2014/12/13

O precioso (e raro) combustível nuclear espacial


Reclamámos constantemente da falta de autonomia dos nossos equipamentos mobile. Agora imaginem o que será criar uma sonda que tem que passar uma dezenas de anos - ou mais - no espaço, sem nenhuma tomada por perto para se poder recarregar. Para estas missões é usado combustível atómico... mas o mais complicado é que se está a esgotar.

A maioria das sondas e satélites que apenas tem que se aventurar até Marte, pode recorrer a painéis solares para se ir mantendo em actividade. Mas como se viu na missão Rosetta, um pequeno deslize na tentativa de aterrar num cometa e a sonda ficou num local à sombra onde rapidamente esgotou as suas baterias.

Para as missões que não podem depender do Sol como fonte de energia, a única opção para gerar energia durante décadas e em quantidade suficiente é usando uma bateria nuclear, e isso significa usar plutónio-238, o combustível que permite que sondas como a Voyager tenham permanecido em funcionamento durante décadas, e continuem a fazê-lo durante muito mais tempo (embora já seja complicado receber as suas transmissões devido à distância a que se encontram, tendo já abandonado o sistema solar).

O grande problema é que as reservas de plutónio-238 são cada vez mais escassas, tornando-o num dos mais preciosos materiais para a exploração espacial. É que este material é resíduo da produção de plutónio-239, usado para as armas nucleares - e como essa produção cessou (felizmente), infelizmente significa que também deixou de se produzir este verdadeiro combustível espacial.



Embora o plutónio-238 seja altamente radioactivo, a sua radiação é facilmente contida por materiais de isolamento. Assim, tornam-se no material ideal para alimentar geradores termo-eléctricos capazes de fornecer energia a sondas espaciais durante décadas, sem que fiquem dependentes da energia solar.

A NASA parece ter apenas 35Kg de plutónio-238, e onde menos de metade é de qualidade suficiente para ser usado em missões espaciais. Para a próxima missão a Marte, deverão gastar-se 5Kg, o que mostra bem que o stock está mesmo prestes a esgotar-se.

Agora estão a por-se em marcha projectos para reactivar as velhas instalações de produção de plutónio-238, assim como novas formas de criar este combustível espacial (ou alternativas) - mas até que isso dê frutos... cada quilo do plutónio-238 que resta terá que ser gasto de forma muito bem pensada.

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