A Apple tinha prometido um grande evento, e cumpriu... pelo menos em quantidade. Apple Watch, iPad Pro, Apple TV, iPhones 6S, houve mesmo espaço para tudo no evento de ontem mas, como é normal, as reacções dividem-se entre os que gostaram, os que não gostaram, os que ficaram surpreendidos, e os que ficaram desapontados.
Indiferente às preocupações de que um evento com "tudo" se tornaria demasiado chato e prolongado, a Apple optou mesmo por nos dar a conhecer todas as suas novidades de uma vez. Tivemos referência ao Apple Watch, que passa a estar disponível em mais cores e maior variedade de braceletes; o novo iPad Pro com Apple Pencil; uma nova Apple TV com Siri Remote a App Store; e os novos iPhone 6S com 3D Touch e video 4K.
iPad Pro
Com o iPad Pro, a Apple dá o salto para um tablet de 12.9" que acaba por ser o equivalente a dois iPads normais lado a lado. Com isso chega um ecrã com resolução melhorada, e um novo CPU A9X com o qual a Apple tem pretensões de o tornar numa máquina capaz de fazer todo o tipo de processamento exigente, que até aqui poderia obrigar a utilizar um portátil. (A Apple não referiu a quantidade de memória que este iPad Pro terá, mas há quem avance que poderá ter 4GB.)
Quer o consiga fazer ou não, parece-me sinal claro de que a tendência será esta, e será apenas uma questão de tempo até que isso aconteça e se deixe de olhar para os tablets "mobile" como sendo os parentes pobres da computação.
A chegada do Apple Pencil e da capa com teclado tem feito disparar as críticas de cópias e mais uma vez se contrariar aquilo que Steve Jobs tinha dito quanto aos stylus. Mas, o que interessa no final do dia é se aquilo que se tem disponível é de utilidade para quem for utilizar os produtos, e parece-me que ninguém ficará despontado por este iPad Pro. Só peca talvez por começar nos $799, a que se têm que somar $99 para o Apple Pencil e mais $169 para a capa teclado, o que eleva o preço do conjunto para valores já bastante elevados.
Apple TV
A Apple TV era um produto que há muito estava a precisar de ser actualizado, e foi isso que a Apple fez. A nova Apple TV vem com a Siri e - ainda mais importante - tem acesso a uma App Store de apps que lhe dá um enorme potencial de crescimento, acabando por cumprir o papel de "Smart TV" que muitos esperavam ter. No entanto... há algumas lacunas.
Uma das grandes apostas da Apple TV é a Siri, com a qual se pode ter uma experiência de utilização muito interessante e só por voz; mas isso é algo que fica disponível apenas 8 dos 80 países onde se poderá comprar a Apple TV. Ou seja, ter Siri no iOS não garante que se tenha a Siri na Apple TV, e com isso desaparece uma das grandes vantagens da Apple TV.
Ao recorrer ao seu chip A8, a Apple também mostra que não parece estar interessada em fazer com que a Apple TV seja a consola de jogos que alguns imaginavam que poderia ser (para isso recorreria ao novo A9X usado no iPad Pro), e a ausência de vídeo 4K também se faz notar - especialmente depois de se saber que os novos iPhones gravarão vídeo nessa resolução.
Parece-me que a Apple TV fica posicionada como protótipo para o que a Apple TV deveria ser... e que chegará na sua próxima actualização.
iPhone 6S / 6S Plus
O iPhone continua a ser o produto principal da Apple, e havia muita curiosidade para saber o que o novo 6S e 6S Plus iriam trazer para continuar a cativar o interesse do mercado. E a aposta foi o 3D Touch e a câmara melhorada.
O novo iPhone 6S volta a melhorar o desempenho com um novo CPU A9 (fiquei um bocado apreensivo por, ao contrário do que foi referido no A9X do iPad Pro, no A9 não referirem melhoria ao nível da velocidade da memória flash, que me parece que seria um dos pontos mais importantes), mas a novidade principal será o 3D Touch. E nesse aspecto, parece-me que a Apple conseguiu desenrascar-se bem. Tal como fez com o multitouch, e mais recentemente com o Touch ID, o Touch 3D virá dar a tal "nova dimensão" aos interfaces touch, e parece-me estar muito bem implementado. Será daquelas coisas que, daqui por 3 ou 4 anos se tornará comum em todos os produtos, e que mesmo aqueles que hoje criticam que isto não é nada de novo já considerarão tão normal e prático que se esquecerão das suas palavras.
Na câmara, dá-se o salto para um sensor de 12MP que promete ser dos melhores da actualidade, mas quem esperava que o iPhone 6S ganhasse estabilização óptica como no 6S Plus, terá que continuar a aguardar. Pelo lado positivo, a estabilização óptica no 6S Plus agora trabalha também para vídeo que, como já referimos, agora pode ser feito em resolução 4K.
Mas... temos também todas as coisas que a Apple não fez, ou fez em sentido inverso. Por exemplo, a bateria do iPhone 6S foi reduzida para os 1715mAh (face aos 1810 do iPhone 6), que é uma grande machadada para todos os que esperavam um iPhone com autonomia melhorada. E no 6S Plus temos um aumento de peso que já o começa a aproximar da barreira das 200g (e também com redução da capacidade da bateria, que os rumores dizem passar de 2910 para 2750mAh). E também se poderá criticar o absurdo que é actualmente continuar a lançar um iPhone com apenas 16GB de capacidade - modelo que praticamente só serve para incentivar o salto para a compra do modelo com 64GB. E claro... temos a pequena questão do preço.
Em características puras, o iPhone 6S continuará a manter-se bem longe do que os outros topos de gama do momento têm para oferecer... mas já sabemos que estamos a falar de plataformas diferentes, e que para quem procura um smartphone com iOS não adianta haver coisas melhores e mais baratas... com Android.
iPhone Upgrade Plan
Talvez a coisa mais interessante do evento tenha sido o iPhone Upgrade Plan. Nos EUA a forma mais comum de comprar iPhones é através de planos subsidiados pelos operadores, mas também por lá os operadores estão a começar a mudar para modalidades mais ao estilo das que temos cá na Europa. Para evitar chocar os americanos com os preços dos iPhones não subsidiados, a Apple opta por fazer o papel do operador, e permitir a compra dos iPhone em "suaves prestações".
Começando nos $32/mês, o cliente poderá comprar um iPhone 6S, desbloqueado, para usar no operador que quiser, e com a garantia AppleCare+. E ao final de 24 meses, o iPhone será seu (o que colocaria o preço de um iPhone 6S de 16GB nos $768, com AppleCare+ por dois anos).
Mas a parte mais interessante é que este programa permite que a cada ano o cliente faça a troca para um novo iPhone - o que se torna bastante mais atractivo para os clientes que queiram ter um iPhone sempre actualizado, e sem se preocuparem com as questões de vender os seus iPhones usados. Basicamente, é uma nova forma de "fidelizar" os clientes e mantê-los agarrados ao ecossistema Apple... e ao mesmo tempo ganhar independência das operadoras Só falta saber se isto chegará até nós, e a que preços (e depois, é fazer as contas.)
Um bom resumo do que aconteceu no evento. Mais uma vez parabéns pelo poder de síntese, Carlos. Devemos realtivizar a questão do Apple Pencil, pois Jobs criticou em 2007 o uso de um stylus em um dispositovo de 3,5 polegadas, querer extrapolar em 2015 isso para um dispositivo de 12,9 polegadas é no mínimo ridículo. Até porque o criador da Apple não está mais aqui para "defender-se". Relativamente ao uso do chip A8 na Apple TV, há uma justificativa para além da razão econômica: Em um dispositivo que ficará constantemente ligado à corrente não haverá a necessidade de gestão de bateria que ocorre nos iPhones, logo todo o poder de processamento do chip poderá ser utilizado sem restrições. Por fim, também fiquei ansioso pelo iPhone Upgrade Plan. Para profissionais liberais é a melhor forma de ter um aparelho actualizado e pagar apenas pela utilização. Até em termos fiscais é interessante, pois não se adquire o equipamento (que tem um período de amortização no IRS) e sim paga-se a renda de um serviço, como as faturas de água, energia, etc.
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