O Ariane 6 concluiu com sucesso a sua primeira missão operacional, lançando-se da Guiana Francesa para colocar em órbita um satélite de reconhecimento militar francês.
Este lançamento acontece num momento crítico e representa um passo crucial para a autonomia espacial da Europa, reduzindo a sua dependência dos EUA, mais concretamente da SpaceX de Elon Musk.
Este voo segue-se ao teste inaugural do ano passado, onde um problema com a Unidade de Propulsão Auxiliar (APU) impediu uma terceira ignição do motor superior. Desta vez, a APU funcionou sem falhas, reforçando a fiabilidade do Ariane 6. No entanto, os custos elevados continuam a ser uma preocupação - estima-se que cada lançamento custará entre 80 a 100 milhões de euros, muito acima do custo de lançamento dos Falcon 9 reutilizáveis da SpaceX. Mas, por agora, torna-se na única opção para o lançamento de cargas de grande dimensão que não fiquem dependentes de entidades não europeias, e não se prevendo que esse panorama se altere até ao final da década.
As tensões políticas internacionais reforçaram a necessidade de soberania espacial europeia. O Presidente francês Emmanuel Macron alertou para o risco de mudanças na política externa dos EUA sob Donald Trump, que podem afectar a cooperação com a NASA e a NOAA. Após o abandono dos foguetes russos Soyuz devido à guerra na Ucrânia, e com Elon Musk a influenciar a política espacial norte-americana, há menos vontade na Europa para continuar a lançar satélites no Falcon 9.
O Ariane 6, mesmo com custo acrescido, torna-se na opção possível para manter um acesso ao espaço livre de "favores" norte-americanos. E tentando olhar para as partes positivas, pode ser que estas novas prioridades possam permitir que também a Europa entre na era dos foguetes reutilizáveis - embora isso seja algo que, a ser feito agora, ainda vá demorar longos anos até dar frutos.
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