Hoje em dia estamos habituados a poder tirar o smartphone do bolso a qualquer momento, e jogar praticamente qualquer tipo de jogo que se deseje. Mas importará relembrar o quanto se evoluiu na última década.
A era do Android começou oficialmente em 2008 com o lançamento do T-Mobile G1 nos Estados Unidos. Apesar de agora o considerarmos completamente obsoleto (ecrã de 320x480, 192MB de RAM) foi o modelo que serviu de base para a plataforma que hoje domina o mundo. Coisas que hoje damos como garantidas devem-se aos desenvolvimentos feitos a partir de smartphones como o G1, sendo que outro dos factores importantes e que contribuíram para o seu sucesso foram os jogos.
[o Android G1 - numa altura em que teclado físico e trackball ainda eram... normais]
Isso porque, até então, os telemóveis vinham com jogos pré-instalados de origem, concebidos para servirem apenas para entreter os utilizadores durante alguns minutos (talvez o snake possa ter sido responsável por roubar mais tempo que isso a muita gente) mas sendo bastante limitados. Com o aparecimento da plataforma Android e com a popularização dos smartphones com ecrãs cada vez maiores e melhores processadores, as editoras perceberam que este era um filão que interessava explorar - afinal... ao contrário dos PCs e das consolas, um smartphone é um dispositivo que está sempre à mão, dentro ou fora de casa.
[Snake num Nokia - uma obrigatoriedade na era pré-smartphone]
Isso deu origem a uma grande variedade de jogos destinados a todo o tipo de jogadores: jogos de acção, estratégia, puzzles, etc. E de vez em quando, lá surgia um que se tornava um verdadeiro sucesso mundial, como foi o caso do Angry Birds (agora já longe dos seus tempos de glória), Pet Rescue Saga, Candy Crush, Football Manager, entre muitos outros, onde se incluem também os jogos mais tradicionais e sempre populares, como os de sudoku, cartas, palavras cruzadas ou jogos de casino; e claro, as recriações de jogos clássicos ou o recurso a emuladores para nos levar aos tempos das máquinas arcade mais antigas, ou jogos do ZX Spectrum.
Com a plataforma a acumular centenas de milhões de utilizadores, até os grandes estúdios começaram a olhar para as plataformas mobile de outro modo. Se noutros tempos seriam impensável ter jogos FPS ou RPGs complexos a correr num smartphone; a evolução tecnológica fez desaparecer essas limitações - pelo que hoje em dia é perfeitamente possível ter-se praticamente qualquer jogo que se tenha num PC ou consola, a correr num smartphone ou tablet (a recente Switch da Nintendo é disso exemplo) mesmo se será obrigatório ter em consideração a devida diferença que separa um smartphone e uma placa gráfica que, sozinha, poderá custar o triplo ou quadruplo do seu preço.
[N.O.V.A. 3 - um jogo de "encher o olho"]
Claro que nem só da qualidade gráfica vivem os jogos, mas também é preciso ter em conta que um smartphone actual acaba por ter um ecrã com maior resolução do que a maioria dos computadores tinha há uma década atrás; e é garantidamente mais potente que os computadores pessoas que usávamos na década de 90. Hoje em dia será difícil encontrar smartphones com resolução inferior ao Full HD, com os topo de gama a oferecerem ecrãs Quad HD (para não falar daqueles que até já têm ecrãs 4K) e 6GB de RAM - um bonito contraste face aos 192MB do G1 - pelo que as capacidades para jogos cada vez mais potentes e complexos está assegurada.
Eventualmente, descobriremos que aquilo em que a Nintendo está a apostar com a Switch acabará por se tornar comum nas plataformas mobile como o Android. Facilitando o processo de jogar quando se está fora de casa, e também substituindo o papel de uma consola tradicional em casa. Isso não significará que algumas pessoas continuem a investir em consolas dedicadas mais potentes... mas, à semelhança do que aconteceu com as câmaras compactas, os jogos "suficientemente bons" que podem correr nos seus smartphones permitirão à maioria dispensar o investimento extra.
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