Alertas de incêndio em Portugal continuam a demorar horas a chegar

Enquanto outros países europeus se vão mudando para o Cell Broadcast, em Portugal desperdiçam-se milhões de euros no envio de SMS para os alertas da protecção civil, que podem demorar horas a chegar às populações.

É incrível, para não dizer inadmissível, que com toda a tecnologia disponível actualmente, se insista em continuar a usar as ferramentas erradas para situações que, potencialmente, podem ser de vida ou de morte. Mesmo depois de já termos testemunhado tragédias como a de Pedrogão, inexplicavelmente continuamos a ver as operadoras a promoverem o SMS como sistema adequado para o envio dos alertas de emergência da Protecção Civil, com os resultados que se podem verificar.

Portugal refuses to use Cell Broadcast for Public Warning.

Using Cell Broadcast the alert would have been delivered in 4 seconds on all my smartphones, cell phones, smartwatches and tablets.@_ANACOM_ @govpt@ainterna_pt@ProteccaoCivil#cellbroadcast #anepc #publicwarning pic.twitter.com/OgWF3C6eKK

— Ricardo Saraiva (@ricardojsaraiva) August 21, 2022

Os alertas de emergência via SMS da Protecção Civil podem demorar horas(!) a chegar a todas as pessoas; e isto no caso de chegarem - já que os SMS podem não chegar a smartphones que estejam sem saldo, por exemplo.

Isto quando, há muito, os operadore têm disponíveis o Cell Broadcast, que foi concebido precisamente para fazer chegar mensagens a todos os smartphones, de forma eficiente, em poucos segundos, até em casos em que os smartphones possam nem sequer ter um cartão SIM instalado. Uma tecnologia que os próprios operadores portugueses já utilizaram no passado, mas da qual se parecem ter convenientemente esquecido por não resultar em milhões de euros de lucro fácil face ao envio dos SMS tradicionais.

Será que veremos responsáveis dos operadores nacionais e protecção civil serem responsabilizados por estas (péssimas) decisões técnicas, da próxima vez que enfrentarmos nova tragédia? Ou será que continuarão completamente impávidos e serenos face às estatísticas que indicam o número de pessoas vítimas de incêndio, que potencialmente poderiam ter sido evitadas com o envio atempado das mensagens de alerta?