2007/11/30

A Morte dos Discos Rígidos

Os discos rígidos, dispositivos de armazenamento principal nos computadores actuais, estão a morrer.

Não se preocupem, os vossos dados estão a salvo (espera-se que sim - têm os vossos backups em dia?) refiro-me apenas aos discos que temos nos nossos portáteis e computadores de mesa.

Actualmente assiste-se cada vez mais à migração dos discos rígidos para o armazenamento Solid-State, em discos "flash", os chamados SSD. Mas de que forma é que isso afectará os computadores a médio e longo prazo?

As previsões são sempre subjectivas, e esta é apenas a minha visão sobre o assunto:
num futuro não muito distante, os computadores deixarão de ter "discos".

Se tivermos um computador com 32GB de RAM, com outros tantos 32GB de disco SSD, que mais será necessário?
(Já para não falar em sistemas de RAM não volátil, tipo a ferro-eléctrica, que permitiriam ter sempre o estado "actual" do computador guardado, quer estivesse ligado ou desligado.)

Os mais paranóicos poderiam continuar a ter umas torres com discos rígidos, com centenas de Terabytes de dados num caixote NAS (Network Attached Storage) disponível remotamente via rede - mas para a maioria das pessoas, aceder e guardar o conteúdo na Net será a melhor opção: e a responsabilidade dos backups fica fora das nossas mãos.

Uma ligação fiável e permanente à Internet - isso sim, passa a ser o factor mais importante.

Tal como um telemóvel de pouco ou nada serve sem "rede", um computador sem internet é uma ferramente severamente limitada, permitindo apenas uso das aplicações instaladas localmente.


E para quem pensar que esses 32GB ou 64GB locais (ou 128GB ou o quer que seja) são insuficientes, com ligações rápidas o suficiente, essa memória seria usada quase exclusivamente como "cache" dos conteúdos recebidos pela rede, tornando-se - em grande parte - quase irrelevante.

Quer jogar um jogo? Em poucos segundos este será descarregado da Net e estará pronto a ser usado. Quando terminar, pode ser apagado (ou mantido em cache durante algum tempo). E assim sucessivamente para qualquer aplicação, filme, ou conteúdo.

Levado ao extremo, nem disso precisamos. Podemos muito bem ter apenas um ecrã e uma ligação rápida à rede. Tudo o que fizessemos seria processado remotamente, e enviado de volta para o nosso ecrã: tipo computadores virtuais, em grande escala.

Actualmente isso já é feito por muita muita gente, usando um portátil "fraquinho" apenas para aceder remotamente ao computador "potente" em casa ou no emprego. A única limitação são as velocidades da rede - que num caso ideal (alta velocidade e baixa latência,) tornam a experiência indistinguível de estar à frente do computador remoto.

Bem, daqui a 10 anos saberemos se estou muito longe da realidade...

6 comentários:

  1. Sonhas muito...

    Mas tens razão em indicar esse rumo. No futuro as coisas passar-se-ão assim próximo do que descreves. Mas para já temos de esperar muito.

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  2. Olha que já vi sistemas bem complexos, feitos há mais de 5 anos, que já usavam caches de 2Gb de Ram, com uns drivers todos malucos,para tornarem o Windows num sistema operativo "imediato".
    (Infelimente agora nao dou com o link da empresa que fabricava isso)

    De momento, é uma tristeza ter PCs com 2Gb e 4Gb de RAM, que são tão mal aproveitados que até dá pena.

    De momento, os sistemas RAID vão dando para acelerar os acessos aos discos. Mas - especialmente nos portáteis (e que cada vez mais são o tipo de computador mais usado) - não me vejo a ter nada que não seja um SSD. É um desespero ter que esperar aqueles tempos secantes para abrir um programa.
    (Tal como se pode ver naquele post que fiz sobre o OQO com SSD e disco normal)

    Felizmente que o Eee PC já vem com 4Gb/8Gb de flash se série... :)

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  3. O grande defeito destes discos SSD é a limitada capacidade de ciclos de gravação.
    Em ambientes exigentes perdem, em fiabilidade, face aos actuais discos duros.
    Fiz uma experiência num servidor onde coloquei uma pen-disc de 4 GB como pagefile. Após cerca de 3 meses já começa a mostrar uns falhanços e a velocidade reduziu ao nível de um USB 1.0 em estado novo.
    Estou à espera que o dito cujo dê o berro. Quando acontecer "espalharei" a palavra...

    @braço.

    PS: e o eeePC?
    Já vi por aqui umas ideias interessantes para um tunning 5*.

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  4. @joca

    É exactamente essa a questão.
    Embora as flash actuais suportem dezenas ou centenas de milhar de ciclos de escrita, num ambiente de constante gravação como um swap file, em poucos meses ficam "assassinadas".

    (Num dos primeiros microchips com flash q trabalhei, por um bug de programação queimei a flash em 2h - aquilo ficou a gravar constantemente... eheheh)

    Módulos mais avançados têm a capacidade de ir distribuindo as escritas pelos blocos menos usados, aumentando grandemente a fiabilidade, mas mesmo assim..

    O principal problema nem é das flashs em si, mas sim do software.
    (especialmente o windows)
    Quantas vezes ele nao usa a pagefile quando tem ainda centenas de MB livres? Isso era algo que podia facilmente ser resolvido a nível de opções do sistema operativo.

    Nesse aspecto o Windows CE, e o XP Embedded estão muito mais vocacionados para trabalhar com flash, sendo possível trabalhar com ficheiros temporários em RAM, etc.

    Mas à medida que os SSD fiquem mais comuns, é de prever que haja actualizações do software para tirar o melhor partido deles.

    O Eee PC vou buscá-lo logo... :)

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  5. Então, mas não percebi.
    Toda a gente tem Discos SSD de 32GB mais 32GiB de RAM e, vais buscar tudo à net. Até aqui tudo bem.

    Mas vai buscar onde e aquém, se no teu futuro não há espaço para armazenamentos de Terabytes!!

    Quem partilha então essa informação se todos temos 64GiB?

    Ou te falhou aí algo no raciocínio, ou não percebi! :P

    Abraço.

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  6. @_lamy_

    Desculpa se não me expliquei bem.
    "(...)refiro-me apenas aos discos que temos nos nossos portáteis e computadores de mesa"

    Podia ter frisado isto de forma mais explícita.

    Obviamente que continuarão a haver discos (pelo menos até que surja uma nova forma qualquer - holográfica? - que tenha um mais capacidade a custos mais baixos.

    Mas seriam maioritariamente usados pelos servidores; quer fossem em casa - no caso dos NAS - para quem precisasse/quisesse guardar as coisas localmente); ou mais provavelmente em servers-farms tais como as que o Google tem espalhadas pelo mundo.

    Eu vejo por mim e pelo caso de alguns amigos.
    Podemos ter coisas arquivadas em CDs/DVDs ou até discos externos USB. E quando se precisa de alguma coisa, acaba por ser mais facil e rápido voltar a descarregar da net!

    Actualmente, quantos milhões de pessoas sacam e "guardam" exactamente o mesmo ficheiro?
    Bem sei que é bom para os fabricantes de discos, CDs, e DVDs... mas... não será um desperdício?

    Obviamente isto é uma hipótese teórica, num mundo em que não fossemos chulados com preços exorbitantes para fazer um download, nem tivessemos que gramar com DRMs estúpidos... Mas tenho esperança que isso comece a mudar.

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