Que me perdoem os apologistas dos sistemas de controlo direitos de autor abusivos que nos impingem estas coisas, mas esta é uma daquelas medidas que considero completamente ridículas.
Depois de ter anunciado há bastante tempo, a Amazon finalmente implementou a funcionalidade que permite emprestar livros digitais no Kindle.
Não tenho nada contra isto, muito pelo contrário, parece-me uma excelente forma de "partilhar" conteúdos que achemos interessantes - tal como sempre foi feito com livros reais.
O que considero ridículo é que: para além desta funcionalidade só estar disponível caso o "autor em questão" o permita (olhem o que seria se em cada livro que comprassem, viesse lá uma etiqueta a dizer se o poderiam emprestar ou não!)... o mais ridículo é que quando fazem o empréstimo digital, por um prazo máximo de duas semanas, ficam sem o direito a ler o vosso próprio livro.
Ora, isto é algo inevitável quando se fala de um livro físico, mas que não tem qualquer tipo de lógica quando aplicada a conteúdos digitais, onde uma cópia não tem qualquer "custo efectivo"!
Ora vejamos: eu compro um eBook, sendo que o autor (espera-se) recebe a sua parte do dinheiro.
Eu decido emprestar o eBook, possivelmente na ânsia de que a pessoa em questão o ache interessante e até o compre também... Qual será a vantagem de, durante o período de empréstimo (também ele limitado a uma única vez), eu não possa ler o eBook pelo qual paguei?
Não só estamos a servir de "publicitários" em nome deles, como ainda somos penalizados por isso?
Completamente ridículo... e demonstra o quanto as mentalidades de outros tempos se tentam agarrar desesperadamente a conceitos ultrapassados.
Porque será que depois de tantas transições, e com tantos estudos já feitos, estas companhias não entendem que fariam muito melhor em abraçar as vantagens dadas pelas novas tecnologias, em vez de as tentarem castrar artificialmente para que as coisas se mantenham como eram dantes?
Acho bastante exagerada a tua opinião sobre este assunto mas são opiniões :)
ResponderEliminarMas.. os ficheiros dos livros têm drm ou assim?
ResponderEliminarBem, se o empréstimo fosse mais flexível, a maior parte das pessoas ia estar sempre à espera de empréstimos...Até poderiam surgir sites de empréstimos, e obviamente, as vendas iam ser muito menores :)
ResponderEliminarConcordo com o Metro: parece-me que a tua opinião é exagerada. Talvez mesmo ingénua: a parte do "emprestar um livro (...) na ânsia de que a pessoa o achasse interessante e fosse comprar também" - eheh.
ResponderEliminarLivros não são discos, que com facilidade se ouvem repetidamente. De entre os poucos que ainda vão lendo por sistema, só uma pequena percentagem pratica a releitura. E um outro detalhe para a equação: do meu grupo de conhecidos que posso chamar verdadeiros leitores, muito poucos gostam de emprestá-los - devido a nunca saberem quando os vão ter de volta. Mas sendo o prazo estabelecido pela própria plataforma, não tenho dúvidas de que o empréstimo crescerá imenso - da mesma forma que emprestariam se o livro de papel, ao fim de duas semanas, soubesse apanhar o autocarro para regressar a casa.
É claro que posso contra-argumentar contra mim mesmo: que este raciocínio é válido para os bibliófilos e esses tenderão a manter-se afastados dos ebooks. Que os consumidores de ebooks pertencerão maioritariamente ao universo geek, e que estes mais facilmente comprarão o livro depois de o ler - até pela compulsividade que lhes é característica.
Talvez. A verdade é que nós estamos aqui a mandar postas de pescada, mas duvido que tenhamos um conhecimento muito profundo sobre o mercado da edição e as distribuições demográficas dos consumidores. Às vezes, questiono-me se as próprias empresas do ramo - editores, plataformas de distribuição, fabricantes de equipamentos - sabem muito bem o que se está a passar. A minha opinião pessoal sobre o fenómeno dos ebooks é que se trata de uma solução à procura do problema.
Boas,
ResponderEliminarà primeira vista, de facto parece ridículo (e de facto é) mas há mais complexidade do que parece neste sistema.
Carlos, acho que vais apreciar este artigo que, com bastante humor, toca o ponto exacto sobre o qual opinaste, dando uma perspectiva muito interessante e/ou, talvez, assustadora: http://www.cracked.com/article_18817_5-reasons-future-will-be-ruled-by-b.s..html
Para o resto dos leitores também certamente terá interesse. Lembrei-me imediatamente dele, mal li este post.
Cumprimentos :)
Há que considerar vários cenários: um o que seria de emprestar para ver se a outra pessoa acha interessante para comprar (que poderia ser limitado a 3 ou 4 dias, por exemplo) - outro factor seria o empréstimo "total" por um período de tempo mais alargado.
ResponderEliminarNesse sentido; se o "dono" não tem acesso ao conteúdo que comprou (o que, como disse não tem lógica num mundo "digital") então ao menos que não houvesse limite de X dias. (Tendo o dono a opção de revogar esse empréstimo a qualquer momento.)
... Mas é como digo: é preciso uma revolução digital para estes novos bens. E que se cultive a noção de que é preciso ajudar/suportar os criadores de conteúdos.
A App Store é prova de que isso funciona; desde que as pessoas tenham uma forma simples de "comprar" as coisas, por valores que achem justos.
Discordo do metRo, a opinião não é exagerada, aliás acerta mesmo na "mouche".
ResponderEliminarQuando se trata de bens digitais, em que a limitação de cópia não existe, os distribuidores têm sempre imensas dificuldades em vender os seus bens. Esta transacção envolve invariavelmente DRM e com grande frequência vemos aplicações sanguessugas das protecções que não funcionam, frustram as pessoas e dão má imagem ao vendedor.
Este é mais um exemplo de um mau DRM, ficar sem poder ler enquanto está emprestado? Simplesmente ridículo. Emprestar apenas uma vez? Menos ridículo um pouco mais ainda completamente parvo. O autor ainda diz se deixa emprestar ou não? Ok, foi ele que escreveu e é ele que sabe, mas francamente, se encontramos alguém que não quer partilhar connosco, rapidamente o mandamos pastar.
O limite de tempo é a única coisa que se aplicava aqui. Talvez incentivasse a pessoa a comprar para estar à vontade, ou então, comprar para poder também ela emprestar.
O DRM continua a sofrer do problema inicial, comporta-se como um ditador, priva as pessoas de liberdades às quais elas se sentem com direito o que resulta no óbvio recurso à pirataria.
Pagar pouco e ser livre é o que o consumidor quer. Desenvolvam um modelo à volta desse princípio que o sucesso é garantido.