2015/12/19

Cientista cognitivo quer ensinar computadores a aprenderem como crianças


A Inteligência Artificial é um tópico que tem estado na moda, mas há quem não tenha problemas em dizer que se está a apostar na forma errada de o fazer e proponha um método que se assemelhe ainda mais ao da aprendizagem do cérebro humano.

Gary Marcus é um cientista que há muito se dedica a estudar o processo cognitivo do cérebro e a forma como aprendemos e processamos a informação; e que diz que a aposta que tem sido feita nas redes neuronais e no deep-learning não nos dará a inteligência artificial que se deseja - e que o sistema que está a desenvolver consegue superar essas soluções.

O deep-learning tem sido usado com resultados que não deixam de ser surpreendentes. É graças a sistemas destes que podemos perguntar ao Google para nos mostrar fotos de uma flor ou de um por do so, e obter os resultados desejados; ou que o reconhecimento de voz actualmente seja mais fiável que nunca. No entanto esta "inteligência" é conseguida apenas à custa de um treino feito com milhões e milhões de exemplos, que os computadores usam para "aprender" mas sem que tenham qualquer consciência do que estão a ver. Um computador identifica um por-do-sol porque é a imagem mais aproximada com a dos milhões de exemplos desse tipo que já viu; e não por saber o que é propriamente o Sol, e porque motivo está a desaparecer no horizonte.

Para Gary, o que se quer é outra coisa, algo mais parecido com a curiosidade e capacidade de relacionamento que uma criança tem, e que é capaz de lidar mesmo com coisas que nunca tenha visto antes, inferindo o que será mais provável com base naquilo que já aprendeu. Por exemplo, aplicado a um carro sem condutor, um destes sistemas não teria que ter "milhões de quilómetros" de treino, aos quais se adicionariam milhares de regras específicas para tentar contemplar todas as possibilidades que se poderão encontrar na via pública; da mesma forma que um condutor humano não tem esse treino - o que se tem é a capacidade de reagir ao previsto e ao imprevisto, com base nas regras que se têm que seguir para circulação na estrada em segurança.

... Ainda não será este sistema que dará consciência aos computadores; mas certamente irá torná-los ainda mais parecidos connosco; o que será útil para muitas situações.

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