A Google diz que os smartphones modulares Ara chegarão em 2017; mas o projecto poderá ficar aquém das expectativas dos interessados, pois a tal modularidade passou a aplicar-se apenas a alguns acessórios e não a componentes principais do sistema.
O projecto Ara desde o início que parecia demasiado futurista para se tornar realidade, com a promessa de um smartphone que seria apenas um chassis onde poderíamos encaixar os módulos à medida das necessidades de cada utilizador - e com isso a concretização de um smartphone eternamente actualizável. Só que as dificuldades em tornar esse sonho realidade depressa começaram a fazer-se sentir, com atrasos sucessivos que só agora parece terem um fim à vista, com a nova promessa de que estes smartphones serão lançados em 2017. Mas, mesmo assumindo que desta vez a data será cumprida, estes smartphones modulares serão muito menos modulares do que se esperaria.
"OK Google, eject the camera." Now that's what I want in a modular phone. Assuming it only recognizes me, that is! pic.twitter.com/y7gzXpkL8l— Sean Hollister (@StarFire2258) May 20, 2016
A equipa conseguiu resolver inúmeros problemas, a começar pelo sistema de encaixes - que é um dos pontos críticos num equipamento como este - e que durante o Google IO foi alvo de uma demonstração bem curiosa, com a smartphone a soltar sozinho o módulo da câmara depois de lhe ter sido pedido isso via um "Ok Google, ejecta a câmara". Mas de fora fica o sonho do smartphone eternamente actualizável, pois deixa de ser possível trocar componentes fundamentais do sistema, como ecrã, CPU, RAM, etc.
É certo que isto ainda deixa muitas possibilidades de módulos em aberto - desde múltiplas baterias a diferentes câmaras e um conjunto inimaginável de sensores - mas limita aquele que seria um dos grandes pontos de interesse: a de se poder actualizar o CPU/ecrã a cada dois ou três anos, e assim ficar com um smartphone "novo". A equipa diz que, nas sondagens que fez, os utilizadores não estavam interessados em trocar as funções base do sistema; mas a mim parece-me que se tratará simplesmente de uma forma de simplificar o projecto e escapar à complexidade acrescida que que a troca desses componentes traria.
Se qualquer forma, isso nem nada retira o mérito do projecto, considerando-se que estamos a falar da primeira geração de um produto inovador. Isto, assumindo que desta vez a promessa de lançamento será mesmo para cumprir (mas não posso deixar de recear que, quando tal acontecer, o preço dos smartphones e módulos Ara apenas servirá para realçar que é muito mais económico optar por modelos não modulares... mesmo que sejam trocados completamente de ano a ano.)
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