Análise ao bq Edison

Com a chegada do Nexus 7, o mercado dos tablet Android "low-cost" foi obrigado a readaptar-se à chegada de um prdoduto oficial a baixo custo. Se muitos duvidavam que essas empresas pudessem sobreviver, a bq demonstrou que não só isso é possível, como tem conseguido conquistar uma legião de fãs. Hoje vamos ver que tal o seu tablet Android bq Edison se comporta quando sujeito ao olhar clínico do nosso incansável Luis Costa.

Se há algum tempo atrás a opção de escolher um tablet recaia obrigatoriamente sobre um iPad, rapidamente começaram a surgir no mercado alternativas, que se foram tornando cada vez mais atractivas: a Amazon com o seu Kindle, as principais marcas com os seus tablets Android, e outros fabricantes menos conhecidos começaram a aproveitar o segmento dos tablets mais económicos. Com a chegada do Nexus 7, um tablet oficial da família Nexus do Google, a um preço altamente competitivo... até que ponto conseguem os tablets low-cost competir com os modelos das grandes marcas? No sentido de ajudar a esclarecer esta questão, solicitámos à BQ um tablet para análise, tendo-nos sido enviado o modelo Edison.




O BQ Edison

A BQ está neste mercado há algum tempo. Pascal, Tesla e Kepler são termos já conhecidos dos portugueses. O Edison segue as pisadas dos seus antecessores, apresentando especificações revistas e actualizadas.

LCD 10.1" 1280x800, CPU dual-core Cortex A9 a 1.6Ghz, GPU Mali 400, 1GB de RAM, 16GB Flash, acelerómetros, WiFi N, HDMI, USB OTG, cânara frontal VGA, Bluetooth, microSD, e em opção... conectividade 3G.

Olhando para a lista em cima, e considerando os 199€ a que é comercializado, não podemos pedir muito mais...

Dentro da caixa, alem do tablet, temos um cabo de dados USB, manual e carregador. Infelizmente não podemos recorrer ao cabo mini USB para carregar o tablet, já que este tablet usa uma ficha separada para o carregamento.

Na parte de cima, temos a saída de som, microfone,  botões de volume mais/menos e power. Nas laterais, slot para cartão micro, porta HDMI, mini USB (com capacidade OTG-On the Go) e ficha para ligar o carregador. O ecrã de dimensões generosas, promete ser do agrado de quem gosta de ver conteúdos multimédia em dispositivos móveis. A parte traseira parece borracha rígida (mas porosa) é confortável e permite que o tablet não escorregue com facilidade.

Quando comparado com o Nexus 7, salta naturalmente à vista a diferença entre as 7 e as 10".
Considerando que os tablets têm o mesmo preço, este é um dos pontos que pode desequilibrar a balança.

Os "extras" são também aspectos a ter em conta. A porta HDMI funcionou na perfeição. O slot micro SD não teve dificuldades em ler um cartão de 32GB. Comprei um cabo adaptador mini USB no Ebay a fim de testar a capacidade de ler uma PEN USB. Obtive sucesso com FAT32, mas não com dispositivos formatados em NTFS.


O Ecrã

Edison vs Nexus 7

Confesso que até à pouco tempo não ligava muito a este aspecto. Os Nexus e o Galaxy S3 levaram-me a olhar para a qualidade de imagem com outra atenção. O Edison apresenta francas melhorias face aos seus antecessores - nomeadamente da melhoria da visualização em ângulos mais alargados.

As imagens e vídeo têm boa definição (embora as cores sejam um pouco "deslavadas" quando comparadas com um painel IPS como o do Nexus 7) mas a qualidade do texto ainda deixa algo a desejar. É fácil detectar os pixels nas letras ou números (especialmente sobre um fundo escuro).

O controlo automático do brilho, estava inicialmente previsto, mas infelizmente, a especificação acabou por cair. A solução passa pelo controlo manual. Um widget no home screen torna-se assim em algo recomendável.


A Câmara

Se no caso de um smartphone utilizo frequentemente a câmara, o mesmo já não posso dizer num tablet.
Considero que não é prático, nem cómodo. Assim, pessoalmente, não me choca muito a baixa qualidade da câmara. Está limitada a 2MP e as cores são muito deslavadas. Na altura pensei que seria um problema do ecrã, mas ao carregar as fotos no PC verifiquei que não era o caso.


Em Funcionamento



Tinha particular curiosidade em saber como se comportaria o Rockchip RK3066, especialmente quando comparado com o Tegra 3 do Nexus 7.

O RK 3066 integra um processador Dual Core Cortex-A9. O processamento gráfico está a cargo do GPU Quad Core Mali 400 MP4 a 266 Mhz. Tem havido muita discussão em redor da frequência de funcionamento do GPU. Se estiverem interessados no tema, podem ler uma explicação no blog dedicado aos equipamento BQ.

Testei vários jogos e aplicações. O Edison portou-se exemplarmente. Optei por não filmar estes testes porque já existe um vídeo no Youtube que demonstra a capacidade deste CPU. Podem consultar o vídeo em questão neste LINK. O autor, Carlos Portilha, participante activo na mailing list do AadM, tem um Maxwell Plus que é equipado pelo mesmo conjunto CPU+GPU (apenas a resolução é relativamente mais baixa).

Os benchmarks valem o que valem, mas para os interessados aqui ficam os resultados de um frente a frente com o Nexus 7 (à direita).

AnTuTu e Quadrant

O Quandrant apresenta resultados semelhantes para os dois equipamentos. No caso do AnTuTu, temos um aumento de 100%! É uma diferença significativa, mas que na realidade acaba por não ter influência no comportamento do tablet.

Contrariamente ao que tenho por hábito, desta vez não activei o acesso root. Unica e simplesmente porque não necessitei do mesmo.
Estive a ler sobre o assunto, e concluí que o processo não poderia ser mais simples. Se necessitarem do root, já sabem onde ir buscar a informação.

Bateria

Quanto à autonomia, já sabemos: nunca chega, deveria ter sempre mais capacidade, é um facto incontornável.
No caso do Edison, se nos limitarmos a consultar páginas no browser ou a timeline do twitter, temos bateria para várias sessões. O problema são os jogos... As minhas duas auxiliares para execução dos testes começaram logo a reclamar! Duas horas, e não dá para muito mais.


Actualizações

A BQ está a trabalhar na actualização do Edison para Jelly Bean. Não há no entanto datas previstas para o lançamento deste tão esperado update.

Não há JB, mas a BQ tem-se mostrado empenhada em resolver os problemas que vão sendo identificados. Desde que recebi o tablet para testes, já efectuei várias actualizações, a última das quais esta semana.

Apreciação Final

O mercado dos tablets, ainda dominado pela Apple e o seu iPad, começou a dar sinais de mudança há pouco mais de um ano com a aposta da Amazon no Kindle Fire, a que se seguiu a Barnes & Noble com o seu Nook Tablet (talvez motivada pelos progressos obtidos pela comunidade no seu Nook Color).

Muito se especulou sobre o assunto, e argumento de que se tratava de um segmento diferente do iPad, parecia não preocupar a Apple, que não deu sinal de encarar estes avanços como real ameaça.

A Google, por certo descontente com os progressos obtidos no segmento dos tablets Android, decidiu utilizar a "estratégia Nexus" que tem obtido bons resultados nos smartphones, e lançou este verão o Nexus 7 - um tablet com hardware muito interessante, a preço que rivaliza com o dos tablets Android de baixo custo de marcas "desconhecidas". A resposta da Amazon não se fez esperar e no início de Setembro anunciou uma nova versão do seu Kindle Fire, assim como um novo modelo com com 8.9", o Kindle Fire HD - e a Barnes & Noble, seguindo o exemplo da Amazon, apresentou o Nook HD e HD+, este de 9".

Toda esta sucessão de acontecimentos forçou a Apple a abdicar de uma das suas (Steve Jobs) convicções: o lançamento do iPad mini acaba por não ser uma surpresa, mas talvez sim, uma tentativa de corrigir uma estratégia menos acertada.

A Microsoft com o seu Windows 8, acompanhado do Surface, acredita ainda vir a tempo para triunfar neste campeonato altamente competitivo. Os consumidores têm motivos para estarem satisfeitos. A oferta é variada, os preços começam a estar ao alcance de mais carteiras.


Este BQ Edison apresenta francas melhorias em relação aos modelos anteriores. O hardware mais capaz veio melhorar as prestações do tablet, tornando a experiência de utilização bastante agradável. O ecrã apresenta uma dimensão generosa, ideal para visualização de conteúdos multimédia. Os jogos também tiram partido das 10". Aumentando a área disponível para jogar, torna-se mais simples de controlar as acções e movimentos.

O ângulo de visão já apresenta valores muito interessantes. Falta melhorar a cor (deslavada) e definição do texto. O controlo automático do brilho do ecrã deve passar a fazer parte das especificações..

Como referi, a oferta é variada, cabe ao consumidor definir o que pretende, e escolher em conformidade. O Edison tem o mesmo preço do Nexus 7 de 16GB. Em termos de performance, são equivalentes. A diferença está no ecrã. Há que optar pela dimensão que melhor se adaptar às necessidades de cada um. Os extras que o Edison apresenta podem ser também um factor desequilibrador desta contenda.

BQ Edison

Quente

Prós

• Desempenho
• USB OTG
• HDMI e Slot micro SD

Contras

• Definição do texto
• Cores deslavadas (cinzento em vez de preto)
• Controlo do brilho (manual)