Fotógrafo Pulitzer despedido da AP por manipulação de foto

Hoje em dia já estamos mais que habituados a que nada daquilo que vemos seja realmente o que é, e a manipulação digital de imagens tornou-se em algo quase "assumido". Mas para um fotógrafo vencedor do Pulitzer, isso valeu-lhe o despedimento da Associated Press.

Em causa está uma fotografia dos confrontos na Síria, onde Narciso Contreras removeu digitalmente a câmara de um colega que aparecia no canto inferior da imagem. Foram também analisadas todas as outras fotos (quase 500) que Contreras enviou para a AP, mas esta terá sido a única em que ele manipulou uma foto.

A AP diz que é completamente inaceitável que sejam removidos elementos de uma foto, e não mostrou qualquer simpatia ou clemência neste caso - mesmo considerando que se trata de um fotógrafo consagrado, que entretanto já pediu desculpa e reconheceu que foi um erro apagar a câmara da foto.

Inicialmente, pensei que a AP estava a ser demasiado radical, e que neste caso a remoção de uma câmara na imagem não seria nada de grave. Mas... depois reflecti um pouco mais sobre o assunto: se se passar a permitir uma alteração destas... onde iremos parar? Será admissível remover uma pessoa que esteja a estragar o enquadramento; ou então um carro ou avião; e se podemos remover... porque não adicionar algo para que a imagem fique mais dramática e de acordo com a "visão" do fotógrafo? Pois... é um percurso que rapidamente se torna bastante perigoso, e por isso mesmo talvez a melhor solução seja precisamente não permitir qualquer tipo de manipulação da imagem (para além das coisas básicas como correcção de cor, ajustes de contraste, etc.)

Que vos parece... será melhor ser mesmo intransigente nesta questão, ou deveria permitir-se maior liberdade na manipulação de pequenos elementos de uma foto para fins noticiosos?

[via PP]