O novo serviço de streaming HBO Max não só está a esticar ao limite o número de serviços de streaming de uma mesma empresa, como também mostra os riscos dos monopólios e dos atropelos à neutralidade dos dados que funcionam em seu próprio favor: neste caso, ao não contar dados na AT&T.
Nos EUA, quem aderir ao novo serviço HBO Max (que supostamente surgirá em substituição do HBO Now, mas não do HBO Go, mas dependendo de como e onde o utilizam) e utilizar uma ligação da AT&T (que comprou a WarnerMedia que detém a HBO), terá a vantagem de não ver os dados contabilizados para efeitos do seu tarifário, ao contrário do que acontece com os demais serviços de streaming como a Netflix, Amazon Prime Video, etc.
Infelizmente, é um panorama que por cá bem conhecemos, e contra o qual sempre temos batalhado - que já vinha dos tempos do MEO Music, com o tráfego incluído na MEO, e que desde então tem proliferado para níveis cada vez mais ridículos:
— Francisco Marques (@tofran_) May 31, 2020
Sim, por cá continuamos a ter operadores que insistem na diferenciação de dados, contabilizando diferentemente dados para diferentes apps e serviços (vídeo, redes sociais, música, mensagens) em vez de tratar todos os dados por igual e se limitarem a disponibilizar dados - que por esta altura já deveriam estar a ser oferecidos em quantidade ilimitada, tal como nas ligações fixas, ou pelo menos com uma centena de gigabytes a preço reduzido, como acontece noutros países europeus.
Bem sabemos que muitos operadores salivam perante a perspectiva de poderem tornar o acesso à internet num labirinto de opções e extras cobrados à parte, ao estilo do que acontece com o acesso aos canais de TV, com o resultado que muito bem se conhece: centenas de canais "sem interesse" a serem oferecidos; com os poucos canais de interesse a ficarem divididos em pacotes pelos quais pedem mensalidades adicionais. Um sistema destinado ao colapso, à medida que cada vez mais pessoas se vão contentando com os canais públicos e o acesso a serviços de streaming... e que ajudará a perceber porque motivo devem andar a fazer pressão acrescida contra a expansão das leis de neutralidade, para evitar que o "zero rating" (a diferenciação do tráfego oferecido para certas apps / serviços) seja considerado uma violação da neutralidade dos dados, como deveria ser.
Se os servidores correm dentro da própria rede, ou usam a própria rede da AT&T faz todo o sentido que possam não contar tal tráfego... uma vez que para eles é "grátis".
ResponderEliminarOutra conversa é fazer as pessoas pagarem mais para acederem a isto e aquilo que está fora das suas redes em vez de simplesmente oferecerem/ venderem de forma genérica o volume de dados para o que a pessoa bem lhe apetecer.
O próprio conceito de limitarem o volume de dados que se pode enviar/ receber só tem uma explicação: ganhar dinheiro!
Tecnicamente só faz sentido cobrar a largura de banda utilizada, porque isso sim tem custos verdadeiros associados em equipamento e material que tem de ser usado/ optimizado/ mantido.