2014/07/14

O design vs densidade de informação


Os tempos mudam, as coisas evoluem... mas por vezes interrogo-me sobre se estaremos a evoluir na direcção certa, especialmente quando assistimos à tendência de apresentar cada vez menos informação útil no maior espaço disponível dos ecrãs actuais.

Esta tendência não é de agora, lembro-me perfeitamente de ter ficado (e continuar a ficar) chocado ao olhar para o ecrã de backoffice do Blogger, e também das mudanças que o Google fez ao defunto Google Reader e ao Gmail, onde depois, a custo, lá nos deu a opção de optarmos por listagens com densidades mais elevadas. Mas o que é certo é que esse princípio da pseudo-beleza à custa da apresentação de informação se tem infiltrado um pouco por todo o lado.

Vejamos alguns casos flagrantes.


Em tempos, ver uma listagem de vídeos no YouTube era algo que nos permitia ver cerca de 6 resultados por página; hoje em dia isso reduziu-se a apenas 1.5!


Outro caso que me irrita frequentemente. O Millennium tinha uma app bastante funcional... tinha!




A nova app do Millennium deixou-se contagiar pela mania do "white space", o que faz com que, numa lista de movimentos que dantes nos permitia ver quase uma dezena de transacções, agora podemos ver apenas 3 ou 4. (E já nem falo da opção de, inexplicavelmente, em vez de pedirem o código de acesso inicial imediatamente agora nos obrigam a clicar no campo... como se o principal fosse ver a publicidade que agora é apresentada - algo comprovado pela não apresentação dos detalhes após se fazer uma transferência; onde esses detalhes aparecem minimizados, para que se possa ver a publicidade, como se isso fosse mais importante do que comprovar o que acabou de ser feito.)


Enfim, são muitas opções, a par de outras que têm vindo a ganhar tracção, e que são altamente duvidosas. Para mim, parece-me completamente absurdo que numa época em que temos monitores e smartphones com resoluções elevadas, seja apresentada menos informação do que a que se podia ver num velhinho monitor em modo de texto!

Não digo que se tenha que usar todos estes pixeis agora disponíveis para apresentar informação que tenha que ser lida à lupa; mas quando o design começa a intrometer-se no campo da usabilidade, obrigando a que um utilizador tenha que fazer scroll durante diversas páginas para ver algo que muito bem poderia ter sido apresentado numa única página (e assim perdendo também a possibilidade de fazer uma "comparação visual" imediata).

Percebo e aceito que para alguns dispositivos, uns smartclasses, ou um smartwatch, a densidade de informação apresentada tenha que ser reduzida. O que me recuso a aceitar é que à custa disso seja castrada a capacidade que se pode em todos os outros dispositivos onde seja possível dar uso a maior densidade de informação. Senão, por este andar, qualquer dia uma folha de cálculo começa a apresentar-nos apenas 2 linhas e 2 colunas como visão "default"... e todos acharão normal.

2 comentários:

  1. Para não falar das barras de ferramentas do Micr$oft Office...

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  2. Na minha opinião acho que a "evolução" está num bom caminho porque estamos a dar mais atenção ao utilizador do que às máquinas. Em termos de ergonomia é preciso ver que não somos todos iguais e às vezes para acertar no sítio certo tornasse angustiante. Para não falar que os espaços em branco servem para "respirar" a leitura. Não será mais fácil encontrarmos logo a palavra certa do que fazer scroll para cima e para baixo no monte de palavras?
    Se as marcas parassem para pensar e trabalhassem em fundo em 2 ou 3 formatos teríamos melhores Apps.

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