2014/09/06

NASA vai reformatar Opportunity em Marte


Diz a voz da experiência que "em coisa que vai trabalhando bem, não se mexe" - sendo essa uma das máximas que recito sempre que me dá uma daquelas ideias de fazer coisas como actualizações da BIOS às 2h da manhã. Mas por vezes lá tem que ser, como acontece agora com a NASA e o pequeno rover Opportunity em Marte.

Relembre-se que este pequeno rover, concebido para rodar em Marte por 90 dias, por lá permanece activo há mais de 10 anos (!) e já bateu o recorde de distância percorrida em solo extra-terrestre, com mais de 40Km. Após todo este tempo, o Opportunity tem enfrentado um problema que não era esperado à partida e que só se coloca devido à extensão surpreendente da sua missão: as suas memórias flash começam a ficar gastas.

Certamente lembrar-se-ão dos receios nos primeiros SSD devido ao número limitado de ciclos de escrita das memórias flash. Nos SSDs as escritas vão sendo distribuídas por diferentes blocos para evitar esse problema, e existe uma percentagem do disco que fica de reserva para ir substituindo células que se forem gastando - com o efeito prático a ser: já não é necessário preocuparmos-nos com isso. Na memória bem mais limitada a bordo do Opportunity, as coisas são mais complicadas, e depois de alguns erros e reboots devido a falhas de memória, o mesmo vai sofrer uma reformatação total do sistema para ver se se aguenta durante mais algum tempo.


O Opportunity tem um hardware bastante modesto, mesmo para a época em que foi lançado: um CPU BAE RAD6000 a 20MHz (sim, Megahertz), 128MB de RAM, 3MB de EEPROM (firmware), e 256MB de flash, correndo o sistema VxWorks. A diferença é que todo este hardware está preparado para resistir à radiação espacial, que teria efeitos nefastos na electrónica "terrestre". O processo de reformatação permitirá ao sistema marcar todos os blocos que tiverem problemas, devendo permitir a operação normal... até que novamente outros blocos comecem a falhar.

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