A necessidade do jailbreak nos iPhones

O recente lançamento de um novo jailbreak para os iPhones mais recentes (entretanto já tapado pela Apple com o iOS 13.5.1) faz-nos perguntar: mas, ainda há quem esteja interessado em fazer jailbreak nos iPhones? E a resposta é sim, e por vezes por motivos que não são os habituais.

O iOS e os iPhones são um produto que "funciona bem", ou melhor dizendo, funciona suficientemente bem de modo a quase nos fazer esquecer que na verdade só podemos fazer com ele aquilo que a Apple achar que podemos fazer. O chamado "walled garden" na prática funciona como uma prisão, que mesmo que tenha as condições de um "country club" onde os utilizadores permanecem alegremente sem vontade de sair, continua a ser uma prisão - rapidamente demonstrada assim que alguém desejar ir contra as regras definidas / impostas.

Mas afinal, será que ainda se justifica fazer jailbreak a um iPhone, para que se possa fazer com ele aquilo que muito bem desejarmos fazer, independentemente do que a Apple acha, sabendo que se ficará exposto aos riscos? Para algumas pessoas não se trata de justificar os riscos, mas sim algo a que não podem evitar.

My son’s needs evolve. I have made icons giant size to help him tap (muscle issues), disabled the ability to accidentally delete content, locked LTE to ON so we can always track him, password protect folders/apps, customized lock & dim settings so his iPhone will last the day.

— GadgetGal (@GadgetGal_) May 25, 2020

[mudar o tamanho dos icons - uma das muitas alterações possíveis com jailbreak]

Há pessoas que dependem do jailbreak para conseguirem configurar iPhones e tablets de forma a que fiquem aptos a ser utilizados por pessoas com necessidades especiais, fazendo alterações como colocar os icons em tamanho extra-grande, desactivar o eliminar de coisas, proteger pastas com passwords para impedir o acesso indevido, manter a ligação de dados permanente sem que possa ser desligada, etc. Tudo coisas que não se podem fazer num iPhone ou iPad "controlado" pela Apple.

Por muito que a Apple se esteja a esquivar à questão, parece-me inevitável que se está a chegar a um ponto em que também ela terá que abrir mão do controlo intransigente do seu iOS e, à semelhança do Android, passar a permitir que os utilizadores instalem apps de fora da App Store e, se assim o entenderem, fazerem alterações mais profundas que mexam com o sistema... obviamente, por sua conta e risco - mas um risco que não se poderá aceitar que fique fora do direito de escolha do consumidor / utilizador...