2019/03/15

Massacre na NZ teve streaming em directo no Facebook Live


Ainda o mundo tentava recuperar de um massacre numa escola do Brasil, e eis que temos outro em mesquitas na Nova Zelândia, que teve direito a transmissão em directo por um dos atiradores. Um caso que, mais uma vez, vem atirar "culpas" para as plataforma de streaming e os videojogos.

Com o massacre a ter sido emitido em directo através do Facebook Live, começa nova onda de contestação e crítica ao facto do Facebook e outras plataformas não serem eficientes a remover estes conteúdos - uma tarefa que, como qualquer pessoa compreenderá, não é nada fácil (para não dizer impossível).

Se a tecnologia nos dá ferramentas, úteis, que nos permitem partilhar o que fazemos com o resto do mundo, será inevitável que essas mesmas ferramentas sejam abusadas por certas pessoas que as utilizem para partilhar actos horrendos. Quando isso acontece, há apenas que tentar remover os conteúdos indevidos o mais rapidamente possível... mas tendo consciência de que será mais que provável que esses conteúdos já tenham sido replicados por muitas outras plataformas, e que para sempre fiquem disponíveis, mesmo que num qualquer recanto mais obscuro da internet - não sendo isso nada de novo.

O que mais me irrita nestas situações, é que se tente virar o foco da problema para a "streaming" que foi feito por um atirador, ou para um qualquer videojogo que jogasse; em vez de coisas como: porque é que estas pessoas tiveram acesso a armas; porque é que estas pessoas chegaram ao ponto de cometer tais barbaridades sem que familiares, amigos, ou conhecidos conseguissem, no mínimo, detectar alguns sinais de alerta.

... Penso que não será também preciso relembrar que há milénios que se fazem massacres em nome da religião (cruzadas, inquisição, etc.) e não havia internet para levar com as culpas. Neste caso, parece-me que será melhor considerar a internet como sendo um espelho da nossa sociedade e, se não se gosta do que por lá se vê, não me parece que a solução seja culpabilizar o espelho.

10 comentários:

  1. Tudo bem, mas desculpar a atitude deplorável do Facebook que em cada polémica nova diz que vai fazer melhor e passado dois meses surge outra polémica... Vão fazer melhor nada. Tentam fazer o mínimo possível e esperar que a polémica passe para não gastar dinheiro!

    Porque é que tem que se meter no negócio de streaming de vídeo e porque é que não exigem que o stream seja pré-aprovado antes de começar? Sejam mais rigorosos com quem deixam fazer streaming.

    Já não é a primeira vez que acontecem homicídios em direto nesta plataforma. Está a ser ABUSADA porque não foi bem pensada. É escusado andar a inventar desculpas ou atirar as culpas para outras coisas.
    Acabem com o streaming em direto em vídeo. Vai ser doloroso em termos financeiros? Talvez, coitadinhos mas têm que assumir as responsabilidades pelos malefícios que a sua postura de laissez-faire trás!

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  2. Compreendo o que escreves, mas de facto se pensarmos bem a origem do massacre não está no FB, sou um crítico do FB há muitos anos não é de agora, mas é preciso que as nossas sociedades repensem estas temáticas, a começar pelo acesso às armas, nunca compreendi, nem nunca irei compreender como é que nos USA nos proíbem de fumar na rua e depois no quiosque da esquina podemos comprar uma arma automática.

    Depois temos na Europa o tráfico de armas vindo do leste Europeu, para quando medidas sérias contra esta calamidade, que aumenta a violência da criminalidade, o controle das armas é para mim o ponto central em todo este processo.

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    1. São problemas diferentes. Não é desculpando e apontando a um problema que não se deve resolver o outro!

      É um facto que as redes sociais permitem a propagação de comportamentos de ódio. É um facto que live-streaming de vídeo em plataformas que chegam a biliões de pessoas e sem moderação potenciam o desejo de lunáticos em afzer coisas destas!

      Acho que estes últimos anos já deixaram mais do que evidente que a falta de regulação e fiscalização na Internet tem criado inúmeros problemas. Especialmente quando isso dá liberdade a gigantes como o Facebook ou a Google de fazerem o que bem lhes apetece e sem terem que se preocupar com moderação do conteúdo!

      E quando dão ás pessoas conteúdos de ódio (Daesh, extrema direita), teorias da conspiração absurdas (Flat-Earth theory), e promoção de comportamentos perigosos (pedófilos a fazer tags em vídeos de crianças no Youtube, anti-vacinação, grupos e páginas no Facebook que defendem tratamentos de cristais para curar o cancro e para evitar ir ao médico, etc) porque os seus algoritmos determinam que é mais provável um utlizador clicar nesses links/vídeos/imagens tudo para gerar mais receitas em publicidade graças ao "engagement".

      Desculpem lá mas chega! Obriguem a Google e o Facebook a terem que moderar e policiar o conteúdo nas suas plataformas. Os media tradicionais são obrigados a fazê-lo e isso é algo que limita o seu crescimento. Por que raio é que estes gigantes são imunes a isso? Desculpem, mas isso é treta.

      Espero bem que a UE continue a fazer a vida negra a estas empresas e que exija de facto que tenham que ter alguém a ter que visionar e fiscalizar conteúdos publicados. Idealmente ANTES de serem publicados como acontece nos media tradicionais.

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    2. @Rosmano,

      Boa tarde, estou de acordo com o que escreves e de forma alguma quiz em algum momento isentar o FB cujas políticas abomino, mas não posso estar de acordo consigo quando escreve que são problemas distintos.

      Um bom dia

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    3. Basta relembrar a importância de se ter revelado o massacre de Sta. Cruz em Timor, Olha se fosse coisa que as plataformas achassem que devia ser censurado (essa e muitas outras, muitas delas que já tem sido apagadas das plataformas digitais, dificultando registar e culpabilizar crimes de guerra.

      Mas com o artigo 13 fica logo tudo resolvido, basta os fabricantes de armas dizerem que não permitem videos onde sejam visíveis as suas armas, é o mundo ficará imediatamente livre de violência com armas na internet.

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    4. Sim, o Massacre de Sta. Cruz em Timor foi revelado por livestream no Facebook ou no Youtube Carlos. Por favor...
      Aí houve trabalho jornalístico, redacções de jornalistas receberam o vídeo e julgaram se devia ser publicado.

      Houve um filtro e critério editorial antes da divulgação.
      E o que é que isto tem a ver com o artigo 13, desculpa lá?
      Achas que o Facebook e o Youtube não devem ser responsabilizados pelo conteúdo das suas plataformas? É que efectivamente competem com os media tradicionais, não só por publicidade mas também pelo conteúdo porque em 24 horas diárias, só existe tanto tempo para dedicar aos ecrãs.

      Não terem que se preocupar com moderação de conteúdo e editorialização é uma desvantagem injusta E está mais que visto as inúmeras consequências perniciosas para a sociedade nos últimos tempos, de deixar essa responsabilidade para algoritmos cegos e que estão calibrados para potenciar o tempo de engagement de uma pessoa com essas plataformas e não com alguma responsabilidade social.

      Até parece que nos últimos anos não notaste também como certas ditaduras abusaram fácilmente também deste sistema de falta de moderação. Pode dificultar o registar e culpabilizar crimes de guerra? Olha, o jornalismo tradicional ainda existe e faz um excelente trabalho. Digo mais, os casos com mais impacto na sociedade foram fruto do jornalismo tradicional! Ex. os Panama Papers, a divulgação que o "santo" Assange conspirou com os russos para manipular eleições livres nos EUA, o caso da jornalista maltesa assassinada, etc, etc.

      Mas pronto, é mais nobre permitir a divulgação em direto de vídeos de massacres de inocentes enquanto que lunáticos de extrema direita fazem likes e propagam pelos seus contactos. Isso é que é liberdade de expressão!!
      Talvez possámos ver um grande feito jornalístico a ser feito em direto (ou não).

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    5. Concordo com tudo, ... mas não esquecer que as armas que mataram estas pessoas foram compradas legalmente na Nova Zelândia, como escrevi no meu primeiro post, tudo está interligado.

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    6. Rosmano, estás consciente de que temos coisas como a CM TV, certo? (Só para relembrar a "latitude" do dito "trabalho jornalístico").

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    7. E uma coisa impede a outra Carlos?
      Se não gostas da CMTV podes telefonar ou escrever e-mails há ERC e como qualquer outra empresa de media está sujeita a re-gu-la-ção.

      Explica-me por favor porque é que mega-empresas que são plataformas de publicação de conteúdo não devem ser sujeitas a regulação e podem lavar as mãos do conteúdo lá publicado?

      É só porque é "na Internet"? É que já ficou mais que bem evidente os impactos negativos brutais que a ausência de regulação, moderação e fiscalização na Internet tem causado.

      É complicado e chato mas com o evoluir do tempo as coisas mudam. A internet de hoje em dia não tem nada a ver com a Internet dos anos 90 ou dos anos 00, e não me estou só a referir ás velocidades.

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    8. Estás a esquecer-te que *são* de facto reguladas, e que estes conteúdos *são* removidos assim que são detectados.

      O que não me parece lógico nem justo é que por causa de uns poucos usos abusivos se penalizem centenas de milhões de utilizadores legítimos...

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