GrapheneOS sai de França para escapar a "backdoors"

O projecto GrapheneOS anunciou a saída de França devido a ameaças implícitas do governo francês quanto à exigência de backdoors para aceder a informação encriptada.

O GrapheneOS, variante do Android que se foca na privacidade e segurança (e que tem estado a preparar o lançamento de um smartphone que venha de origem com este sistema), anunciou o fim das operações e relações com empresas francesas devido a uma crescente "perseguição" por parte do governo francês.

Embora não tenham recebido qualquer pedido oficial, têm notado um aumento crescente de notícias nos jornais franceses que tentam passar a imagem de que o GrapheneOS é um sistema usado por redes criminosas e pedófilos. Tendo em conta que as autoridades francesas já fizeram raids e apreensões a outros serviços que se focam na protecção e privacidade, os responsáveis do GrapheneOS acreditam que seria apenas uma questão de tempo até que isso viesse a acontecer com eles.

We're ending operations in France and ending our use of French companies (mainly OVH) to provide services because of direct quotes by law enforcement in dozens of French news publications. Their inaccurate claims about GrapheneOS and thinly veiled threats were our sign to leave.

— GrapheneOS (@GrapheneOS) November 25, 2025

We were already moving away from OVH over time. We didn't have authoritative DNS or update mirrors on it anymore prior to this. We were only going to be using it for our website/network service instances which are tiny servers with only static content and reverse proxies.

— GrapheneOS (@GrapheneOS) November 25, 2025

Thinly veiled threats from law enforcement are quoted in several of the news article including https://t.co/Cp9mLvED90. We don't store user data and cannot bypass brute force protection for encryption. Cooperating to provide device access means one thing: encryption backdoors.

— GrapheneOS (@GrapheneOS) November 25, 2025

Uma vez que o projecto se fica na privacidade e implementa toda uma série de medidas de protecção, é tecnicamente "impossível" para o GrapheneOS ceder dados dos utilizadores às autoridades, fazendo com que a única solução possível fosse acrescentar "backdoors" que ultrapassassem a encriptação - algo que o projecto se recusa a fazer, por isso preferindo deslocar os seus servidores para um país que seja mais receptivo à protecção da privacidade dos utilizadores.

Da próxima vez que se falar da China, e das suas capacidades de monitorização e censura, há que relembrar que aqui mesmo, na Europa, estamos em permanente risco de não poder usar encriptação realmente segura - apesar de dizerem que é apenas voluntária.