2012/10/12

Anti-Pirataria nas Impressoras 3D


Se pensam que actualmente já temos sistemas de DRM (Digital Rights Management) abusivos, que tornam impossível (ou no mínimo, complicam) a vida dos consumidores que querem ter a liberdade de usar o que compram da forma que querem... esperem só para ver o que já se começa a congeminar em preparação para a revolução das impressoras 3D que se vai aproximando, lentamente mas inevitavelmente.

Já alguma vez se depararam com uma fotocopiadora que se recusasse a copiar uma nota de 20 (ou mais) euros? Então o sistema que começa a ser proposto não vos irá surpreender.

Este DRM para objectos físicos pretende fazer com que, antes de uma impressora 3D começar a imprimir um objecto, tenha que o validar previamente, para ver se é um objecto que está autorizado a ser impresso, em que quantidades, materiais resolução, etc.

Ou seja... em vez de se abraçar desde já uma tecnologia com o potencial para revolucionar o mundo e a sociedade em que vivemos, a principal preocupação é desde já garantir que haja formas de "castrar" todas essas potencialidades.




Bem sei que isto são assuntos complicados... e não posso deixar de me recordar daqueles anúncios idiotas que nos são impingidos ao ver filmes: "Você não roubaria um carro; você não roubaria uma carteira..." ao qual rapidamente surgiu a resposta: "Não roubaria um carro, mas se pudesse fazer download dele, faria!"

E aqui nas impressoras 3D o ponto essencial é mesmo esse: torna-se possível fazer o download de objectos físicos! Claro que ainda haverá um longo caminho a percorrer até que a tecnologia das impressoras 3D permita ter um autêntico "replicator" como no Star Trek, capaz de produzir quase todo o tipo de produtos, mas... lá nos iremos aproximando, passo após passo.


Com esta potencialidade ao alcance, a pergunta que coloco é: não obrigará isto a repensar muitas das coisas que assumimos como "naturais" na sociedade actual, e o conceito de "valor" que lhes atribuimos?

Que valor implícito terá algo que actualmente é "caro", se qualquer pessoa o puder reproduzir em suas casas por cêntimos? Será que passaremos a dar maior valor às matérias primas em bruto, que sejam usadas pelas impressoras, do que aos produtos acabados?

É o tipo de coisa em que poderá valer a pena pensar, para se decidir que tipo de rumo queremos para o futuro da sociedade e da humanidade em geral: se um em que tudo esteja patenteado e controlado à exaustão por alguns detentores de "direitos" que os usam para facturar à custa do resto do planeta; ou se um em que o verdadeiro valor estará, não nos objectos e nas coisas... mas sim nas pessoas.

2 comentários:

  1. Há peças que são muito complicadas de serem replicadas numa impressora 3d (falo essencialmente numa makerbot que é das mais acessiveis ao público em geral e em ambiente doméstico) mas esta "castração" faz com que objetos simples como um simples comando da chave do carro ou uma peça dum candeeiro dito caro (ou até mesmo da marca sueca), passiveis de serem fabricadas de forma rápida e de forma a nos facilitarem no desenrasque, nos obriguem a ter que comprar novo, muitas das vezes completo (porque podem não se vender peças em separado) e muitas das vezes a preços abusivos :(

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  2. Tal como praticamente tudo o resto a protecção não deve durar muito pois se há 1000 a desenvolver a protecção, há 1000000 a desenvolver formas de a quebrar. mais uma vez se anda em sentido contrário. Será que ainda não perceberam que é uma guerra que têm perdida ainda antes dela começar?

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