2013/10/21
A ilusão do Android "Open-Source"
Muitas vezes, nas discussões (civilizadas) entre iOS e Android, inevitavelmente se chega ao ponto em que se refere que o iOS é uma plataforma fechada e que o Android é uma plataforma aberta, open-source. Mas na verdade, há muitas maneiras de divulgar coisas como sendo uma coisa... e na prática serem outra. E no caso do Android, há quem diga que é isso mesmo que se passa.
Este artigo da Ars Technica analisa um pouco mais de perto o panorama da plataforma Android, e mostra bem como o Google se tem preocupado em proteger ao máxima a sua plataforma mobile, enquanto tenta convencer o mundo de que continua a ser "de todos". (Ter em conta que é uma posição perfeitamente natural, e que caberá a cada um decidir se é algo que está no seu direito de o fazer, ou se o está a fazer de forma abusiva!)
A verdade é que as coisas muito mudaram desde que o Android surgiu no mercado pela primeira vez.
No início, partindo do zero e tendo que competir com as plataformas que dominavam o mercado, parecia óbvio que oferecer uma plataforma open-source seria um grande trunfo capaz de atrair interessados. E assim foi, depois de um início tímido (que eu desde logo disse que seria uma questão de tempo até que viesse a dominar o mercado), o Android foi subindo até hoje deter a maioria indisputável do segmento dos smartphones.
Mas, com este domínio começaram também a surgir os aspectos menos desejáveis de um projecto open-source desta magnitude. O Google continua a ter o trabalho, mas qualquer concorrente está livre para poder aproveitar o seu código open-source e aproveitá-lo para os seus próprios produtos, fazendo concorrência ao Google. Um dos exemplos mais evidentes é a Amazon com os seus Kinde Fire.
E talvez por isso se tem assistido a um Google que tem optado por transferir cada vez mais dos serviços e apps que se associam à plataforma Android, para o conjunto de apps e serviços "closed-source".
Há cada vez maior número de apps que anteriormente estava incluídas na plataforma e que o Google migrou para apps próprias, reduzindo substancialmente as funcionalidades que um concorrente poderá utilizar - forçando-o a ter que despender mais recursos para as replicar.
Para além disso, um fabricante que adira ao grupo de fabricantes parceiros "oficiais" do Android fica impedido de fabricar qualquer equipamento que utilize um Android concorrente (como a Acer descobriu recentemente quando estava para lançar um equipamento com o Aliyum chinês - e também o motivo pela qual a Amazon não pode recorrer a nenhum fabricante deste grupo para fabricar os seus tablets, tendo optado pela Quanta, que sendo um fabricante de portáteis escapava a esta questão).
Depois, sempre que um fabricante queira ter acesso às apps do Google (e ao Google Play), tem que passar por um programa de verificação de "compatibilidade", que como alguns envolvidos dizem, é na verdade um programa onde têm que "dar graxa ao Google" e prestar-lhes vassalagem (algo que os fabricantes mais pequenos se podem dar ao luxo de não fazer e deixar que sejam os utilizadores a desenrascarem-se, instalando as apps do Google de forma não oficial - mas a que os grandes fabricantes não podem escapar.)
Isto ajuda também a explicar porque fabricantes como a Samsung insista em ter as suas próprias apps a replicar muitas das que existem do Google, incluindo a sua própria Samsung Store com apps. Se um dia as relações entre Google e Samsung azedarem, torna-se mais simples para a Samsung recorrer ao Android open-source base, tendo já o "trabalho de casa" feito para não ficar dependente do Google. (E considerando que grande percentagem dos equipamentos Android no mercado são da Samsung... interrogo-me quem é que ficaria a perder?)
Serve isto para demonstrar que os equilíbrios de poder nas plataformas mobile não são algo a "preto e branco" onde temos heróis de um lado e vilões do outro. Todos olham pelos seus próprios interesses, e as alianças de hoje podem tornar-se em inimizades de amanhã... e vice-versa.
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É notório o controlo que a Google tenta implementar, ainda que "inocentemente"...
ResponderEliminarEu acho bem que a Samsung prossiga com o seu sistema Tizen OS(compatível com apps Android) e com as suas próprias apps afim de poder ter a sua palavra já que dominam o mercado em Hardware vendido.
Também é bom ver surgir novos concorrentes Firefox OS, Ubunto Phone OS, e projectos como o Jolla(ex-Meego) ou o "Newkia".
Talvez um dia cada marca tenha o seu próprio sistema e se abra caminho à sagrada loja de Apps Universais... ou talvez como o Carlos referiu uma vez num post, talvez um dia a Google vire uma Microsoft(sistema fechado) e por seu turno a Microsoft vire uma empresa de código aberto...
Pelo menos que haja alternativas, quanto mim ficarei com o Windows Phone muito em breve... :)
Venha de lá o Ubuntu phone mas é......
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