Poderá a Samsung dar o "Golpe do Baú" ao Google?

Não passam de "teorias da conspiração", mas não posso dizer que me surpreenderia de ver a Samsung a dar "o corte" ao Google e ao Android, optando por uma plataforma sobre a qual tivesse mais controlo. Se formos a ver, já outras empresas o têm feito - e de forma ainda mais descarada: usando o Android como suporte para os seus sistemas, como fez a Amazon e alguns fabricantes chineses.

Embora a Samsung sempre tenha optado por apostar em várias frentes (tinha o seu Bada, e também é parceira da Microsoft nos Windows Phones), o recente anúncio de que o Bada será integrado com o Tizen poderá fazer levantar algumas considerações. Afinal... sendo a Samsung responsável por vender quase metade dos equipamentos Android (40%)... não será tentador tentar direccionar essa clientela para um formato que a deixe menos dependente do Google?

Todas as modificações que a Samsung tem feito ao Android fazem com que muitos utilizadores já estranhassem um Android "despido" do TouchWiz - e já lhes seria irrelevante qual a plataforma que estivesse por baixo daquele interface: fosse Android ou um Tizen. Claro que as Apps seriam um factor fundamental; mas a Samsung também já tem a sua App Store própria... e não me parece que fosse difícil cativar os developers de maior visibilidade (assim como oferecer ferramentas de fácil conversão de Apps, como a BlackBerry tem feito).

Até que ponto é que muitos dos clientes Samsung o são devido ao Android, ou simplesmente por ser Samsung? Seria essa a questão que todos gostaríamos de ver respondida...


Estas suposições poderiam não fazer qualquer sentido numa época em que o Google inocentemente ainda apregoava a velha máxima do "Don't be Evil", e apresentando os seus serviços e o Android como uma plataforma centralizadora e aberta para todos... Mas ultimamente a conversa parece ter mudado, com a demonstração que nenhum serviço está a salvo de poder vir a ser cortado; e como os utilizadores de Windows Phones poderão constatar em breve... a sincronização com o Google Calendar é coisa que também deixará de ser possível... mesmo com a Microsoft a se ter disponibilizado para implementar o sistema CalDAV standard (que o Google também decidiu deixar de suportar, depois de cortar com o Exchange ActiveSync).

São alterações que certamente não cairão muito bem nos altos círculos destas empresas... e que poderão potenciar uma maior vontade de cortar com a dependência do Google, tal como a Apple já fez no seu iOS... algo que poderá acabar por ser premonitório para os restantes fabricantes.


Na altura tinha atirado para o ar se seria a Apple a precisar mais do Google, ou o Google a precisar da Apple e do iOS (que na altura detinha a maior fatia do mercado mobile); agora penso que a pergunta será: precisa mais o Google da Samsung, ou a Samsung do Google?

No iOS o Google demonstrou que o interesse era deles: lançando um conjunto de apps do Google com aspecto e desenvolvimento que nalguns casos até superam as suas próprias apps para Android. Nos Windows Phone, o Google dá-se ao luxo de dizer que nem sequer tem intenções de lançar apps nativas para a plataforma (ainda com números inexpressivos).

Num caso de uma guerra "nuclear" com a Samsung a abandonar o Android... seria muito interessante ver qual seria a reacção do Google. Será que fecharia a porta de vez a todas as plataformas externas, e disponibilizando os seus serviço apenas nos Android? Que efeitos teria isso a nível dos serviços concorrentes que surgiriam para dar resposta nas outras plataformas (como o Bing e Outlook nos Windows Phone)? São perguntas que se calhar nunca veremos respondidas, por tal nunca vir a acontecer.

... Mas que é uma possibilidade que me parece estar a aproximar-se cada vez mais de uma eventualidade... lá isso é.