Começando pela parte boa, este The Medium é um jogo que está incluído no Xbox Game Pass, pelo que os subscritores do serviço podem jogá-lo sem se preocuparem com mais nada. A sinopse oficial refere:
Transforma-te numa médium que vive entre dois mundos diferentes: o mundo real e o mundo dos espíritos. Atormentado pela visão do homicídio de uma criança viajarás até uma estância hoteleira abandonada onde, há muitos anos atrás, ocorreu uma tragédia impensável. Aí começas a tua busca por respostas difíceis. Como um médium com acesso aos dois mundos, tens uma perspetiva mais ampla e podes ver mais claramente que não há uma verdade simples para o que os outros percebem. Nada é o que parece, tudo tem outro lado.
Enquanto história, o jogo é bastante interessante, embora conte com algumas lacunas que deixam bastante a desejar, como o facto de fazer fortes insinuações a certo tipo de acontecimentos, que depois não são desenvolvidos. Refira-se que por causa disto mesmo, existem muitas e prolongadas "cenas" não interactivas que teremos que assistir para compreender o que se passa (uma vez que não é o que mais prefiro, confesso que por vezes senti-me tentado a passá-las à frente... mas lá aguentei.) As cenas verdadeiramente assustadoras acabam por ser poucas, o que pode ser visto como um pró, ou contra, dependendo da preferência pessoal.
Tecnicamente, o sentimento é misto. O jogo procura diferenciar-se com o seu sistema de realidade dupla simultânea, onde por vezes jogamos simultaneamente tanto no mundo real como no mundo dos espíritos. É este esforço acrescido exigido ao GPU que aparentemente impede que o jogo esteja disponível para as Xbox anteriores - embora se possa dizer que acaba por ser tecnicamente semelhante a um jogo que permita split-screen para 2 jogadores. O jogo corre sempre fluidamente numa Xbox Series X, e por vezes temos cenários que realmente parecem tirar partido da potência que a consola disponibiliza, mas na maior parte dos casos os gráficos pouco ou nada sobressaem face ao que já era possível ter na geração anterior. Continuamos a ter um jogo com movimentos mecanizados e pouco naturais dos personagens, e expressões faciais praticamente inexistentes - nada que se aproxime do nível a que jogos como The Last of Us parte 2 já nos habituaram (mesmo correndo numa "velha" PS4).
O jogo vale pela história e pela curiosidade dos puzzles em ecrã duplo, que por vezes nos obrigam a saltar para o mundo dos espíritos para superar barreiras intransponíveis no mundo real. Mas é penalizado por alguns puzzles que nos obrigam a repetir sequências idênticas por diversas vezes, ou ainda manter o recurso a partes de abrandamento forçado que tradicionalmente eram usadas nas consolas anteriores para disfarçar o tempo de loading de novas secções, e que não deveriam ser necessárias numa Xbox Series X|S com SSD. Aliás, ponto negativo para partes do jogo em que se morre e se tem que aguardar uma dezena de segundos para o jogo recomeçar no exacto local em que já se estava, e que deveria ser algo imediato.
Esperemos que os próximos jogos exclusivos e optimizados para a Series X|S façam um melhor serviço de tirar partido das capacidades da consola.
Sem comentários:
Enviar um comentário (problemas a comentar?)