Operadores de telecomunicações Europeus querem que gigantes da internet paguem por uso das suas redes

Um grupo dos maiores operadores de telecomunicações na Europa apela à UE para obrigar os gigantes da internet, como a Google e Netflix, a pagarem pelo uso das suas redes de comunicação.

O caso é recorrente, e provavelmente fomentado por casos no passado (nomeadamente contra a Netflix) que resultaram em acordos favoráveis aos operadores. Os operadores queixam-se que têm que gastar "biliões" a criar as suas redes de fibra e redes 5G, que depois são usados pelos gigantes da internet sem qualquer contrapartida.

A internet é um caso curioso, uma vez que assenta no pressuposto da partilha de toda a rede, em que os diversos operadores assumem que o custo dos dados a passar na sua parte da rede é compensado pelo custo que teriam que pagar a outros operadores para os seus dados passarem lá. Mas, de vez em quando, lá surge um processo quando há serviços que usam a rede de forma desproporcional, levando os operadores a tentarem ir buscar mais uns trocos fáceis (leia-se: milhões de euros).

Do lado das empresas tecnológicas, relembram que também investem milhões em infraestruturas, como cabos submarinos, data centers, além dos conteúdos e serviços que promovem o uso da internet e a subscrição de serviços de maior velocidade; e que isto é uma tentativa descarada de tentarem ganhar duplamente à custa dos consumidores europeus.

Uma coisa é certa, qualquer que seja o aumento, será sempre algo que irá cair sobre os consumidores: se os operadores quiserem que a Netflix pague taxa europeia, a Netflix facilmente usará isso como desculpa para aumentar a mensalidade; a Google facilmente impingirá mais publicidade para compensar qualquer custo acrescido; e assim por diante. E já nem vamos falar na questão de, no caso das empresas que também gerem cabos intercontinentais (Google, Meta, Microsoft, etc.), também podem facilmente aplicar esses aumentos no uso dessas ligações, ou, num caso extremo, ameaçarem bloquear o acesso aos seus serviços por parte do operador X ou Y (seria bom ver qualquer operador como a NOS, MEO, Vodafone, ou outros, tentarem explicar aos clientes porque motivo não podem aceder à Netflix, YouTube, Gmail, etc.).

Depois da UE ter - e muito bem - posto um travão na situação absurda e abusiva do zero rating e tratamento diferenciado de dados, veremos como é que irá lidar com esta questão estrutural da internet.