No passado dia 27 de Setembro ocorreu em Lisboa a 10ª edição do Evento Linux. Como tem sido habitual, o espaço escolhido foi o Pólo Técnológico de Lisboa, no Auditório da Lispólis. O nosso destemido correspondente especial na capital Luis Correia esteve lá, e conta-nos como foi.
Nesta décima edição a agenda estava bem recheada de oradores, de onde se destaca o Miguel Gonçalves da Spark Agency, largamente conhecido pelas suas apresentações freneticamente inspiradoras. Como também já é habitual, o Eduardo Taborda da Syone SBS Software faz a apresentação, resumindo um pouco o que se tem passado nestes encontros ao longo dos dez anos de existência.
O Paulo Trezentos da Caixa Mágica Software apresentou uma previsão das tendências da penetração do Linux no mercado para os próximos três anos. Destaca o caso de sucesso que tem sido o Android e desta vez já não se fala do mítico Linux no Desktop.
Antes do coffee-break, pudemos apreciar também a excelente apresentação do Miguel Gonçalves (Spark Agency). O intuito era claramente motivar a audiência para que só trabalhando se consegue vingar na vida. Toda a conversa baseou-se na experiência de ter estado um mês em Silicon Valley a visitar as grandes empresas, tais como a Google e o Facebook, mostrando como lá um dos motes é "Move fast, break things" - típicamente marcado pelo uso de prototipagem rápida para produzir versões de software o mais rápido que seja humanamente possível, mesmo quebrando funcionalidades. Em resumo quer passar a mensagem de que as startups não devem estar a ruminar meses a fio a tentar apresentar um produto perfeito, mas sim a lançar o mesmo assim que esteja minimamente utilizável.
Outros pontos de interesse focam-se em trabalhar no duro em vez de estar em casa a ver TV e a frequentar cafés falando de assuntos que nada tem a ver com a carreira. Posso não concordar com as 18 horas de trabalho diárias, mas também não será com 8 que se consiga levar algo avante. (ed. compreendo bem... o Aberto até de Madrugada por vezes ocupa-me mais de 24h por dia. ;)
Depois do coffee-break, onde tentei trocar umas palavras com o Miguel, assim em jeito de entrevista (mas sem sucesso) seguiram-se duas apresentações, ambas a falar sobre experiências de sucesso com o Opensource.
Falou primeiro o Matt Asay, agora blogger do Nodeable e logo de seguida, Richard Morrell da RedHat fala sobre como se tornou rico (mas não milionário) aos 31 anos, apenas por ter criado e vendido o produto Smoothwall.
Não vou entrar em muito detalhe sobre a apresentação do Raúl Oliveira da IP Brick, intitulada: "Não devia o Open Source estar nas recomendações da Troika? Porquê?", com algumas sugestões que -na minha opinião- são de implementação utópica na Administração Pública, e parecendo ignorar qualquer análise cuidada sobre o que está a ser usado e as suas vantagens/desvantagens.
Da parte da tarde seguiram-se as apresentações de alguns casos de sucesso:
- Paulo Carvalho da Vodafone apresentou "Standardizar para suportar a diversidade"
- Celso Martinho do Sapo apresentou "Mobile: HTML5 vs Nativo, eis a questão"
Esta última apresentação focou-se na dificuldade de escolha entre desenvolver webapps ou aplicações nativas para tudo o que diz respeito a dispositivos móveis. Uma questão que levanta inúmeras questões e que foi dito logo desde o início que esta era uma questão "bipolar", onde nem mesmo ele conseguia decidir qual das duas escolher, e que o Sapo tem uma necessidade muito particular de atingir o maior número de pessoas possíveis.
Depois falou das dificuldades relativas às apps nativas, pois nenhum programador de iOS é bom programador de Android e vice-versa. Realçou que para as webapps são necessárias pelo menos três competências, um programador, um designer para web e um especialista de usabilidade.
De seguida falou da nova página do Sapo, que segue a nova filosofia de "responsive design", onde se tem apenas um conjunto único de HTML5, CSS e JavaScript para providenciar uma visão consistente da página independentemente do tamanho do ecrã ou do equipamento que estivermos a usar.
Foi um tema bastante interessante, que no entanto deixou mais questões no ar do que propriamente respostas.
Seguiram-se mais apresentações:
- Susana Pinheiro da IP Brick falou sobre "A voz sobre IP na Intergraph"
- Hugo Pedro da Syone SBS Software apresentou "A nova geração de servidores aplicacionais JBoss"
- Pedro Ferreira da Tranquilidade apresentou "Open Source na Tranquilidade"
Esta foi para mim a apresentação mais interessante do dia, pois relatou como 750 postos de trabalho desta seguradora passaram a utilizar Linux no Desktop, sobre uma plataforma de virtualização, e que permitiram uma poupança significativa nos gastos com o software.
A ESOP irá disponíbilizar em breve toda informação técnica sobre este projecto, que sem dúvida será motivo de interesse para muitas outras empresas.
A evento deste ano terminou com a atribuição do Prémio de Abertura da ESOP, que este ano foi entregue à Companhia Tranquilidade pelo trabalho na implementação da solução de desktop Linux em mais de metade dos utilizadores.
Concluo este relato com grande satisfação de ter visto pela primeira vez uma plateia quase cheia até ao fim, e que apesar de estarmos em plena crise económica e financeira, há quem continue a dar o seu melhor em prol de um melhor aproveitamento dos recursos que temos ao nosso dispor.
Espero com interesse pelos temas que serão apresentados no próximo ano.
Actualização: apresentações já disponíveis.
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