2012/08/25

A Ciência do Som e os Sintetizadores


Sendo um fascinado pela música praticamente desde sempre, e tendo tido a sorte dos meus pais me incentivarem nas minhas "loucuras" infanto-juvenis, desde cedo que tive o privilégio de aprender a tocar "teclas".

Isto é... inicialmente e durante muito tempo diverti-me com um pequeno orgão portátil emprestado por uns primos, muito básico, e com uma ventoinha barulhenta no interior que gerava o ar para criar o som das teclas (ei, estavamos em finais da década de 70 ou coisa, a ideia de um teclado electrónico era coisa só para profissionais ou endinheirados!) Mas depois, lá acabei por ir para uma escola de música onde fui parar aos orgãos a sério, com dois teclado e pedaleira, e montes de sonoridades diferentes.

Mas... o que eu queria era outra coisa...


O que eu queria era algo assim a modos que mais virado para as sonoridades do Jean Michel Jarre, e de outros grupos de música electrónica... pelo que o meu grande sonho era um dia conseguir por as mãos num... sintetizador! Esse diabólico instrumento musical que teoricamente seria capaz de "sintetizar" todo e qualquer som que se desejasse, e obviamente, criar novos sons ao gosto do seu utilizador.

Ainda por cima, rapidamente descobri que o que queria não era propriamente a técnica de tocar orgão, mas sim algo mais aproximado ao estilo jazzístico/funk/coisa do piano... E não tocar as "secantes" músicas para orgão, ou as músicas "clássicas" que se associavam ao piano. (Infelizmente, algumas delas acabavam inevitavelmente por fazer parte dos primeiros passos que mais tarde nos permitiam chegar ao objectivo pretendido...)


Não faço ideia de como sejam as coisas hoje em dia, mas naquele tempo lembro-me de passar imenso tempo em lojas de música, e onde - não sei bem como - lá começava a fazer parte do "mobiliário"... que é como quem diz, ganhava a confiança e a amizade dos funcionários, que lá me iam aturando e deixando brincar com os novos modelos que iam chegando.


A década de 80 foi um período loucona indústria musical dos sintetizadores, em que marcas como a Yamaha, Roland, Korg, e outras, combatiam ferozmente criando novas tecnologias que a cada ano eram capazes de superar tudo o que já tinha sido feito: quem se pode esquecer de modelos míticos como o Yamaha DX7, Roland D50, ou ainda o Korg M1?

E na busca da reprodução dos sons naturais de outros instrumentos, popularizavam-se também os "samplers", que reproduziam gravações de outros instumentos - inicialmente com qualidade algo duvidosa, mas depois com fidelidade cada vez mais realista - e que hoje em dia graças à "potência digital" disponível, já passou a ser tão comum, que já deixou de ser sequer considerado.

Hoje em dia até um relógio se poderá dar ao luxo de ter samples com qualidade "de CD"... Mas naquele tempo as coisas tinham outro valor. Os circuitos electrónicos eram dispendiosos, e por isso muitos sintetizadores eram monofónicos; ou seja, apenas podiam tocar uma nota de cada vez. Depois começaram a surgir os sintetizadores polifónicos, capazes de tocar várias teclas em simultaneo: alguns apenas 8 teclas, outros 16, e sendo isso um grande factor de "orgulho" e admiração na tabela das especificações...
E por último, lá começaram surgir os sintetizadores multitímbricos, capazes de reproduzir não só várias notas simultaneamente, como também vários sons/instrumentos diferentes. Tornava-se possível, por exemplo, tocar numa oitava do teclado com um som de piano, enquanto noutra se tocava com som de violino - e que a par de um sequenciador MIDI (integrado no teclado, ou não) permitia transformar estes sintetizadores em autênticas "orquestras musicais".

Muitas boas memórias tenho de ouvir as "demonstrações" que muitos destes sintetizadores traziam, para exibir as suas capacidades...

Hoje em dia já se perdeu toda essa magia da evolução tecnológica, com qualquer teclado a conseguir fazer tudo isso e muito mais, já nem sequer sendo digno de ter que ser referido ou publicitado com pompa e circunstância. Por exemplo, a tecnologia V-Piano da Roland faz a modelação matemática de todos os elementos físicos de um piano, das cordas aos martelos e caixa de ressonância, gerando um som de piano autêntico sem recurso a qualquer tipo de "sample" pré-gravado (e é tecnologia já com vários anos - podem ouvi-lo aqui). E claro que já nem a voz escapa, com os processadores vocais, que permitem fazer coisas como esta (ou aqui nas mãos de Jordan Rudess dos Dream Theater).


Mas... o que é certo é que para quem passou por isso... (de forma semelhante a quem acompanhou a evolução das placas de som nos PCs)... a magia do som fica para sempre.


1 comentário:

  1. Revi-me na descrição do teu percurso musical, já que o meu é muito parecido.
    Não conhecia esses processadores vocais.
    Estou actualmente a explorar o software Sibelius, para poder dar azo à criatividade musical.

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