A Tesla fez algo pouco habitual antes de divulgar os resultados de entregas do quarto trimestre de 2025: revelou publicamente a sua própria estimativa. Segundo a empresa, a expectativa aponta para 420.399 veículos entregues no Q4, um valor claramente abaixo do consenso mais alargado de Wall Street, que rondava as 440 mil unidades. O gesto parece uma tentativa de baixar expectativas antes do relatório oficial, para não "chocar" os investidores.
Se estes números se confirmarem, 2025 marcará o segundo ano consecutivo de queda nas entregas da Tesla. O total anual ficaria perto de 1.64 milhões de veículos, abaixo dos 1.79 milhões de 2024 e dos 1.81 milhões de 2023. Isto representa uma queda anual de cerca de 8%, num mercado global de eléctricos que continua a crescer mundialmente, tornando a situação ainda mais difícil de justificar para uma empresa historicamente associada a forte crescimento.
O contexto também não ajuda. O fim do crédito fiscal nos EUA no final do terceiro trimestre terá antecipado muitas compras, resultando num Q3 recorde e num Q4 inevitavelmente mais fraco. Ainda assim, uma descida de mais de 75 mil unidades de um trimestre para o outro é vista como preocupante, mesmo pelos analistas mais optimistas, reforçando a ideia de que as ideias de grandeza vendidas por Musk poderão em breve chocar de frente com a realidade dos números.
Algo que começa a acontecer em múltiplas frentes. Um fornecedor sul-coreano anunciou uma redução de mais de 99% num grande contrato ligado às baterias 4680, hoje usadas praticamente apenas no Cybertruck. Com vendas muito abaixo do esperado para esse modelo, tudo indica que a Tesla não tem uso para estas células - algo preocupante para uma tecnologia que foi apresentada como peça-chave para reduzir custos e lançar o "carro eléctrico de 25 mil dólares" (que continua a não existir).
Relembre-se que o fundador da CATL disse directamente a Elon Musk que as baterias 4680 tinham problemas estruturais, tendo posteriormente surgido relatos de que estes packs de baterias têm problemas térmicos.
Para os críticos de Elon Musk, o Natal de 2025 está a ser em cheio. Dezenas de influenciadores têm devolvido os seus Cybertrucks devido a problemas recorrentes - e não terá ajudado que a Tesla tenha recorrido à SpaceX para comprar muitas dezenas de Cybertrucks que estavam encravados à espera de compradores.
A isto soma-se mais uma série de promessas falhadas de Elon Musk, desde a prometida "demonstração épica" do novo Roadster antes do final deste ano, os milhares de robotaxis sem condutor que estariam a circular por esta altura (quando os poucos que existem têm volante), ou os milhares de robots Optimus que também estariam a trabalhar ainda este ano - e que afinal nem se aguentam em pé quando se desligam do controlo remoto por humanos.13 Tesla influencers got refunds from Tesla for their Cybertrucks due to multiple defects.
— Motorhead (@BradMunchen) December 30, 2025
The Cybertruck's supplier of 4680 battery materials just wrote its contract with Tesla down by 99%.
Tesla should (but likely won't) write down its Cybertruck production line. $TSLA https://t.co/X2ggsr3RYn
Veremos se em 2026 temos maior taxa de concretização das promessas de Elon Musk, ou simplesmente um aumentar de novas promessas que, sob a óptica da Tesla nos tribunais, não importa que não se materializem desde que sejam feitas "de boa fé".



















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