2015/05/20

Análise ao Huawei P8

A Huawei há muito que se tem tentado afastar da imagem de marca "de coisas baratas", apostando em produtos com boa qualidade de construção que lhe têm permitido conquistar seguidores. Com o P8 a marca faz nova ofensiva ao segmento dos topos de gama, e o nosso Luis Costa diz-nos qual foi o resultado.


Com o lançamento do Ascend P2 e P6, ficaram bem claras quais as intenções da Huawei: assalto frontal aos topo de gama. O Ascend P7 foi mais um passo nesta caminhada, e já era notório neste modelo a alteração da estratégia da marca, dedicando grande atenção aos detalhes. A fasquia estava alta e era grande a curiosidade relativamente ao P8 (que deixa cair o Ascend). Terá a Huawei conseguido limar as arestas que faltavam para tomar o seu lugar no segmento dos topo de gama? É o que vamos ver.

O Huawei P8

Numa altura em que as marcas procuram reduzir custos, o packaging é remetido para segundo plano. A Huawei parece discordar desta ideia e não se poupou a esforços, apresentando-nos desde logo uma caixa de refinado traço.


Temos uma tampa a cobrir a embalagem. Por baixo desta, o P8 encastrado e mais um pormenor de elegância. Uma simples tampa plástica a separar as caixas da documentação e acessórios.



A Huawei fornece o habitual set de auriculares, cabo USB, carregador e clip para o alojamento do cartão SIM.

Primeiras impressões


Depois de várias semanas com fugas de informação a surgirem na internet, já não restavam segredos relativamente ao hardware que iria equipar o P8:
  • Processador:
    • Octa-core HiSilicon Kirin 930
    • 4x2.0GHz A53e cores + 4x1.5GHz A53 cores
  • Ecrã IPS LCD 5.2" Full HD (435ppi)
  • Câmara:
    • 13MP, ƒ/2.0 , OIS
    • 8MP frontal
  • 3GB RAM
  • 16GB Armazenamento
  • Slot microSD 
  • Bateria de 2680mAh
Já se sabia pelas declarações do seu CEO, que o ecrã ira permanecer no FullHD, isto numa altura que quase todos os grandes players deram o salto para o QHD. Foi uma jogada algo arriscada, mas olhando para o produto final, a qualidade do ecrã é bastante boa, com cores vibrantes e boa definição de imagem. Contudo, não há nada como uns pixels extra para nos agradar à vista.

O processador, o calcanhar de Aquiles do P7, foi uma das surpresas reveladas nas fugas de informação. A Huawei prescindiu dos mais potentes cores A57, optando por esticar os 4 dos A53. O que não se ganhava em desempenho era recuperado em autonomia. Sendo este um aspecto sempre crítico, não se pode considerar que a marca tenha tomado uma má decisão. Haveria no entanto que tirar as medidas à maquina e ver que tal esta se iria comportar.

O design revela mais uma vez uma cuidada análise de mercado, bebendo inspiração no que de melhor se faz no segmento mobile.

O P7 já tinha revelado excelentes acabamentos, mas as opções tomadas para o P8 conseguiram elevar os padrões de qualidade. A imagem em cima penso que documenta bem a o nível dos acabamentos. 
O corpo metálico tem um boleado a toda a volta, eliminando assim as arestas vivas e proporcionando uma maior conforto na mão.  A câmara traseira, tal como a Huawei fez questão de frisar na apresentação, encontra-se alojada no fino corpo do equipamento, não tendo as protuberâncias que outros equipamentos apresentam.


 O carregamento também foi alvo de atenção com um grafismo animado que representa a carga da bateria.

Software

A opção já não é novidade. EmotionUI, que nos chega agora na sua terceira versão (3.1), a correr por cima de um irreconhecível Android 5.0 Lollipop. Se não tivéssemos a informação nas definições, bem podiam dizer-nos que era outra versão. Dificilmente iríamos desconfiar. Goste-se ou não desta interface, é inegável que a mesma já revela nesta altura  uma qualidade assinalável.


Em vez de uma secção com aplicações, temos tudo no ecrã, organizado por ícones, widgets e pastas. O menu da barra de notificações, tem duas secções, uma para as definições rápidas, outra para as notificações.


Aqui temos um problema em aberto: as notificações aparecem em duplicado. A integração com os serviços da google ainda não é a melhor, mas é de esperar que uma futura actualização corrija estas situações.


As funcionalidades continuam a crescer. A Huawei decidiu implementar um gesto de duplo toque com o nó dos dedos para obter uma captura do ecrã, a qual pode ser editada e partilhada logo de seguida. A edição está limitada ao corte e ocultação de áreas específicas. O nó do dedo pode ainda servir para efectuar a captura de uma parte do ecrã. Basta passar o dedo (sem levantar) ao longo da zona pretendida. Em termos de gestos, o deslizar do dedo para baixo chama a função de pesquisa, dando acesso a aplicações contactos e mensagens.


As definições são apresentadas de duas formas: modo compacto e modo estendido.


 A primeira pretende ser uma forma mais rápida e simples de aceder às principais funções, pois a lista global apresenta uma dimensão considerável.
Na lista estendida, o facto de a Huawei ter optado por centralizar as funcionalidades "extra" e utilizado sub-menus, acaba por facilitar a vida do utilizador, o que no meio de tanta opção é sempre bem vindo.


 As aplicações para optimização do equipamento, controlo de acessos ao wifi e rede móvel, bloquear de aplicações, antivírus (medo...), melhoria da qualidade de sinal, acesso à zona de notificações, consumo de energia, detecção de discurso, navegação com uma mão, são algumas das muitas funcionalidades disponibilizadas. O melhor mesmo, é passarem em revista o menu das definições e explorarem cada uma das opções. Há funcionalidades verdadeiramente úteis, que só se estranha porque razão não fazem parte do Android.

Para facilitar o acesso às configurações, ao bom estilo MS Windows, é possível adicionar atalhos para as mesmas no ecrã inicial.


O consumo da bateria é alvo de grande atenção por parte da Huawei, que coloca à disposição do utilizador várias funcionalidades que visam melhor a gestão dos consumos.

Existem perfis de utilização, que adaptam a velocidade de processamento e de comunicações, aumentado a autonomia. O sistema informa-nos quando detecta uma aplicação a consumir recursos de forma superior ao expectado. Podemos utilizar o painel existente nas definições para escolher quais a apps que podem ser encerradas automaticamente.


Os temas continuam a estar presentes e é possível criar um tema com partes de cada uma das opções disponibilizadas: fundo de um, ícones de outro, etc. Infelizmente, o número de opções é algo reduzido, e ao contrário da anterior versão do EmotionUI, não é possível obter temas online.

Se a Huawei nos "obriga" a utilizar o seu launcher, é desejável que disponibilize um alargado leque de temas, coisa que actualmente, não acontece. O remédio também é simples, basta instalar um dos muitos launchers disponíveis na Play Store.

Em termos de aplicações, temos o pacote standard, com relógio, calendário, calculadora, galeria, música, entre outras, se bem que tudo em versão made in Huawei. Não há lugar às apps Google, o que pelo menos evita ter apps em duplicado.



 A Huawei já disponibilizou não uma, mas três actualizações quase de seguida. Infelizmente, a lista de alterações em chinês não nos permite saber quais as novas funcionalidades e correcções. Este é sem dúvida um dos aspectos a rever.

A câmara


 No ano passado foram as selfies, este ano temos efeitos de luz e fotografia com baixo nível luminosidade. As opções são mais que muitas, o que obriga a um mini curso inicial, para que depois se possa tirar partido daquilo que o equipamento nos oferece. A interface da câmara está dividida em três zonas distintas. Na parte de cima, o controlo do flash, alternar entre câmaras e modos de fotografia:
  • Nota áudio
  • Focar tudo
  • Panorama
  • A melhor fotografia
  • Super noite
  • Marca de água
  • HDR 


Na zona inferior do ecrã, através do swype da zona de disparo, podemos alternar entre mais algumas funcionalidades:
  • Pintura de luz
  • Beleza
  • Foto
  • Vídeo
  • Intervalo de tempo
À esquerda, um ícone de atalho para a pasta das fotos, à direita, filtros de imagem, os quais apresentam uma pré-visualização do efeito.

Na restante área do ecrã, podemos definir o ponto de focagem e gerir a iluminação. Esta possibilidade é bastante prática e útil, ajustando as condições da fotografia automaticamente.

O detalhe das imagens é bastante bom, especialmente na fotografia a curta distância.


Com pouca luz, podemos recorrer ao modo de fotografia para estas condições. Apenas temos de manter o equipamento imóvel durante alguns segundos. O resultado, tendo em conta a pouca luz, e muito interessante.



As cores são fieis ao original, e quanto melhor a iluminação do local melhor também saem as fotografias (o que é normal...).

Em funcionamento 


Android Lollipop 5.0? Ninguém diria, pois a máscara aplicada pelo EmotionUI modifica por completo a interface padrão do Android. O EmotionUI já atingiu a idade adulta. Funciona de forma exemplar, fluída, sem atrasos ou freezes. O utilizador acaba por ser forçado a aprender a conviver com esta nova interface, e apesar de intuitiva, obriga a um período inicial de aprendizagem.




A grande dúvida que se colocava inicialmente, era se o processador seria capaz de estar à altura da qualidade que o conjunto apresentava. Instalei um conjunto alargado de jogos, e não detectei qualquer problema de fluidez nos mesmos. Curiosamente, depois de instaladas as actualizações, o Subway Surfers começou a apresentar algumas micro-paragens, o que não deixa de ser estranho, pois o comportamento normal deveria isso sim, apresentar melhorias.



As aplicações de benchmark apresentam resultados dentro do esperado. Há que referir no entanto que os valores estão em linha com os resultados dos equipamentos que estão à cerca de um ano no mercado. O Antutu, por exemplo, apresenta um valor cerca 25% inferior (~60000) ao obtido pelo Snapdragon 810 e Exynos 7420 a correr resolução QHD. A diferença é por isso notória, e de alguma forma preocupante, não para o P8, mas sim para os novos equipamentos que venham a ser lançados com ecrãs QHD. No que ao P8 diz respeito, o conjunto é equilibrado e o desempenho está de acordo com o que se espera de um topo de gama.

A autonomia confirma aquilo que foi a aposta da Huawei. Mesmo em utilização intensiva, o desempenho do P8 correspondeu às expectitvas. Duas horas de Ingress, com Wifi e GPS activo e 3 horas e meia de ecrã são valores bastante bons. Posto isto, o P8 chega ao final do dia ainda com alguma bateria, fazendo com facilidade um dia de utilização. Claro está que não há milagres. Quanto mais utilizarem, e mais aplicações estiverem a correr, menor autonomia vão ter.

Apreciação Final


Termino como comecei, a fasquia estava alta, mas o P8 correspondeu às elevadas expectativas criadas à volta do mesmo. As escolhas da Huawei revelaram-se acertadas. Mantendo a resolução do ecrã, e actualizando o processador, conseguiu melhorar o desempenho do equipamento, anulando as pequenas paragens que por vezes se detectavam no P7. Em termos de autonomia, o P8 não desiludiu, garantindo um dia de utilização sem grandes preocupações.

O corpo metálico apresenta uma excelente qualidade de acabamentos, e o comportamento em utilização é agradável. Apenas um reparo relativamente à resistência aos riscos. Em utilização continuada, nota-se que o corpo metálico fica marcado com alguma facilidade, pelo que é recomendada a utilização de uma capa.

A interface EmotionUI, goste-se ou não da mesma, continua a receber melhorias, e apresenta nesta altura uma qualidade digna de registo. O software desenvolvido pela Huawei contribui para melhorar a experiência do utilizador, adicionando ao Android funcionalidades que acrescentam valor ao conjunto.

A câmara permite a obtenção de fotografias de qualidade, especialmente a curtas distâncias, onde o detalhe da pormenor fica bem visível. As opções disponibilizadas, permitem ao utilizador fazer umas brincadeiras engraçadas, bastando para isso dominar as funções da aplicação que controla a câmara.

A Huawei conseguiu com este P8 alcançar o já merecido lugar junto dos topo de gama, por isso mesmo, recebe o nosso tão desejado Escaldante. Resta agora ver como se vão portar com as actualizações do Android, sendo este o último aspecto que urge melhorar.



Huawei P8


Prós
  • Conjunto equilibrado
  • Aplicações e funcionalidades acrescentam valor ao produto
  • Autonomia
  • Qualidade dos acabamentos
Contras
  • Resistência do corpo metálico ao desgaste
  • EmotionUI oculta a interface do Android
  • Compatibilidade com os serviços da Google

Galeria de imagens





8 comentários:

  1. Boas...
    A EmotionUI e bastante parecida com a MIUI dos Xiaomis....

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  2. Gostei da análise sim senhor...Apenas faltou referir o preço.

    O que eu não gosto mesmo é do EmotionUI não acho bonito, um Launcher novo ajuda mas não resolve tudo :)

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    1. Havia uma dúvida relativamente ao preço recomendado.

      A apresentação oficial em Portugal só teve lugar ontem, e por isso mesmo só agora podemos comunicar o valor oficial: PVPR 499€ nas cores de Champanhe e Grey.

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    2. Sim eu pensei logo nisso

      no problem

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  3. Luis, fizeste teste do telemóvel em funcionamento com dois Cartões SIM ?
    Se sim como se comportou a bateria dele com os dois SIM´s ?
    Obrigado.

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    1. A versão dual SIM não se destina ao mercado ocidental. O tray só dá para microSD

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  4. Também tenho andado a utilizar o Huawei P8 e estou muito satisfeita com ele. É de facto um telemóvel com muitas funcionalidades excelentes.
    http://livinginbshoes.com/as-13-coisas-que-adoro-no-huawei-p8/

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