2014/04/24
Análise aos teclados mecânicos Asus Echelon, Ozone Strike Pro, SteelSeries 6G v2 e Code
Teclados... numa época onde o "touch" se tem tornado na forma mais habitual de interagir com os computadores, os teclados parecem ter-se tornado em relíquias a que poucos dão valor. Sim, é certo que todos admitem que para escrever qualquer quantidade apreciável de texto continuam a ser indispensáveis; mas isso limita-se a ser sinónimo de que "qualquer teclado serve". Algo que é também reflectido quando se compra um PC às peças: escolhem-se cuidadosamente todos os componentes, motherboard, CPU, GPU... mas depois o teclado é relegado para algo na lista como sendo "+10€ para o teclado". Mas não tem que ser assim... há teclados e teclados, como hoje vos vou demonstrar.
Os teclados mecânicos
Para quem acompanhou a evolução das máquinas de escrever tradicionais mecânicas para as máquinas de escrever eléctricas, e posteriormente para os computadores, os teclados têm um fascínio especial (ou pelo menos, para mim tiveram) e talvez por isso sempre tenha dado uma atenção especial aos teclados.
Certamente já se terão interrogado como é possível hoje em dia compramos um teclado por menos de €10? E a verdade é que a maioria dos teclados é feita com uma política da máxima redução de custos. Isso normalmente significa a utilização de uma placa de base, onde assenta uma membrana, e as teclas propriamente ditas que são actuadas pelas "bolhas" existentes nessa membrana.
Em contraste, nos teclados ditos "mecânicos", por cada de cada tecla esconde-se um pequeno botão independente, e cujas características podem ser bastante diversificadas:
Um dos fabricantes de teclas mais conhecido e reputado é a Cherry, cuja linha MX é considerada por muitos como sendo os "Ferraris" das teclas, e existindo em variantes para todos os gostos: MX Blue, MX Red, MX Brown, MX Green, MX Black, etc.
Estas diferentes cores não são opções estéticas, uma vez que estes pequenos botões passaram a sua vida escondidos do olhar do utilizador, por baixo das teclas, mas referem-se às suas características. Temos teclas que exigem mais força ao pressionar, outras menos, outras com a sensação de "clique", outras com um percurso completamente linear, outras que fazem barulho, outras que são silenciosas, etc. etc. E isso ainda se pode afinar ainda mais usando-se pequenas argolas de borracha que permite mudar o toque e som do teclado.
Enfim... todo um mundo a explorar... por quem se aventurar a espreitar o que se passa "por trás" do teclado.
Os teclados em teste
Graças ao nosso fundo de gadgets e clube AadM+, tivemos a hipótese de testar quatro teclados mecânicos: o Asus Echelon, Ozone Strike Pro, SteelSeries 6G v2 e o Code. Destes, todos excepto o Code são teclados com layout em Português; e todos têm retro-iluminação nas teclas excepto o SteelSeries.
Desde já fica a ressalva que, se procuram teclados de "€10" então é melhor passarem à frente. Todos eles são teclados que rondam os €100, sendo que no caso Code fica ainda mais caro, devido ao transporte e taxas alfandegárias.
Todos estes teclados impõem respeito, a começar pelo peso. Se habitualmente lidamos com teclados "peso-leve", estes teclados quase obrigam a aulas de musculação para serem transportados - especialmente no caso do CODE. Mas isso significa também que assim que os pousam na mesa... não andaram a passear ao mínimo toque que lhes derem.
O Code Keyboard
Começo pelo Code Keyboard por ser o único teclado que não tem pretensões "gaming" como acontece com os outros, e que é o mais discreto deles.
Este teclado tem uma origem curiosa, pois foi feito "por medida" de modo a dar resposta às necessidades de um programador, e conta por isso com um conjunto de particularidades interessantes, como o facto de não ter um cabo "preso" (recorre a uma ficha standard micro USB, o que facilita nas situações em que quiserem utilizar o mesmo teclado em vários locais), e uns micro switches que permitem configurar múltiplos aspectos como desactivar a tecla Windows, o tipo de funcionamento do caps LOCK, etc. Vem também equipado com uma ferramenta para facilitar a remoção das teclas, que poderão trocar por outras (de outra cor, ou tipo de caracteres), embora isso quase sempre implique usar teclas sem os símbolos transparentes, perdendo-se o efeito da retro-iluminação, aqui com LEDs brancos.
Este teclado usa teclas Cherry MX Green, que fazem o barulho de "clique", mas conta com as tais argolas de borracha para amortecer o bater das teclas e amenizá-lo para níveis mais suaves.
SteelSeries 6G v2
O SteelSeries 6G v2 é um teclado para gamers... mas que parece querer esconder as suas pretensões, já que adopta um estilo bastante sóbrio e nem sequer tem as teclas iluminadas. Este teclado recorre a teclas MX Black, de actuação linear sem clique e como principal argumentos exibe a sua durabilidade e a tecnologia anti-ghosting total que permite carregar em todas as teclas simultaneamente.
Será o teclado ideal para quem gosta de jogar... mas sem recorrer a um teclado que "grite" isso. Poderão ter este teclado num escritório sem que ninguém olhe de lado para ele como sendo algo diferente.
Ozone Strike Pro
Se o SteelSeries era um teclado discreto, este Ozone Strike Pro não tem qualquer intenção de passar despercebido.
Este teclado está disponível com teclas MX à vossa escolha (neste caso veio equipado com MX Red, que são do agrado da maioria dos gamers), e dos teclados testados é sem dúvida o mais "folclórico", contanto com as teclas de cursor e do bloco "QWE/ASD" iluminadas em vermelho, contrastando com a iluminação branca das demais teclas.
Podem ir circulando entre diferentes níveis de luminosidades, incluindo um modo que apenas deixa iluminadas as teclas vermelhas (ideal para quem gosta de jogar no escuro e apenas quer ter noção de onde se encontram as teclas essenciais para o posicionamento das mãos), e outro que coloca toda a iluminação num modo pulsante que vai subindo e descendo a intensidade lentamente (não faço ideia de quem quererá utilizar esse modo!)
A nível das características que oferece, este é sem dúvida o teclado mais completo, oferecendo a possibilidade de se ajustar a frequência de leitura do teclado (125, 250, 500, e 1000Hz), assim como velocidade de transmissão de (1 a 16ms), G-Mode de jogo que desactiva as teclas do Windows, e contando com 64Kb de memória interna para guardar até 30 macros em 5 perfis de jogos diferentes - com 6 teclas de acesso directo. Também conta com um hub USB e fichas áudio (headphone, micro).
Estas teclas de macro (e outras), mostram também um dos problemas que me saltaram à vista neste teclado: a iluminação das teclas está na parte superior, mas muitas das legendas das teclas está na metade inferior da tecla, ficando sem qualquer iluminação. Se no caso das funções adicionais isso poderia ser desculpável, parece-me ser um erro grosseiro quando acontece também na fila de teclas com números, onde a iluminação se centra nos símbolos e não nos números (bastaria ter posicionado os números no topo, como no resto das teclas).
Mas quem procura um teclado destes já sabe onde as teclas são... pelo que caberá a cada um penalizar (ou não) este aspecto).
Asus Echelon
E por fim temos o Asus Echelon. Um teclado que também conta com hub USB (2 portas) e fichas para headphone e micro.
O Asus Echelon vem com apoio para os pulsos (se o quiserem utilizar), e também traz quatro teclas de substituição que poderão aplicar onde quiserem. Oferece funcionalidade anti-ghosting de teclas ilimitadas se for usado via ficha PS/2, ou de 6 teclas via USB (ao que parece é uma limitação do USB, embora alguns fabricantes ultrapassem esse limite simulando a presença de vários teclados virtuais num só teclado).
Falando de USB, este é o único teclado que requer a utilização de duas fichas USB no vosso computador: uma para o teclado propriamente dito, e outra para o hub USB e também para a iluminação das teclas. Foi algo que me causou breves momentos de interrogação... quando inicialmente não conseguia fazer com que as teclas acendessem. (Uma vez que nos outros isso não é necessário, não sei porque motivo a Asus não usou a ligação USB principal para alimentar os LEDs das teclas).
Ao contrário do que acontece com o Ozone Strike Pro, aqui as teclas numéricas estão com os dígitos no local certo para se manterem iluminadas - embora os símbolos secundários sofram do mesmo problema de iluminação deficiente.
Há alguns opções estéticas que critico, como o facto da parte onde se situam os leds de notificação do Caps Lock e Num Lock estar cravejado de pequenas depressões, que inevitavelmente se irão tornar em locais propícios para a acumulação de pó e sujidade, mas tirando isso... foi um teclado que muito me agradou, e que mesmo tendo o seu toque "gamer", não se torna tão vistoso como o Ozone (para além de ter iluminação azul, aqui ajustável em 4 níveis e sem "pisca-piscas" que não fazem falta.)
Apreciação final
Gostei bastante da experiência de, pela primeira vez desde há muito tempo, voltar a mexer em teclados mecânicos. É certo que o preço destes teclados (cerca de €100, ou mais) acaba por torná-los um "luxo" face a teclados que custam um décimo do preço e que "funcionam"... mas para quem der um pouco mais de valor à forma como passa os seus dias, e aprecie o conforto adicional na escrita (e nos jogos)... este acaba por ser um daqueles investimentos que simplesmente faz sentido. Afinal... tal como um bom monitor, é daquelas coisas que poderão manter por décadas, mesmo que troquem de computador várias vezes.
A grande questão será descobrirem que tipo de teclas apreciam mais, uma vez que as múltiplas variedades de força e "feeling" disponibilizadas pelos diversos tipos de teclas Cherry MX (ou outras) fazem com que isso seja algo que ninguém poderá decidir por vocês. Isto para além de existirem situações onde o ideal seria ter diferentes teclados para diferentes funções: há quem goste de escrever com a sensação de "clique" que dá a garantia que a tecla já foi registada; mas prefira jogar usando teclas sem clique. Mas por outro lado há jogos estilo arcade onde o clique, talvez com um pouco mais de força de actuação do que o que é adequado para a escrita continuada seria mais atractivo. Enfim... muitas coisas a considerar em função das preferências de cada um e do tipo de utilização que pretenderá dar a estes teclados.
Pessoalmente, fiquei fã dos MX Black e Red, dos teclados Asus e Ozone, sem clique, e onde a única diferença é que os Red são um pouco mais "leves". Ainda assim, como não fiquei grande fã do design do Ozone devido à falta de uniformidade de iluminação nas teclas (embora tivesse gostado as suas potencialidades, a nível de macros e configurações avançadas), se tivesse que optar por um muito provavelmente optaria pelo Asus Echelon... por oferecer uma combinação mais equilibrada entre todos os aspectos. Mas todos eles são teclados de luxo... e não imagino que alguém que opte por qualquer um deles sinta que fez um mau negócio. :)
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E teclados wireless para quem quer trabalhar ? Não têm uns conselhos ?
ResponderEliminarPessoalmente, para trabalhar, eu prefiro teclados com fios (assim não tenho de me preocupar com pilhas e distância/sinal), e mecânicos, desde que não sejam Cherry MX blue.
EliminarEu tenho um Cherry g80-3000 (teclado mecânico com Cherry MX blacks) há uns anos e confesso que é óptimo para escrita, com durabilidade fantástica e fácil de limpar.
É bom ver que mais uma marca (a ASUS) está a fabricar teclados mecânicos com layout em português. Algo que é difícil de arranjar.
Pois mas ando mesmo a procura de um sem fios. No rato já tenho a 4 anos um "Logitech Rato Wireless Laser M505" e só a pouco tempo tive de substituir as pilhas originais.
EliminarMuitas vezes preciso de tirar o keyboard da secretaria porque o espaço é pouco e os fios só atrapalham.
Queria algo confortável (gosto mais de escrever no meu teclado do portatil do que na minha torre), mas não encontro assim muitas opções.
Este comentário foi removido pelo autor.
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