor no canto inferior direito, mas estas não possibilitam emular as funções de "Home", "End", "Page up" e "Page Down", pelo que a navegação fica limitada ao toque no ecrã. Outra ausência prende-se com as teclas de função, não sendo possível activar funcionalidades ou controlar o volume através do teclado.

As teclas, com 14mm de lado, intervalo de 4mm e um curso de ~1mm, conseguem disponibilizar um toque agradável, permitindo uma boa cadência de escrita, sendo que esta obriga a uma habituação de alguns dias, devido às reduzidas dimensões do teclado.



Para escrita, o utilizador tem também a possibilidade de utilizar o "lápis". Este pode ser colocado na margem lateral superior, ficando aí alojado, não havendo necessidade de andar sempre à procura do mesmo.




Quem goste de escrever no ecrã do tablet, tem neste MatePad Pro um excelente aliado, pois a Huawei faz acompanhar o equipamento de duas apps que poderão ser muito úteis, o Nebo, para notas e desenho e o MyScript, que permite resolver fórmulas matemáticas.

Como poderão comprovar pela imagem em cima, não terão de ter uma caligrafia muito apurada, para que o texto seja automaticamente reconhecido, podendo escrever de forma normal e descontraída, sem comprometer os resultados finais.



Aproveitando o balanço, falemos de jogos e aplicações. A situação é em tudo semelhante à apresentada na análise do P40 Pro, não havendo a possibilidade de utilizar a Play Store ou os serviços da Google.

Em seu lugar, a Huawei disponibiliza a App Gallery, que mês após mês vai ganhando novas aplicações, com o panorama a ficar cada vez mais composto, se bem que ainda longe daquilo que se seria o desejável.



Para ajudar a contornar as actuais limitações da App Gallery, a Huawei optou por disponibilizar um serviço de terceiros, que permite pesquisar por jogos e aplicações em alguns dos sites mais conhecidos (e ao que tudo indica, seguros). Desta forma, o utilizador fica com o caminho facilitado para instalar aplicações como o NetFlix, se bem que no caso deste serviço, com fortes limitações, ficando o stream limitado em termos de resolução de imagem.



Para os pais, a Huawei disponibiliza o Kids Corner, um serviço a pensar nos mais pequenos, com as crianças a poderem gravar áudio, tirar fotografias, visualizar conteúdos multimédia seleccionados e desenhar.



É igualmente possível dar acesso às aplicações e jogos instalados no tablet, aumentando assim o leque de opções disponíveis para os mais pequenos.



Para que estes não se percam, é possível definir limites para a utilização do tablet, ficando desta forma assegurado que as crianças não irão perder demasiadas horas a ver o Youtube, ou outras apps.


Mate 20 Pro replicado no ecrã do MatePad Pro

Os utilizadores mais profissionais, sendo adeptos da marca, poderão utilizar o serviço de colaboração multi-ecrã, uma funcionalidade em tudo semelhante ao que a marca disponibiliza nos portáteis, com o smartphone a poder ser controlado directamente no ecrã do tablet.



A "janela do smartphone" pode ser minimizada, ficando disponível um pequeno ícone, que a qualquer momento permite maximizar esta mesma janela.






Em termos de desempenho, não há nada de novo a acrescentar, pois o núcleo deste tablet é o mesmo que é possível encontrar no P40 Pro, estando por isso garantido um desempenho de excelência em termos de processamento. Tanto o processador Kirin 990, como o armazenamento, estão ao nível do que se exige de um equipamento premium, com a experiência de utilização a atingir níveis de excelência.


O carregamento é demorado, com o tablet a levar perto de duas horas e meia para efectuar uma carga completa. Convém no entanto recordar que a bateria tem 7250mAh, pelo que uma hora para metade da bateria, acaba por não ser uma má prestação.



Onde o MatePad Pro brilha é na autonomia, com o tablet a atingir a impressionante marca de 21h28min no teste de bateria do PCMark, com o Kirin 990 a mostra mais uma vez o excelente trabalho da HiSilicon neste campo do consumo energético. Este valor só não atinge outra dimensão, devido ao tipo de ecrã utilizado, com um bom ecrã AMOLED a poder estender ainda mais a autonomia do tablet.


Câmara


Modo normal vs modo noite

As câmaras num tablet têm por norma uma utilização limitada, com as vídeo chamadas a serem a utilização mais frequente. Os requisitos de qualidade serão por isso inferiores, com as câmaras a estarem bem longe do desempenho dos smartphones topo de gama.

O Matepad Pro segue esta lógica, com uma única câmara de 13MP com abertura f/1.8 na traseira e 8MP com abertura f/2.0, com a dupla a conseguir disponibilizar bons resultados em ambientes com boa iluminação. Onde esta falte, não há lugar a milagres, pois nem o modo noite consegue apresentar um bom resultado.


Apreciação final



À semelhança do que aconteceu com o P40 Pro, este MatePad Pro é nova vítima do diferendo China-EUA, com a Huawei a não poder apresentar as aplicações e software da Google. Algo que a marca chinesa tem combatido com a aposta no desenvolvimento de alternativas aos serviços da Google. O Huawei Music e Vídeo são disso exemplo, apresentando-se como alternativas de futuro ao Youtube, mas tendo ainda um longo caminho pela frente. O GMail e Mapas são outros dos exemplos de apps que aguardam ainda por alternativas, algo que deverá acontecer a médio prazo. Para já, a oferta global ainda é curta, com o consumidor a sair penalizado.

Se o software tem algumas limitações (o equipamento testado apresentava uma versão de testes, baseada em Android 10+EMUI 10, com um patch de segurança já com alguns meses), o mesmo não se pode dizer do hardware. O processador Kirin 990 está muito bem acompanhado pela memória RAM e armazenamento, disponibilizando um desempenho de topo, onde só a ausência do ecrã AMOLED poderá ser alvo de crítica. O sensor de impressões digitais não foi também opção para a Huawei, se bem que a marca disponibiliza o reconhecimento facial como alternativa.

A autonomia esteve em grande destaque, com o MediaPad Pro a conseguir disponibilizar horas para grandes sessões de cinema. Já o carregamento, deverá ser feito durante a noite, demorando cerca de duas horas e meia para uma carga completa.

Os acessórios são um excelente complemento do tablet, permitindo reforçar a sua utilização, nomeadamente em termos de trabalho, facilitando a tomada de notas e escrita de texto. O teclado é carregado automaticamente, através do sistema de carregamento sem fios do tablet, que também serve para carregar a "pen", quando encaixada magneticamente na lateral do MediaPad Pro.

Com um preço na casa dos 649€ com oferta da capa teclado e do Huawei Pencil (ou €449 sem capa teclado e lápis), o MediaPad Pro é um equipamento muito interessante, saindo apenas prejudicado na questão do software, com a ausência de apps e serviços da Google, razão pela qual se fica apenas por um distinto "Quente".



Huawei MediaPad Pro
Quente

Prós
  • Desempenho
  • Qualidade de construção
  • Autonomia de eleição

Contras
  • Sem apps e serviços Google
  • Sem sensor de impressões digital
  • Ecrã não é AMOLED



Huawei MatePad Pro

Quente (4/5)

2 comentários:

  1. É pena esta situação toda com o Trump... Caso contrário a Huawei já tinha atingido outros patamares.

    Uma questão Luís... Não há mesmo forma de ter os serviços da Google a funcionar?

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    Respostas
    1. Vai havendo, mas a própria marca parece não estar muito interessada em dar abertura a esta situação, com os updates que vai disponibilizando, a limparem a instalação dos serviços da google.
      A aposta está a app Gallery, que cada vez mais vai ganhando opções, agora complementadas com o Petal Search.

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