2012/12/29

Os Brinquedos Perigosos do Passado


Talvez seja influência da chegada iminente do novo ano (o que faz aumentar a frequência de posts nostálgicos), mas este é sobre os brinquedos para crianças que ao longo das décadas têm vindo a ser um pouco "estupificados" (diria eu), sempre ao abrigo da "segurança". Neste caso, falamos dos kits de química, que noutros tempos permitiram a crianças mais aventureiras ter o primeiro contacto com a maravilha das reacções químicas, e fazer experiências que potencialmente influenciaram o seu futuro profissional.

A diferença é que ao contrário do que agora acontece, onde todos os produtos que são fornecidos são "seguros" para as crianças, no passado estes estojos de química vinham com componentes que permitiam fazer-se todo o tipo de coisas... incluindo pólvora, ácidos, e explosivos.

Não vou chegar ao ponto de dizer que seria recomendável colocar estes compostos nas mãos de crianças inconscientes (e por via das dúvidas, é certo que mais vale prevenir qualquer risco de acidente)... mas interrogo-me se ao estar a limitar estas experiências e opções em idades onde uma criança olha com curiosidade para tudo à sua volta, não estaremos também a limitar os desenvolvimentos que poderiam vir a fazer no futuro.

Roald Hoffmann, prémio Nobel da Química em 1981 é um desses casos, que ainda se recorda dos tempos em que brincou com estes kits em criança, fazendo pólvora que depois incendiava.

Não digo que os riscos de alguém poder ficar sem alguns dedos, ou cego, com uma explosão, compensem a eventualidade de um destes kits poder dar origem a um prémio Nobel (que curiosamente também está inexoravelmente ligado a Alfred Nobel, químico, e inventor da dinamite). Mas preocupa-me que na ânsia de proteger as crianças em redomas de vidro, longe de poderem correr alguns riscos, se esteja: a limitar as possibilidade de acharem interessantes certas áreas das ciências; e também a tentar descartar as responsabilidades da educação e responsabilização dos seus actos.

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