Carregador Xiaomi auto e o cabo dos trabalhos

Nas últimas semanas passei por um problema curioso, que demonstra como os "especialistas" também podem sucumbir às falhas mais básicas.

Quem me acompanha por aqui há algum tempo deverá saber que sou grande fã dos smartphones com carregamento wireless - desde os tempos do velhinho mas excelente Nexus 4 da Google! É um sistema extremamente conveniente, que nos evita dos embaraços de ter cabos com "a ficha certa" (o que era de grande utilidade nos tempos em que nos podíamos deparar frequentemente com dispositivos com ficha micro-USB, Lightning, ou USB-C), e que se torna ainda mais útil em cenários como o de uso no automóvel, onde basta "pousar e andar" sem preocupações com tira-e-mete frequente de cabos no smartphone.

Precisamente no carro, depois de ter passado alguns meses com um suporte com carregador wireless que revelou as suas fraquezas durante um Verão (com as temperaturas altas, aquecimento do carregamento, uso de app de navegação, e numa posição que ficava todo o conjunto exposto ao sol) resultando em situações frequentes de excesso de temperatura no smartphone, mudei para o carregador motorizado da Xiaomi, que além da comodidade da actuação motorizada de apertar e soltar o smartphone, fica posicionado em frente às grelhas de ventilação, assegurando que se mantém fresco durante a operação. Tem funcionado perfeitamente ao longo dos anos, e nunca me fez sequer pensar muito nele... até há umas semanas.

Recentemente, e quase de forma coincidente com a compra de um novo smartphone, o carregador começou a demonstrar alguns sintomas estranhos. Algumas vezes não abria o suporte quando queria retirar o smartphone; outras vezes ficava com a luz a piscar e não carregava; com isto a ter começado de forma intermitente mas começando a tornar-se cada vez mais frequente. Ora, tendo já muitos anos de uso, pensei que estivesse a chegar o dia em que teria que o substituir, mas as coisas começaram a ficar ainda mais estranhas.

Como o suporte deixava de fazer o carregamento, comecei a tirar o cabo USB-C do suporte e a encaixá-lo directamente no smartphone, para ir carregando o smartphone nas viagens. Mas também aqui se faziam notar sintomas estranhos, com o smartphone a carregar ou não carregar, dependendo das ocasiões. O que me fez suspeitar que o problema pudesse estar no adaptador do isqueiro que alimenta o carregador. Suspeitei que pudesse ser algum mau contacto do mesmo (alguns adaptadores de isqueiro não encaixam bem), mas este tinha estado a funcionar há anos, e tem uma luz que indica ter energia. Ainda assim, troquei para outro adaptador de isqueiro, com algum receio sobre se teria potência suficiente para suportar o carregador motorizado... e nada, nem carregador nem carregar o smartphone directamente. Pior ainda; começava a carregar por alguns instantes, e só depois parava. E isto mantinha-se mesmo quando usava outras tomadas no carro (no apoio de braços, no lugar traseiro, etc.

Por esta altura já estava a imaginar se seria algum problema na tomada de isqueiro ou sistema de controlo, em que o carro estivesse a fazer algum corte de energia na tomada por protecção contra alguma sobretensão!

Até que finalmente, e por via das dúvidas, numa altura em que já estava prestes a mandar vir um novo carregador wireless para o carro, decidi que talvez não fosse má ideia experimentar usar outro cabo USB-C.

Apesar de eu, depois de estar a lutar com a situação durante vários dias, até já estar a imaginar que alguma coisa iria começar a deitar fumo, a verdade foi bem mais simples: tudo ficou a trabalhar como seria suposto. O carregador problemático deixou de ter problemas, o carregamento já era feito como era suposto, e até a abertura motorizada do suporte voltou a funcionar sem qualquer falha.

Por esta altura alguns de vocês estarão a pensar: "Carlos, trocar o cabo devia ter sido a primeira coisa a fazer!" Pois, agora vejo que sim, mas confesso que não estava mesmo a imaginar que o problema pudesse ser do cabo, ainda mais num cenário em que o cabo nem tinha "uso" e estava continuamente ligado sem estar sujeito a dobragens frequentes. Mas, como se vê, não se pode assumir que nada funcione para sempre, nem mesmo quando se trata de um simples cabo USB-C.