Hungria quer taxar tráfego da Internet

Enquanto vamos debatendo e combatendo a lei da cópia privada que por cá quer taxar todos os gigabytes de armazenamento digital, na Hungria já se passou para o panorama que por cá também se teme vir a acontecer: uma taxa sobre o tráfego da internet.

O Governo Húngaro quer aplicar uma taxa de cerca de 50 cêntimos por cada gigabyte de dados transferido, e que já está a originar enorme contestação no país.

Como sempre, as "intenções" tentam sempre minimizar o efeito de tal taxa, já que a mesma se destina a ser aplicada aos ISPs, com a ilusão de que os mesmos não transfeririam esse custo para os clientes; e depois de serem confrontados com os valores bilionários que tal taxa representaria, vão amenizando com a promessa de que será possível definir tectos máximos para estas taxas.

Para quem pensar que 50 cêntimos por gigabyte até é um valor aceitável, importará talvez relembrar que isso significaria que comprar um jogo online com 20GB (situação cada vez mais comum) teria uma taxa de 10 euros (em cima do custo do jogo); e que quem optar por dar uso a serviços de streaming em detrimento da "televisão" para ver séries e filmes à noite, e que gaste uma média de 2GB por dia, teria que pagar cerca de 30 euros mensais adicionais - isto, para além do custo do serviço de internet, e dos serviços que subscrevesse (tipo Netflix).

Bem sei o quanto será apetecível para um governo ir buscar dinheiro a uma "fonte inesgotável" como a internet, e onde o tráfego promete aumentar cada vez mais ao longo das próximas décadas, à medida que mais serviços lá vão chegando (é mais que certo que serviços de vídeo Ultra HD cheguem mais rapidamente por via da internet que por qualquer outro canal "tradicional") - e com isso serão cada vez mais os utilizadores a gastar centenas e centenas de gigabytes por mês (e sem que isso seja acompanhado do habitual: "quem gasta muita internet é porque é pirata!") - mas não me parece que esta taxa (tal como a que por cá querem aplicar aos suportes digitais) seja a melhor forma de o fazer.

... Fica o aviso; pois não me surpreenderia que daqui por alguns meses, também por cá se quisesse seguir o exemplo da Hungria, na nossa infindável ânsia de seguir as "médias europeias" em tudo o que não interessa... ficando sempre no esquecimento todas as outras médias europeias nas quais estamos na cauda da Europa.


Actualização: esta medida deu origem a manifestações que já fizeram o governo mudar de ideias.