Análise ao Tablet Zenithink C91 [Android 4.0 a Baixo Custo]

Análise feita pelo António Rodrigues, caro amigo e que também é um habitual colaborador no Apps do Android.

Procura um Tablet de 10" e touchscreen capacitivo, mas quer gastar menos de €200? Então... talvez tenhamos encontrado o Tablet ideal para si.

Muitos analistas apontaram 2011 como o ano dos Tablets, mas a realidade é que muitos foram sendo adiados e acabaram por ser lançados já no decorrer de 2012. Esse tempo de espera serviu para aguçar o apetite pelos modelos mais badalados, afinar o Android e algumas apps destinadas a Tablets, e permitiu que algumas empresas asiáticas conseguissem colocar no mercado modelos substancialmente mais baratos.

É um desses modelos que vamos analisar a seguir: o tablet Android Zenithink C91 Upgrade, que neste momento está disponível na Pixmania por €159,00 mais taxas de envio/entrega.

A esmagadora maioria dos modelos low cost peca por, além do preço baixo, apresentar características técnicas muito modestas, com desempenho geral a condizer. Nesse aspecto, o Zenithink C91 destaca-se da concorrência porque alia um preço razoável a características muito interessantes: 10", 1Ghz, 1GB de Ram... e claro, a última versão do Android, a 4.0 Ice Cream Sandwich - algo que a maioria dos tablets low cost não permite, pois mantêm-se na 2.2, 2.3 ou mesmo 1.6.

Sem mais demoras, vamos ver então o que este tablet tem para nos oferecer...


O Zenithink C91 Upgrade

Entregue numa caixa de dimensões ligeiramente exageradas, mas com uma apresentação simples e cuidada, e com robustez quanto baste. Lá dentro, encontramos o Tablet devidamente acondicionado num suporte de espuma, o carregador, um adaptador de rede e um cabo mini-USB.

O HARDWARE

No ZTPad podemos contar com:

• Display 10" LCD Touchscreen (capacitive)
• 1024 x 600 pixels
• CPU Cortex A9 1.0 GHz
• 1GB RAM DDR3
• 8GB/16GB Flash NAND
• Wireless 802.11b/g/n
• 1xHDMI Port
• 1xUSB 2.0
• Built in Webcam
• Volume, Webcam hardware keys
• TF Card Slot
• Bateria Li-ion 7000mA (9V)
• Módulo 3G (externo, opcional)

Pesa cerca de 725g, mede 26x16 cm, e quase 2 cm de espessura, atenuada de uma forma inteligente: a capa traseira em branco, a contrastar com o preto da parte superior, ajuda a simular uma espessura menor do que a que realmente tem.

Por falar em capa traseira, esta apresenta uma ligeira textura que confere um pouco mais de grip do que se fosse completamente lisa, mas ainda assim há que ter cuidado com mãos transpiradas - continua a ser muito escorregadia.

Apresenta uma moldura com 1,5 centímetros, suficiente para permitir segurar o Tablet sem qualquer problema e sem tocar no écran. Conta também com quatro teclas físicas: menu/opções, home, voltar e pesquisar. Estas complementam e/ou replicam a funcionalidade das teclas virtuais agora presentes no ICS. Usar umas ou outras é apenas questão de hábito ou facilidade, a cada momento.

Quanto às portas de ligação, podemos contar com mini-USB e mini-HDMI, uma mini-USB (formato semelhante a carregador telemóvel universal) que serve para conectar o cabo da ficha de rede RJ-45. Existem ainda teclas de volume, webcam, saída de auscultadores e a entrada do carregador fornecido.

Este apresenta um conector redondo, de 3mm e 9V/2A, e que estranhamente não entra completamente na tomada do Tablet! Nâo estranhem por isso, se ligarem o transformador e o conector ficar cerca de 4mm fora da porta de ligação no Tablet... No entanto, isso não impede que o carregamento se processe correctamente.

A qualidade de construção é mediana, os plásticos são razoáveis, o design é agradável e não compromete - nada como olhar para a concorrência mais forte e não inventar ;)
No entanto, logo no primeiro contacto notei um ligeiro ranger ao pegar no tablet com as duas mãos. Não acontece sempre, nota-se mais quando pegamos ou apertamos a lateral com um pouco mais de convicção.

A estrela deste modelo (em relação à concorrência directa de outros low cost made), e a primeira grande surpresa é o ecrã de 10 polegadas. Apesar de não ser um LCD IPS e a resolução estar limitada a 1024 x 600 pixeis, apresenta um brilho e contraste suficientes para ser usável mesmo com luminosidade um pouco mais intensa, apesar dos habituais reflexos.

Outra vantagem é ser touchscreen do tipo capacitivo, e com tempos de resposta excelentes para um equipamento desta gama! Quer isto dizer que nas poucas vezes em que toquei no ecrã e nada aconteceu, fiquei claramente com a sensação que foi "culpa" do Android e não do ecrã.
Note-se que toda a experiência foi feita com a película de protecção de origem, o que me leva a crer que removendo a mesma a experiência touch seja ainda melhor ;)

Incluí o giroscópio habitual, que permite a alternância nas apps entre apresentação vertical/horizantal. Apenas fica a faltar uma unidade GPS.

Não consegui obter dados para avaliar correctamente a autonomia, apenas refiro que para uso normal a bateria durou cerca de 4h a partir de uma carga total até aos 10% restantes.
A nível da temperatura de funcionamento, notei algum aquecimento na parte traseira ao fim de um par de horas, mas nada que se possa considerar excessivo ou anormal.


Em Funcionamento

Cerca de 2 minutos para concluir o primeiro boot não me parece mal, e rapidamente entramos no excelente ambiente do ICS. Configurações iniciais, ligação WiFi, tudo correu sem qualquer problema. Apesar de ser single core, o processador de 1GHz portou-se bem na maioria das situações. Notei algum "engasganço" pontual ao puxar um pouco mais pela máquina, mas a experiência global foi bastante positiva ao nível da performance.

As 10 polegadas revelam-se perfeitas para dar uso aos habituais Facebook, Google+, Gmail, Google Drive e afins, e foi bastante agradável jogar alguns dos títulos bem nossos conhecidos, como o Angry Birds: Space ou Raging Thunder, sem qualquer problema ou arrastamento.

A PlayStore está perfeitamente acessível, no entanto merece um reparo: foi possível instalar alguns títulos que posteriormente não correram alegando que o "sistema" não era suportado - não consegui apurar se foi problema na detecção do hardware ou bug no ICS/PlayStore.

O Google Maps funcionou na perfeição e com uma experiência de utilização muito próxima da versão desktop,  mesmo com diversas camadas aplicadas. Já o Flash continua a não convencer totalmente já que mostrou alguns glitches quando a correr no browser, nomeadamente em videos do Youtube: ainda que fosse possível visualizar o conteúdo sem problemas ou lag, por diversas vezes a dimensão do player ficou claramente maior do que o esperado, e sobreposta a outros elementos da página.

Um dos elementos onde podemos aferir a qualidade e resposta do touch é usando o teclado virtual. Optei por usar o standard do ICS e não instalar nenhum alternativo. As primeiras impressões demonstraram que é confortável quanto baste graças ao tempo de resposta muito bom.

Nota menos positiva para o som: nota-se alguma falta de potência, algo que é comum a vários modelos, aliás. As colunas estão posicionadas na traseira e debitam um som algo fraco: se existir algum ruído de fundo na sala, o som proveniente do tablet é quase anulado.

A webcam frontal é básica (0.8Mp) e permite fazer video conferência mesmo notando algum lag na imagem, mas nada que impossibilite o seu uso, desde que a iluminação seja adequada. Refira-se ainda que este equipamento já vem rooted de origem, o que abre as portas ao desenvolvimento do ROM's alternativas e/ou upgrades não oficiais no futuro.

Fazendo as habituais comparações, podemos afirmar que o ZTPad está praticamente ao nível de um Asus Transformer (modelo original, Tegra 2 Dual-Core 1GHz) no que toca à performance quando em uso normal, e acaba por proporcionar uma experiência de utilização muito idêntica, ou aliás, até melhorada em certos aspectos graças à versão 4.0 do Android. Mas... não nos poderemos esquecer que em utilização mais intensiva, o Core adicional do Tegra 2 fará toda a diferença.

Do resto, e no que toca a qualidade e materiais de construção, ecrã, ausência de GPS,  não se pode pedir muito mais nesta gama de preços.

O Facebook acha que este Zenithink é um iPad... :)

Compra ou Esperar?

Sendo este um equipamento que se insere na categoria de low cost, seria normal comparar com grande parte do universo de tablets made in taiwan que inundaram o mercado nos últimos meses. No entanto, a questão é agora bem mais pertinente - e a decisão acaba de ficar mais difícil.
Porquê? Porque também os grandes players estão a posicionar-se para tentar ganhar a apetecível fatia de mercado dos low cost.

Rumores recentes têm preparado as hostes para o lançamento de um tablet low cost, por parte da todo-poderosa Google. A confirmar-se o preço e características base ($199, CPU QuadCore), todos os modelos low cost made-in-taiwan serão literalmente cilindrados - o que fará também com que os preços desçam consideravelmente, tanto nestes modelos asiáticos como nos modelos de topo actualmente nas lojas.

Posto isto, apenas considero viável a compra do ZTPad numa situação específica: para quem precisa com extrema urgência de um tablet de 10 polegadas na fasquia dos €150 ~ €170, com comportamento aceitável e não pode, de todo, adiar a compra.

Caso contrário, e se conseguir esticar um pouco mais o orçamento, será mais inteligente aguardar cerca de um mês: ainda que o preço esperado dos $199 não se confirme e sofra algum aumento, este não será muito significativo - a Google pretende massificar o acesso a tablets e smartphones, e volta a tentar a via do hardware próprio, tal como já fez anteriormente.

Tendo em conta que o tablet será lançado sob a "marca" Nexus, a diferença da tecnologia e a qualidade de construção a que a Asus já nos habituou compensará largamente um investimento superior - além disso, o tablet da Google pode ainda trazer uma prenda: apesar de ainda ser um rumor, é possível que a Google aproveite este lançamento para incluir o Android 5.0 ;-)



Conclusão

O mercado dos tablets tem vindo a amadurecer, e principalmente na gama low cost os lançamentos sucedem-se nos últimos seis meses. Já é possível encontrar tablets de 7 polegadas a preços tão baixos como $62. No entanto, o barato normalmente sai caro, e a qualidade global destes equipamentos é manifestamente insuficiente para que a experiência de utilização seja compensadora, e não uma enorme frustração.

Posto isto, ao preço actual a proposta da Zenithink teria argumentos suficientes para captar clientes interessados em  despender não mais do que €200 num tablet, não fosse o eminente lançamento do QuadCore Nvidia KAI da Google.

Seria uma proposta irrecusável se tivesse sido apresentado por altura do lançamento do Transformer - aí sim, teria captado atenções e teria sido uma alternativa bastante apetecível pelo price tag.

Eventualmente poderá ser ainda uma alternativa válida, mas isso dependerá do posicionamento em termos de preço após o lançamento da Google.

Actualmente, e pela razões apresentadas terá de contentar-se com o nosso "Morno".

Tablet Zenithink C91 Upgrade

Morno

Pros

• Touchscreen capacitivo
• Desempenho
• Preço atractivo
• Android 4.0.3

Contras

• Falta de GPS
• Resolução de "apenas" 1024x600
• Iminência da chegada de um tablet low cost oficial do Google