2013/07/31
Google inverte posição quanto à Neutralidade da Net... no seu Google Fiber
O Google tem sido um dos grandes defensores da net neutrality, que diz que os ISP não devem interferir ou diferenciar o tipo de dados que passam nas suas redes - e que portanto não faz sentido querer cobrar mais pelo tráfego de sites como o YouTube mesmo que estes representem a maior fatia dos dados. No entanto, o Google dá agora uma volta de 180º quando se trata de defender a sua própria rede de fibra de acesso à Internet. Neste caso, o Google diz que tem o direito de limitar o que os seus clientes podem ligar à rede e que tipo de uso lhe podem dar.
Se olharmos com frieza, há alguns aspectos que são perfeitamente lógicos (e que são comuns à grande maioria dos ISPs), como a proibição de usar a ligação para distribuir internet para outras pessoas, ou de revender o serviço. Com uma ligação de 1Gbps de download e upload do Google Fiber, seria natural imaginar que algumas pessoas se juntassem aos seus vizinhos para partilhar a ligação.
O problema é que o Google tem também uma cláusula que proíbe o uso de "servidores" na sua rede, a não ser que dê o seu consentimento. Se a lógica dita que o Google deverá estar a referir-se a alguém que decida montar um serviço web hiperactivo na sua rede (dispensando um servidor num data center) - e que mesmo assim seria abusivo, pois afinal... se estamos a pagar 1Gbps deveríamos poder utilizá-lo para o que bem entendêssemos - o grande problema é que a definição de server não se limita a esse tipo de utilização. Se quiserem aceder remotamente a um computador em vossa casa, ele está a actuar como server; se tiverem um router com um disco pendurado, é um server; se tiverem um Raspberry Pi a receber o vosso email, é um server; se tiverem uma câmara IP para poderem espreitar a vossa casa quando estão fora... é também um server. Ou seja... tudo e mais alguma coisa encaixa na definição de server (incluindo a utilização de software de partilha P2P, como os torrents).
Para alguém que tanto criticava os ISPs por querem controlar o que os utilizadores poderia fazer com a sua ligação, torna-se surpreendente ver agora o Google a tomar exactamente o mesmo tipo de atitude, e a defender-se dizendo exactamente que "é o que os outros ISPs fazem".
Ainda há pouco falávamos de como uma marca pode rapidamente perder uma imagem de confiança que criou ao longo de anos; e depois do famoso "do no evil" parecer já ter sido atirado pela janela há bastante tempo... parece que o Google se começa a tornar numa empresa que inspira cada vez menos confiança aos utilizadores e clientes.
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