O que se descobre com os metadados dos telefonemas

Com as actuais preocupações sobre a espionagem e recolha de dados indiscriminada de milhões de pessoas, por vezes surge a desculpa de que se estão apenas a recolher "metadados" dos telefonemas e não as conversas telefónicas em si. Alguns poderão ficar descansados, pensando que a data/hora e o número para que ligaram não servirão de muito, mas como um estudo veio revelar... há muito que se pode saber à custa destes dados.

Alguns investigadores apontaram a mira aos registos de algumas centenas de voluntários que cederam os seus dados e aquilo que descobriram mostra até que ponto esta informação deverá ser considerada tão privada como aquilo que se diz durante a chamada.

Usando apenas estes dados, os investigadores descobriram que um dos voluntários tinha feito múltiplas chamadas para grupos de neurologias, farmácias especialidades, e uma linha dedicada ao tratamento de pessoas com esclerose múltipla - revelando que muito provavelmente sofreria desta doença. Outro participante foi "apanhado" a fazer múltiplas chamadas para uma loja de armas especializada em armas semiautomáticas, e para a linha de apoio de um fabricante desse tipo de armas - revelando a intenção de comprar uma destas armas, ou de reparar uma que já tivesse.

Noutro caso, uma participante fez uma demorada chamada para a sua irmão durante a manhã, e alguns dias mais tarde ligou para um centro de planeamento familiar, a que se seguiram várias outras chamadas - revelando uma gravidez indesejada e possivelmente uma interrupção da gravidez.

Um conjunto de informação que a maioria das pessoas certamente achará que deverão permanecer privadas... e que nos fazem repensar até que ponto "não há problema" em se revelarem apenas os tais dados genéricos sobre os telefonemas que fazemos.