2025/11/02

Robotaxis da Tesla têm acidentes a cada 100.000 km

Apesar da contínua promoção de Elon Musk de que a condução autónoma dos Robotaxi é "perfeita", os dados oficiais revelam o contrário.

A Tesla continua a apostar fortemente na condução autónoma, mas os primeiros dados do seu programa-piloto de Robotaxis em Austin, Texas, mostram que o caminho para a total automação ainda tem obstáculos pelo meio. Até agora, os relatórios de incidentes da Tesla referiam-se sobretudo ao seu sistema de assistência à condução de Nível 2, no qual o condutor deve manter sempre as mãos prontas para assumir o controlo. Com o serviço Robotaxi, a empresa mudou o supervisor humano do banco do condutor para o banco do passageiro, o que elevou o sistema para o nível L4 que exige novos relatórios obrigatórios à NHTSA, a autoridade rodoviária norte-americana.

Desde o arranque limitado em Junho, a frota de Robotaxis da Tesla percorreu 402.300 quilómetros e registou quatro acidentes. Três ocorreram em Julho, no primeiro mês de operação, e outro foi adicionado em Setembro. Na prática, isto equivale a um acidente por cada 100.584 km percorridos - e isto com um supervisor humano a bordo, que pode parar o veículo instantaneamente em caso de risco. No entanto, a Tesla continua a omitir detalhes essenciais sobre os incidentes, o que dificulta a análise independente (até para os casos em que se possam tratar de acidentes menores, como simples toques, ou que nem sejam da sua responsabilidade).
A comparação com a Waymo ajuda a colocar os números em perspectiva. A concorrente já percorreu mais de 200 milhões de quilómetros em modo totalmente autónomo, sem condutor humano, e registou 1.267 acidentes, um por cada 158.682 km - uma taxa de incidentes bastante inferior à dos Robotaxis da Tesla, que ainda contam com supervisão humana - e em que grande parte foi culpa de outros veículos. A grande questão que fica é: quantos acidentes terão sido evitados graças à intervenção desses supervisores? A Tesla não divulga dados sobre o número de vezes que o condutor de segurança teve de intervir, deixando o público apenas com a informação básica comunicada às autoridades.

O desejo de manter esta informação "secreta" pode também explicar porque motivo a Tesla ainda não lançou o serviço Robotaxi na Califórnia, onde existem mais exigências a nível dos serviços de táxi autónomos, incluindo a divulgação do número de vezes em que os supervisores de segurança tiveram que intervir e parar o veículo.

1 comentário:

  1. Não se pode equiparar os robotáxis da Tesla – impulsionados pela tecnologia FSD, que está a expandir-se rapidamente para milhões de veículos em todo o mundo – aos da Waymo, que ainda operam num nicho geográfico e com frotas customizadas. Vamos aos factos e razões concretas:
    Escalabilidade massiva vs. produção limitada
    A Tesla já tem mais de 6 milhões de veículos na estrada equipados com hardware de autonomia (câmaras, chips e sensores de visão). Com o FSD v14 (lançado em 2025), que regista melhorias significativas – como mais de 100 milhas entre intervenções humanas em testes –, a Tesla pode ativar o modo robotáxi via atualizações over-the-air (OTA) em qualquer um desses carros. Imagina: num clique, uma frota global de milhões de veículos prontos para gerar receita autónoma.
    Já a Waymo? Tem cerca de 1.500 veículos em operação (com planos para duplicar para 3.000 em 2026), todos construídos à medida, com sensores caros como LiDAR e radares. É uma abordagem "artesanal" que limita a expansão: em novembro de 2025, operam comercialmente em cidades como São Francisco, Los Angeles, Phoenix, Austin e Silicon Valley, com expansões recentes para San Diego, Las Vegas e Detroit. Mas isso cobre apenas áreas urbanas específicas nos EUA – nada de escala global.
    Tecnologia vision-based vs. dependência de hardware caro
    O FSD da Tesla baseia-se numa abordagem puramente de visão (câmaras e IA neural), treinada com biliões de milhas reais de dados recolhidos pela frota existente. É barata de replicar: qualquer Tesla atual (como Model 3 ou Y) pode ser transformada num robotáxi sem alterações físicas. Em 2025, o FSD está disponível em países como EUA, Canadá, China, México, Austrália e Nova Zelândia, com aprovações iminentes em Israel e outros mercados. Elon Musk previu que a adoção será "mais rápida que a internet" – e os dados de v14 mostram progressos reais em rotas dinâmicas e decisões complexas.
    A Waymo, por outro lado, aposta em veículos "cegos" sem visão humana: usam LiDAR (que custa milhares de euros por unidade) e mapas pré-carregados, o que os torna frágeis fora de zonas mapeadas. Resultado? Limitações em condições adversas (chuva forte, neve) e custos proibitivos para expansão. Em 2025, a Waymo planeia entrar em Londres e mais cidades americanas como Denver e Miami, mas sempre com frota dedicada e testes com condutores de segurança iniciais.
    Impacto económico e global
    A visão da Tesla é disruptiva: robotáxis acessíveis (previsão de 0,20€ por milha) que podem substituir Ubers e táxis tradicionais em todo o planeta, criando uma rede de mobilidade partilhada com os donos dos carros a ganharem passivamente. Com o Cybertruck já a receber FSD v14, e atualizações globais via OTA, a Tesla está a preparar o terreno para uma revolução em 2026.
    A Waymo, subsidiária da Alphabet, foca-se em parcerias locais (como com a Uber em Phoenix) e gera receita modesta – cerca de 100 milhões de dólares em 2025, contra os biliões potenciais da Tesla. É inovadora, sim, mas experimental: opera 24/7 em áreas limitadas, com chamadas via app, mas sem a flexibilidade de uma frota existente.
    Em resumo: Tesla = escala exponencial, acessível e global, pronta para dominar o mercado de robotáxis (projeções apontam para 900 mil veículos autónomos em 100 cidades até 2035, com Tesla na frente). Waymo = pioneira num nicho, valiosa para testes, mas presa a investimentos pesados e geolocalização. A diferença é como comparar um smartphone que atualiza sozinho com um supercomputador que só funciona na garagem.

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