2013/01/20

Quando Ainda se via Televisão


A recente alteração das minhas rotinas diárias (devido ao pequeno Daniel) obrigou-me a remodelar os meus horários de filmes e séries de TV; e lá pelo meio das visitas em casa, acabei por voltar a ligar um dos televisores... num canal de TV!

E por incrível que isso possa parecer... para mim foi um choque. Regressaram-me às memórias os tempos de infância em que jantava a correr para poder ir ver televisão para a sala, e no caso em que o horário de jantar se sobrepusesse a um filme ou série "imperdível", a longa negociação com os meus pais para que pudesse comer em frente ao televisor.

... Coisas que se mantiveram durante décadas, até que finalmente uma coisa chamada Internet começasse a atrair cada vez mais a minha atenção, em detrimento do tempo que passava em frente ao televisor.

Tirando algumas excepções, posso dizer que já não vejo "televisão" há cerca de 5 anos (pelo menos). Sendo que faço uma espécie de troca retroactiva invertida: uma vez que estou a pagar por centenas de canais que não vejo, mas que até exibem as séries que quero ver (agora, ou no futuro), não me sinto um "criminoso" ao fazer o download dos episódios dessas mesmas séries, para que possa ver quando e como bem entender.

E o que acho mais curioso, é que embora continue a conhecer muitas pessoas que dão o mesmo uso à televisão como eu dei durante décadas - há também um número crescente de pessoas, que poderia descrever como "insuspeitas", que me vão revelando que também já fazem o mesmo. (E por insuspeitas refiro-me a pessoas sem grandes conhecimentos técnicos, que demonstram que o acesso a este tipo de conteúdos é já algo que está ao alcance de todos).

Das poucas vezes que tive o desprazer de passar por um dos nossos canais de televisão nacionais - fiquei horrorizado com o tipo de programas que estamos a produzir. Atenção que não quero generalizar, pois imagino que algures, lá num recanto da grelha semanal, até se encontrem programas de qualidade - mas que sinceramente nem tenho vontade de procurar. O que sei é que, naquilo que nos é "atirado" pela casa dentro nos horários nobres... melhor seria fazerem como tenho feito: dar uso ao botão de desligar o televisor, sintonizarem o rádio numa estação de música ao vosso gosto (e que não seja daquelas que mais parece uma estação de emissão de publicidade onde pelo meio também passam alguma música)... e aproveitarem o momento para falarem com as pessoas à vossa volta, ou exercitarem os vossos próprios neurónios em pensamentos a sós. Vão ver que vale a pena.

3 comentários:

  1. A televisão nacional praticamente serve para ver notícias e nada mais. Ainda vai valendo a pena ver os canais de documentários e os de séries, tipo Fox e AXN, mas mesmo esses cada vez é mais publicidade e conteúdos repetidos, aderir ao horário de programação é mentira. Por mim, embora tenha serviço por causa dos meus pais, a televisão morreu . Se não fosse a falta de legendas em PT (o meu pai percebe inglês mas pouco) também eles se rendiam ao download.
    Pode ser só impressão minha, mas tenho a sensação que a televisão num futuro não muito distante vai ser só para o pessoal de idade ou que não saiba mexer/não tenha um pc com internet.

    Ah, como tenho meo, também tenho o meovideoclube, que pronto ainda vai valendo, os alugueres são baratos, tem legendas, e sinceramente dá menos trabalho do que sacar: aka está bem feito. A 3,50€ os mais caros, acho que ninguém se importa de pagar. Deviam fazer isso com as séries. Por seasons, com um mês para ver, era excelente já me colava mais à tv.

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  2. @Alex Pedro,
    Há diversos sites para sacar legendas, como o opensubtitles ou legendas.tv. Em ambos encontramos legendas em PT-PT, embora a maioria venha em PT-BR

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  3. Legendas? Aos montes... para quase tudo.

    Aqui em casa damos serviço à Televisão, só temos uma, de propósito. Mas, não aos canais. Uso a TV para vermos em conjunto as séries e filmes que como diz o autor do artigo, não me sinto minimamente preocupado por serem obtidos por download. Eu pago por um serviço de TV.

    Lamentavelmente, os prestadores desse serviço, apesar de eu e os outros subscritores pagarem pelo acesso, entendem que o que nós queremos é ver lençois de publicidade com algumas manchas de conteúdo de vez em quando. Manchas essas que ainda por cima estão desfasadas das emissões originais por períodos superiores a 1 ano, 2 em alguns casos... E claro, repetidas ad nauseum.

    Os canais nacionais, nem sequer me incomodo a ver o que emitem, há anos que se colocaram decididamente no espectro que me é invisível. Notícias, a Internet faz mais e melhor. Muito melhor e muito mais. Com comentários e várias perspectivas.

    Continuo à espera que alguém perceba que ficar preso a uma emissora de televisão como plataforma de distribuição de conteúdo audiovisual, já era. Continuo à espera que os produtores, actores e demais intervenientes entendam a liberdade que a Internet lhes proporciona, não só em termos de temas, mas de longevidade do conteúdos. E sim, é possível fazer dinheiro com isso, basta ter um plano decente e não "lixar" o pessoal. O conceito é CWF+RTB (Connect with fans + Reason to buy). Vejam por exemplo os variados casos de sucesso de alguns youtubers.

    A "televisão" morreu. O que não quer dizer que o conteúdo que nos prendia à mesma não continue a ter lugar, se calhar mais que nunca.

    Olhando para os meus filhos, bem sei que não são a "norma", mas são os casos que conheço melhor, apesar de terem acesso a centenas de filmes e séries de TV, passam 90% do tempo que estão a consumir conteúdo no YouTube. Preferem isso às séries e filmes, primeiro porque o conteúdo fala uma "língua" que eles reconhecem, segundo porque têm acesso aos temas que lhes interessam. Fazem uma busca activa pelo conteúdo que querem, em vez de espera passiva pelo conteúdo que alguém lhes quer dar.

    Muito bom artigo. Obrigado.

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