2020/09/20

O dilema das redes sociais


O The Social Dilemma é um documentário da Netflix que se foca nos perigos das redes socais e que está a gerar alguma polémica.

O documentário conta com a participação de alguns nomes sonantes no sector tecnológico, pessoas que estiveram envolvidas na criação de alguns dos serviços mais populares da actualidade, e de coisas como o botão de "Like" do Facebook, o scroll infinito, e muitas outras coisas. Mas o que têm em comum é darem um sinal de alerta para os grandes perigos das redes sociais, nos seus moldes actuais, na destruição da própria sociedade e democracia.

O documentário pinta um cenário negro, de como as redes sociais e outros serviços online, empregam todo o tipo de tácticas psicológicas para nos manterem agarrados aos computadores e smartphones, competindo por cada segundo da nossa atenção como forma de nos impingirem publicidade. É algo que é apresentado de forma gráfica e explícita (e até divertida, não fosse o caso de ser um assunto sério) mediante a representação destes sistemas através de três versões miniaturas de cada pessoa, que vão analisando o comportamento e escolhendo as tácticas que pensam ser mais eficazes.


Um dos problemas apontados no documentário, é que actualmente esse controlo já escapa às pessoas que criaram os próprios sistemas, já que o recurso aos sistemas A.I. e de Machine Learning faz com que sejam as próprias máquinas a aprenderem e aprimorarem as suas próprias tácticas, incessantemente estudando o que gera melhores resultados - pessoas mais tempo a olhar para o smartphone, que se traduz em mais lucros com publicidade - a escalas que serão incompreensíveis para as mentes humanas.

Cá fora, as críticas ao documentário centram-se no facto de ser apresentada apenas um lado da questão, a de um cenário apocalíptico, sem apresentar vozes discordantes. O mais próximo que disso se chega é quando em breves momentos é referido que as redes sociais também permitiram / permitem muitas coisas boas; mas não sendo isso que é explorado.

Pessoalmente, acho que o documentário, mesmo focando-se apenas num lado da questão, está bem estruturado para o propósito a que se destinava: o de alertar as pessoas e dar-lhes a conhecer um pouco daquilo que se passa nos bastidores dos serviços que utilizamos diariamente.

Não será preciso ser radical ao ponto de abandonar as redes sociais e deixar de utilizar a internet; mas será recomendável (e saudável), estar consciente das técnicas e tácticas que são utilizadas por estes serviços - tal como é conveniente estar informado das técnicas de marketing que nos tentam empurrar para certas marcas ou produtos nas lojas que visitamos.

Se tiverem oportunidade, espreitem este The Social Dilemma. No pior caso apenas ficam a saber aquilo que já sabiam, no melhor caso poderão passar a olhar para as redes sociais com um olhar mais crítico.

11 comentários:

  1. tens redes sociais que não funcionam da mesma forma que as apresentadas no documentário, mas precisamente por isso acabam por não ter grande tracção, lol, por exemplo: https://wt.social/

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  2. Excelente. Não vi (e como não sou subscritor da Netflix, muito provavelmente não irei ver) mas considero que cada vez mais é um debate que urge fazer:

    Pesar mesmo muito bem os prós e contras da desgraça social que as redes tecnológicas produzem a uma considerável parte da humanidade.

    Esta é uma das máximas básicas da vida: Nunca se poderá alguma vez considerar algo que seja como sendo apenas positivo.

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  3. Eu acho que o verdadeiro problema é o vazio das pessoas. E sem as redes sociais iriam buscar alienação a outro lado.

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  4. O fim do documentário é bom, tem uma carrada de dicas.

    Mas ninguém faz nada depois. Falta depois fazer alguma coisa, tomar alguma atitude por mais pequena que seja.

    A maioria das pessoas vê o documentário, fica chocada, apaga a TV e volta às mesmas rotinas de sempre.

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    1. Não é abrupto, mas um costume serenizado aos poucos

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  5. Achei o documentário ótimo. Oferece reflexões às pessoas sobre o tempo que passam as pessoas nas redes sociais e esquecem do mundo real, como são influenciadas pelas próprias pesquisas, que não são tão próprias assim, e o que podem fazer para tornar menos perigoso. Gosto por propor reflexões, algo que parece escasso na era da (des)informação

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  6. O que é mas assustador pra mim, no documentário, é que nenhum dos nomes das big techs conseguiram encontrar alguma solução prática para o problema.

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    1. (ainda não vi o documentário) Mas digo que tal como as coisas estão, e do ponto de vista das "big tech" não existe problema.

      Problema existe, isso sim, do ponto de vista dos cidadãos.

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  7. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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