2025/12/30

Tesla cai nas vendas e nas encomendas das células 4680

O novo ano de 2026 parece começar da pior forma para a Tesla, que preparou os investidores para queda acentuada nas vendas - e levanta dúvidas quanto às células 4680.

A Tesla fez algo pouco habitual antes de divulgar os resultados de entregas do quarto trimestre de 2025: revelou publicamente a sua própria estimativa. Segundo a empresa, a expectativa aponta para 420.399 veículos entregues no Q4, um valor claramente abaixo do consenso mais alargado de Wall Street, que rondava as 440 mil unidades. O gesto parece uma tentativa de baixar expectativas antes do relatório oficial, para não "chocar" os investidores.

Se estes números se confirmarem, 2025 marcará o segundo ano consecutivo de queda nas entregas da Tesla. O total anual ficaria perto de 1.64 milhões de veículos, abaixo dos 1.79 milhões de 2024 e dos 1.81 milhões de 2023. Isto representa uma queda anual de cerca de 8%, num mercado global de eléctricos que continua a crescer mundialmente, tornando a situação ainda mais difícil de justificar para uma empresa historicamente associada a forte crescimento.
O contexto também não ajuda. O fim do crédito fiscal nos EUA no final do terceiro trimestre terá antecipado muitas compras, resultando num Q3 recorde e num Q4 inevitavelmente mais fraco. Ainda assim, uma descida de mais de 75 mil unidades de um trimestre para o outro é vista como preocupante, mesmo pelos analistas mais optimistas, reforçando a ideia de que as ideias de grandeza vendidas por Musk poderão em breve chocar de frente com a realidade dos números.

Algo que começa a acontecer em múltiplas frentes. Um fornecedor sul-coreano anunciou uma redução de mais de 99% num grande contrato ligado às baterias 4680, hoje usadas praticamente apenas no Cybertruck. Com vendas muito abaixo do esperado para esse modelo, tudo indica que a Tesla não tem uso para estas células - algo preocupante para uma tecnologia que foi apresentada como peça-chave para reduzir custos e lançar o "carro eléctrico de 25 mil dólares" (que continua a não existir).

Relembre-se que o fundador da CATL disse directamente a Elon Musk que as baterias 4680 tinham problemas estruturais, tendo posteriormente surgido relatos de que estes packs de baterias têm problemas térmicos.


Para os críticos de Elon Musk, o Natal de 2025 está a ser em cheio. Dezenas de influenciadores têm devolvido os seus Cybertrucks devido a problemas recorrentes - e não terá ajudado que a Tesla tenha recorrido à SpaceX para comprar muitas dezenas de Cybertrucks que estavam encravados à espera de compradores.
A isto soma-se mais uma série de promessas falhadas de Elon Musk, desde a prometida "demonstração épica" do novo Roadster antes do final deste ano, os milhares de robotaxis sem condutor que estariam a circular por esta altura (quando os poucos que existem têm volante), ou os milhares de robots Optimus que também estariam a trabalhar ainda este ano - e que afinal nem se aguentam em pé quando se desligam do controlo remoto por humanos.

Veremos se em 2026 temos maior taxa de concretização das promessas de Elon Musk, ou simplesmente um aumentar de novas promessas que, sob a óptica da Tesla nos tribunais, não importa que não se materializem desde que sejam feitas "de boa fé".

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