2015/03/24

Pagar as contas com um NIB de outra pessoa


Diz o bom senso que não importaria cederem o vosso NIB a outra pessoa, pois a única coisa que poderiam fazer seria depositarem lá dinheiro. Mas afinal, por incrível que possa parecer, também é possível usar um NIB alheio para pagar as nossas contas... sem qualquer tipo de validação adicional.

Ainda hoje vimos um flagrante caso de falta de segurança num serviço de "milhões", onde qualquer pessoa podia facilmente falsificar carregamentos; agora parece que temos algo semelhante que nos pode afectar directamente onde mais dói: na nossa própria carteira.

Devido às alterações resultantes da harmonização bancária na União Europeia, as autorizações de débito directo são agora da responsabilidade directa entre o cliente e fornecedor, sem interferência da entidade bancária. Quer isto dizer que no caso de serviços que não façam qualquer validação adicional, será activada automaticamente um débito sobre um qualquer NIB que um cliente introduza - mesmo que não seja o seu. Uma situação que já parece estar a acontecer, no caso de enganos, como relatado pela responsável de uma associação desportiva que descobriu débitos mensais do serviço MEO... que afinal pertenciam a um senhor que tinha introduzido o NIB da associação para os seus pagamentos (inadvertidamente, espera-se.)

Ainda por cima, parece não haver grande coisa a fazer para prevenir estas situações, a não ser a exigência de que as empresas façam validações acrescidas antes de activarem o pagamento por débito directo (no mínimo verificar se o nome do titular da conta bate certo com o do cliente - e pedir informação adicional de caso não acontecer); pelo que só nos resta ficar de olho atento nos movimentos feitos nas nossas contas, e em particular na secção de autorizações de débitos directos.

Também seria simpático os bancos enviarem uma notificação - por email não lhes custaria nada -  sempre que fosse autorizado um novo serviço de débito directo, que sempre serviria como alerta.


Mas em qualquer caso... imaginem só que alguns milhares de portugueses, "por engano" (claro), começam a colocar o NIB de algumas fundações, ou bancos, ou entidades com dezenas de milhares de movimentos por mês, para pagarem as suas contas da TV, internet, e telefones.



P.S. - Antes que decidam começar a usar NIBs alheios para pagar as vossas contas, convém dizer que essa "boa ideia" poderá provavelmente acabar em chatices com a justiça, mas... gostava de ver como é que a Justiça poderá provar que alguém não o fez por engano, uma vez que não há qualquer confirmação adicional.

20 comentários:

  1. Mesmo que não tenham feito propositadamente, tem sempre que se ressarcir o prejudicado.

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    1. o cliente pode sempre pedir a devolução do debito.

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  2. Um bom motivo para se verificar periodicamente as autorizações de DD as quais, na maioria das vezes, não têm data de fim....

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  3. Têm noção que isto pode acontecer desde que temos Débitos Directos? O SEPA só agravou o processo porque não há ficheiros de resposta e é um sistema normalizado com a UE, mais atrasado do que o sistema que já vigorava em Portugal.

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  4. Uma noticia para provocar inquietação social...!

    Pagamento por DD é bastante seguro e prático, caso não concordem ou tenha sido usado essa forma de pagamento de forma abusiva ou criminal, basta com um simples telefonema para o banco a cancelar o pagamento e respectivo débito directo o dinheiro é devolvido de imediato e de seguida se assim o entenderem efectuar denuncia nas autoridades competentes!

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    1. O problema é e se não repararmos? Se fores uma empresa? Etc. O telefonema pode ser uma trabalheira.

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    2. Problema de quem não repara, eu reparo se me acontecer!

      O meu comentário é no sentido de isto ser uma não noticia com o intuito de provocar alarme social.

      Ou seja é mais seguro pagar via DD, do que referencia multibanco ou TB, mas isso não é dito no artigo...!

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    3. Boa desculpa essa: "eu reparo, por isso o problema é dos outros". :)

      A notícia não é para provocar alarme, apenas para alertar para uma possibilidade real, de que qualquer pessoa poderá ter débitos que não autorizou a cairem-lhe na conta. (Algo que a maioria das pessoas poderá pensar não ser possível...)

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    4. Não é desculpa nenhuma, ou queres-me dar acesso à tua conta para eu andar a ver!? (não querendo ser indelicado, acho que dá para ver onde quero chegar)

      Qualquer facto ocorrido na vida de cada um nós é de responsabilidade individual, seja facto criminal, contra-ordenacional, administrativo, etc, para isso temos que fazer valer dos nosso direitos todos os dias, seja no serviço que nos prestam, seja pela agressão de que "fui" vitima, seja pelos meus direitos laborais, etc e para isso só eu o posso fazer como individuo, lesado, vitima, consumidor, etc...!

      Estes caso não é excepção e para isso basta um telefonema do titular da conta à instituição bancária em causa.

      Ou seja se existe quem não saiba que é possível efectuar esse malabarismo (que vale o que vale), também existe quem não saiba que pagamentos por DD tem-se direito à resolução sem qualquer tipo de justificação e com prazos bastante alargados, ao contrario da referencia multibanco, TB, ou seja seria de bom tom referir isso na noticia! (e isto dedico aos canais noticiosos e não em especial a este blog que tanto prezo)

      E com isto apenas quero referir que sim é uma parvalheira não existir qualquer confirmação do NIB usado, mas não posso deixar de referir que de facto "vende" mais um titulo a dizer que o DD é o "diabo", do que fazer menção ao direito à resolução que se diga de passagem é do melhor que existe no que concerne a pagamentos...!

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    5. Com a tecnologia que temos actualmente, continuo a não perceber porque quiseram simplificar tanto a coisa sem haver qualquer validação - quer pelos óbvios motivos fraudulentos, quer em caso de engano.

      Só espero que a "polémica" faça com que os bancos se sintam pressionados a informar os clientes no caso de novas autorizações de DD (havendo uns que já o fazem, e bem. :)

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    6. Também concordo e espero que venha acontecer..! ;-)

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    7. Da CGD continuo a receber...

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  5. E mais... com sistemas há tanto tempo a funcionar (seja o DD ou SEPA), nestes moldes, porquê só agora, surgem estas notícias? Não entendo.

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    1. Antes, tinhas que dar autorização expressa no banco para aceitares débitos directos de determinada entidade, não faziam o pagamento "só porque alguém se tinha enganado no NIB".

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  6. O Débito Directo não é como uma transferência bancária, pode ser anulado até 2 meses se bem me lembro.

    E é uma forma de agilizar os métodos de pagamento, na UE não houve a adesão aos cartões de crédito como nos USA. Receber/fazer pagamentos nos USA é 5x mais fácil e instantâneo do que cá em que a maioria das pessoas ainda tem de se deslocar ao Multibanco ou fazer uma transferência.

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    1. É possivel pedir a devolução de um débito directo SEPA até 8 semanas. Quem ficar sem o dinheiro pode reclamar junto do seu banco e o dinheiro será devolvido.

      Antes de uma sequência de débitos ser iniciada, mandam as regras SEPA, que o credor (quem irá cobrar) deverá fazer com que o devedor (quem fica sem o dinheiro) assine uma autorização de débito. Esta autorização é um papel (físico) que fica na posse do credor para contestar eventuais futuros pedidos de devolução.

      Apesar de nos ficheiros com as instruções de débito que são enviados para o banco constar o nome do devedor e o respectivo IBAN, eu não tenho a certeza se é feita alguma validação pelo bancos que aquele nome corresponde a esse IBAN.

      Além disso, pelo que sei, é possível posteriormente alterar o IBAN do devedor depois da sequência de débitos ter início bastando para tal o credor enviar para o banco uma instrução de rectificação.

      Portanto, de facto é possível alguém ficar a pagar contas de terceiros indevidamente. Convém estar atento às movimentações da conta e ficar alerta relativamente às comunicações do banco (o meu banco envia um email uns dias antes de um débito directo ser efectuado).

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    2. Só para acrescentar que, caso se comprove que a entidade cobradora não possui qualquer instrução escrita do devedor a autorizar que debitem a sua conta, o prazo para mandar devolver os pagamentos passa de 8 semanas para 13 meses.

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  7. Alguém me pode dar o NIB do Ricardo Salgado sff ?

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  8. o ActivoBank envia um email acho que uma semana antes de qualquer debito a avisar. e tem uma opção dentro do site que permite rejeitar todos os pedidos de debito.

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  9. Ao dar o meu NIB podem me retirar dinheiro da minha conta?

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