iPhone 5 - o Dia Seguinte

Ontem ficamos a conhecer o novo iPhone 5 da Apple e, tal como se esperava, muitas têm sido as considerações e opiniões a seu respeito. Não há praticamente nenhum dos aspectos do novo iPhone que não esteja a ser alvo de críticas, umas que serão acertadas, outras que nem tanto assim... mas como sempre, são opiniões que originam acesos debates entre os ditos fans/haters que aproximam as discussões tecnológicas de autênticas batalhas campais onde muitas vezes os insultos passam a ser o foco da atenção, em vez daquilo que realmente deveria estar a ser discutido.

Mas vejamos então:


O ecrã de 4"

O ecrã de 4", aumenta a área e resolução relativamente ao anterior, mas também tem sido alvo de críticas já que: não só fica aquém da resolução necessária para poder dizer que é "HD" (tem apenas 1136x640 - e não os 1280x720 mínimos exigidos), como também faz regressar a velha questão da usabilidade e da fragmentação que muitas vezes é usada como vantagem do iOS sobre o Android.

Aliás, não passou despercebido o comentário que Tim Cook fez há alguns meses atrás, quando salientava a fragmentação no ecossistema Android, dizendo que no iOS tudo era mais simples por ser apenas "um equipamento, com um tamanho de ecrã e uma resolução".

Embora seja esperado que em muitos casos a adaptação possa ser feita automaticamente quando se usam elementos de interface standard, o que é certo é que os developers terão que ter em conta mais uma resolução adicional, a somar ao iPhone original, e ao iPhone Retina; para não falar do iPad e iPad retina (a que se somará em breve, o tal mini-iPad.)

Portanto... fragmentação... deixa de ser critério (tão) diferenciador entre iOS e Android.



O 4G que não chega a Portugal

Mesmo com a promessa do 4G/LTE "global", e a esperança de que ao suportar redes LTE europeias na Alemanha e Reino Unido, parece que o iPhone 5 não irá funcionar nas frequências 4G dos operadores Portugueses.

Aliás, para quem estiver a considerar comprar um iPhone 5 no estrangeiro, terá que ter em atenção que não existe apenas um iPhone 5, mas sim 3 modelos diferentes, para diferentes mercados:

• GSM model A1428*:
  UMTS/HSPA+/DC-HSDPA (850, 900, 1900, 2100 MHz);
  GSM/EDGE (850, 900, 1800, 1900 MHz);
  LTE (Bands 4 and 17)
• GSM model A1429*:
  UMTS/HSPA+/DC-HSDPA (850, 900, 1900, 2100 MHz);
  GSM/EDGE (850, 900, 1800, 1900 MHz);
  LTE (Bands 1, 3, 5)
• CDMA model A1429*:
  CDMA EV-DO Rev. A and Rev. B (800, 1900, 2100 MHz);
  UMTS/HSPA+/DC-HSDPA (850, 900, 1900, 2100 MHz);
  GSM/EDGE (850, 900, 1800, 1900 MHz); LTE (Bands 1, 3, 5, 13, 25)

Ao que parece, nenhum dos modelos GSM está apto a funcionar com as frequências LTE de 800Mhz e 2.6Ghz que a maioria dos operadores europeus utiliza (apenas de 850, 1800 e 2100).

Portanto, tal como acotneceu com o iPad 3, o 4G será uma das grandes novidades do novo iPhone 5... que para os portugueses se tornará numa funcionalidade pela qual pagarão, mas não poderão usufruir.


Funcionalidades não disponíveis em Portugal

Mas o 4G não será a única funcionalidade que deixará de fora os clientes portugueses. A Apple vai mesmo ao ponto de fornecer uma página que mostra em detalhe que tipo de serviços estão disponíveis para cada país.

Por exemplo, nos mapas temos direito aos: mapas standard, vista de satélite, direcções, trânsito e navegação turn-by-turn; ficando ausente os mapas em 3D (e também o streetview, claro).

Depois, na parte da Siri... é para esquecer tudo, assim como o simples reconhecimento e conversão de voz para texto. Uma funcionalidade que foi apresentada com pompa e circunstância como sendo uma das grandes mais valias do 4S, e que um ano depois, continua a não servir de muito aos portugueses. (Melhor sorte têm os espanhóis.)

A nível da App Store, temos as músicas, filmes, Apps e jogos, mas continuam de foras as séries de TV.


A ficha Lightning

Também a nova ficha não escapa a críticas, especialmente para quem pretender adquirir um adaptador para poder continuar a usar equipamentos e cabos antigos: pois o adaptador custa a módica quantia de 29€! (E ainda por cima, não suporta video/audio out - quem estiver habituado a usar essas funcionalidades para ligar o seu iPhone a um projector, por exemplo, terá que repensar a estratégia).

Para os apologistas do micro USB, poderão gostar de saber que também existe um adaptador Lightning-microUSB, que irá custar 19€.

Embora não desgostasse que a Apple tivesse optado por usar o microUSB e juntar-se ao "resto do mundo", sou no entanto obrigado a admitir que ainda não encontrei uma ficha microUSB que tenha a facilidade de encaixe que seria desejável. Mesmo após mais de um ano de uso, rara é a vez que consigo encixar a ficha microUSB no meu Sapo A5 (ou nos demais equiapmentos que a usem) sem ter que ir "espreitar" e ou recolocar a ficha na posição correcta.

Previsivelmente, esta ficha Lightning - que é reversível e pode ser encaixada "de um lado ou do outro" - será muito mais "cómoda" de utilizar a médio/longo prazo (para ser perfeita era só ser magnética ao estilo MagSafe ;). Embora como seja óbvio, esta fase inicial de mudança será acompanhada por algumas frustrações inevitáveis.

(Mas continuo a dizer que foi pena a Apple não dar o salto para o carregamento wireless, e fazer a indústria e socidade dar um salto em frente nesta área.)


Novo CPU A6

Um dos aspectos que definitivamente todos poderão tirar partido, é a velocidade. A Apple diz que o novo SoC A6 é duas vezes mais rápido que o anterior A5, tanto em CPU como em GPU.

E isso faz antever que a Apple tenha passado de um CPU baseado nos Cortex A9 para os mais recentes e velozes Cortex A15, os tais que muitos outros fabricantes estão a anunciar para modelos a lançar em breve, mas que se arriscam a chegar ao mercado apenas depois do novo iPhone.

Actualização: afinal tratam-se de núcleos ARM modificados pela própria Apple, mas não são os A15.

Assim se explicará de onde vem o desempenho duas vezes superior - e vai de encontro à opção que também foi tomada pela Motorola para os novos Droid, e também para os novos Windows Phone 8.

Quanto ao GPU, a potência extra será facilmente explicada pela adição de mais dois núcleos PowerVR, o A5 continha uma PowerVR SGX543MP2 dual-core, provavelmente o A6 passa para uma SGX543MP4 quad-core - idêntica à que se pode encontrar, por exemplo, na PlayStation Vita.


Como sempre... a diferença de velocidade será algo que muitos poderão considerar insignificante... até ao momento de terem que voltar a usar um modelo anterior, e descobrirem que subitamente, parece inaceitavelmente mais lento. ;)


Novo Design

Quanto ao novo design... isso será algo que dependerá do gosto de cada um; mas... diz quem já pode pegar num dos novos iPhones que é impossível não ficar maravilhado por este novo aparelho. A qualidade de construção fica acima de qualquer reparo, e qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção do que é um processo de fabrico, não poderá de ficar pasmado com as tolerâncias que permitem que a tampa traseira possa ser constituida por vários elementos sem que se nota qualquer tipo de "folga" entre eles!

A Apple dá uso a sistemas de visão para garantir que são escolhidas as peças que melhor "encaixam" umas nas outras, individualmente para cada iPhone.

Depois de se estar habituado a segurar um iPhone mais compacto, volumoso e pesado... passar para um equipamento maior, e que é simultaneamente mais sólido mas também mais leve... é daquelas coisas que ajudará a que muitos comecem a duvidar da decisão de que "não estão interessados" no novo iPhone.


Sucesso garantido, ou nem por isso?

O que é certo é que este novo iPhone deverá assegurar novo sucesso para a Apple, na sequência dos iPhones anteriores. No Reino Unido, cerca de 44% dos actuais possuidores de iPhones pensa comprá-lo, para além dos novos compradores.

Algo que me faz pensar que será interessante repescar o nosso inquérito de intenção de compra do novo iPhone 5, agora que sabemos exactamente com o que contar, e tendo por base os preços anunciados para outros países europeus, que fazem esperar que por cá o preço base se vá situar nos 679-699€ (isto, para preço desbloqueado, na Apple Store - faltará ver as ofertas dos modelos bloqueados aos operadores).

Preços não muito apelativos para um país que vive em plena crise e cujos habitantes estão a perder poder de compra a ritmo alucinante. Até que ponto é que o desejo ainda poderá ser compatível com o orçamento familiar, e até que ponto é que isso afectará as intenções de compra deste novo iPhone?

Vamos lá ver se o número de pessoas que está interessada em comprar aumentou, diminuiu, ou mantêm-se na mesma: