Executivo da Ferrari escapa a burla com voz falsificada

A Ferrari esteve perto de se tornar mais uma vítima das burlas com voz falsificada deepfake.

Um executivo da Ferrari começou por receber mensagens estranhas via WhatsApp, aparentemente do CEO da empresa, Benedetto Vigna, a propósito de uma grande aquisição que a empresa iria fazer, e pedindo a sua ajuda. No entanto, as mensagens não vinham do número de negócios habitual de Vigna, e a foto de perfil, embora mostrasse o CEO, não era a que usava habitualmente - coisas que desde logo levantaram suspeitas. Mas o passo seguinte foi receber um telefonema.

Apesar de ser uma voz em tudo idêntica à do CEO, com o seu sotaque italiano característica, havia algumas entoações que soavam ligeiramente artificias e que geraram ainda mais dúvidas no executivo. Para esclarecer se realmente seria o CEO, o executivo perguntou-lhe qual o livro de que tinham falado na sua conversa anterior, levando a que o burlão (ou burlões) desligasse imediatamente a chamada.

Este não é o primeiro caso de burlas com deepfakes, tendo havido até já casos bem sucedidos, em que os burlões encenam videochamadas com dezenas de pessoas, replicando os rostos de funcionários da empresa alvo, criando um clima de confiança de que se trata de uma videoconferência legítima com as pessoas respectivas.

Com o acesso a ferramentas AI de manipulação de imagens, voz e vídeo, este tipo de casos irá tornar-se cada vez mais comum. E embora o principal alvo, por agora, sejam empresas, inevitavelmente tornar-se-á de uso tão comum que existirão ferramentas que tornem estes ataques viáveis para burlas aos cidadãos comuns, com versões avançadas das burlas tradicionais de "filhos" a pedir dinheiro aos pais através de mensagens, e outras, mas que usem telefonemas com a sua voz simulada, ou até videochamadas que repliquem os seus rostos.

Não será má ideia que, ao estilo do que fez este executivo, se comece a tornar num hábito fazer uma pergunta que só a pessoa real saberá responder, antes de aceder a qualquer pedido fora do normal.