2012/01/06

O Futuro das Revistas Digitais


São cada vez mais as revistas e jornais que fecham... e isso fez-me voltar a pensar em: afinal, o que procuram as pessoas hoje em dia?

Será que não têm desejo de estar informadas e ler sobre aquilo que lhes interessa? Claro que sim.

Mas se noutros tempo nos podíamos dar ao luxo de esperar um dia, ou uma semana, ou um mês, pela chegada de jornais e revistas, que depois eram avidamente consumidas, uma e outra vez, até que a próxima edição chegasse - hoje em dia as pessoas querem coisas mais imediatas.

O mundo está vivo 24h por dia, e as pessoas querem saber o que se passa no preciso momento em que isso se está a passar. No dia seguinte isso já são "old news", e na semana seguinte então... já ninguém se lembra do que se passou. (Obviamente, há excepções.)

Mas então... será o futuro das revistas em papel a passagem para as edições digitais, como tem sucedido nos últimos tempos?... Sinceramente, penso que não.




E o que me faz dizer isso é precisamente o mesmo que me faz recorrentemente dizer "não, obrigado" a todas as pessoas que me perguntam porque não faço uma App do "Aberto até de Madrugada". E esse motivo é simple: porque qualquer pessoa já pode ter praticamente a mesma experiência visitando o site a partir de um dispositivo mobile!

Para que criasse uma App, esta teria que ter uma vantagem acrescida, algo de especial, que fizesse com que valesse a pena usar a App - sim, consigo lembrar-me de 2 ou 3 coisas que poderiam ser feitas. Mas mesmo assim, parecem-me coisas demasiado "pequenas" face ao que a maioria das pessoas pretende: que é ter o acesso às notícias e artigos que escrevo.


E nos casos das revistas digitais, penso que se passa algo do género. Os editores estão a tentar transpor para o mundo digital a mesma experiência que tinham no "papel"... Adicionando algumas novidades, é certo... mas continuando "formatos" ao mesmo velho conceito que conheceram durante décadas.

E a minha pergunta é: não será um erro estar a querer reduzir um meio completamente novo, e com imensas novas potencialidades, e limitá-lo artificialmente apenas para que tenha parecenças com um método ancestral... como a do papel impresso?

Fazer revistas digitais, com conteúdos dinâmicos e que se actualizam em tempo real, e permitem coisas multimédia, etc?... Isso já existe há muito: e chama-se "páginas web"!

Tal como não acho que faça sentido criar uma App que meramente replica aquilo que se pode ter num browser, não me parece que o mesmo passe a fazer quando aplicado a uma revista digital.


Zite: Personalized Magazine for iPad from zite.com on Vimeo.

Podemos discutir a questão dos conteúdos versus apresentação: e nesse caso temos excelentes exemplos como o Flipboard e o Zite (entre outros) que permitem apresentar os conteúdos de quaisquer sites, compilados em função dos interesses de cada leitor individual, num formato mais apelativo e fácil de utilizar em tablets e smartphones. Esses sim, as verdadeiras "revistas digitais" que me parecem ter futuro mais risonho que todas as edições avulso que se parecem querer centrar mais na "cosmética" do que nos "conteúdos"...



Talvez haja lugar para ambos: para as revistas digitais à moda tradicional, e para as revistas digitais cozinhadas à medida de cada utilizador... Mas se tivesse que apostar apenas numa dessas categorias... A opção seria clara.

5 comentários:

  1. Quando era mais novo comprava religiosamente uma revista de videojogos (já extinta), no entanto deixei simplesmente de o fazer porque com a internet, as notícias e as reviews da revista ao final de um mês já não eram propriamente novidade.
    As revistas que tratam sobre assuntos tão efémeros como tecnologia, etc têm uma certa dificuldade em competir com a internet.

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  2. Marco Antunes6/1/12 14:56

    Existem sempre conteúdos que os leitores considerem relevantes para comprar uma revista/ jornal com a finalidade de os guardar como o exemplo das revistas práticas ou de arte. Creio que é nesta aposta em artigos úteis ou com informação relevante que os editores se deviam preocupar.

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  3. Sinceramente, acho que tudo o que é manual, revista, livro, etc deve ser substituído, onde seja possível ter isso tudo num único aparelho. Era um favor que se fazia à Natureza e a nós próprios.

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  4. Posso dar um depoimento sobre o meu uso do Flipboard: adicionei individualmente, e não "no atacado" através do Twitter, os sites que desejo ter a versão em revista, pois nem todos têm configuração adequada ao formato. Dessa forma tenho uma versão muito mais interessante dos conteúdos que mais gosto em um único local e com uma manuseabilidade intuitiva.
    O que não entendo é como o Flipboard se mantém, pois ao vejo publicidade em lado nenhum, sequer nas páginas compiladas, a não ser que se abra a pagina "original" do artigo em questão.
    Outra questão (ou sugestão) é que se deveria compensar os criadores de conteúdo, que afinal são os que mantém o serviço. No caso especifico do Carlos Martins, sou assinante do AadM e do Velhotes dos Marretas, o Flipboard disponibiliza o conteúdo, mas o autor não recebe "royaltes". É diferente do acesso aos conteúdos via web, Twitter ou Facebook, disponibilizado voluntariamente pelo autor. Fica aqui a idea.

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  5. @Alessandro Galvão

    São questões pertinentes sem dúvida... e é isso mesmo que falta descobrir como fazer, de forma justa.

    Actualmente (e desde o início) que optei por disponibilizar livremente os conteúdos que escrevo, e no maior número possível de formas - para que cada pessoa tenha a liberdade de poder ler onde/como desejar.

    A minha ideia sendo, se alguma vez tiver que tirar algum lucro disto (que continua a ser coisa que faço essencialmente "por gosto"), então que tal fosse feito via publicidades e apoios directos, sem ter que chatear os leitores...

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