2014/08/30

A recuperação das fotos lunares


Se já passaram pela situação de alguém vos levar uma cassete VHS para vos mostrar algo e não terem um vídeo onde a reproduzir (ou até uma simples cassete áudio), então irão saber o que sentiram estes veteranos que se recusaram a ver um arquivo de velhas bobines de fita contendo registos de missões lunares ser atirado para o lixo depois de terem passado décadas num arquivo.

Antes das missões tripuladas à Lua, foram feitas inúmeras missões com o objectivo de fotografar a Lua para determinar potenciais locais de alunagem. Estávamos num tempo em que o digital era coisa para ser medida em bytes e kilobytes, e os sistemas analógicos dominavam. Parecerá quase incrível para nós que estas sondas levassem câmaras com película de 70mm, tirassem fotos e as revelassem no espaço, e depois as enviassem para a Terra usando scanners tipo o dos faxes.

Essas transmissões tinham elevada qualidade e eram registadas em fita magnética, mas o processo de "impressão" era incrivelmente arcaico, com as imagens a terem que ser copiadas manualmente para papel, e resultando nas imagens que estamos habituados a associar a fotos espaciais daquela altura:

[a incrível diferença entre as imagens originais e as recuperadas]

Mas um grupo engenheiros achou que era um "crime" deitar fora as fitas contendo os registos originais, e deu início a uma aventura que implicou encontrar e recuperar um drive capaz de ler estas bobines (aqueles aparelhos do tamanho de um armário), e de seguida conseguir decifrar a informação contida nas fitas.

Foi um trabalho de loucos, mas que finalmente deu frutos, permitindo recuperar as imagens lunares da década de 60 com uma nitidez nunca antes vista. Aliás, fruto das câmaras analógicas e película usadas na época, dá-se o caso destas velhas imagens conterem mais detalhes do que as câmaras digitais mais modernas - especialmente nas situações da amplas variações de luminosidade (luz e sombra). A sua qualidade é tal que até permitiu corrigir alguns dados o nosso próprio planeta, como a extensão do gelo nos pólos e dos sistemas atmosféricos. apanhando, por exemplo, um evento do tipo El Niño nos anos 60.

Afinal... mesmo a "velhinha" tecnologia analógica tem por vezes o dom de nos conseguir surpreender. :)

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