Análise ao HTC One X

O mercado dos smartphones tem evoluído a ritmo alucinante - para não dizer assustador - nos últimos anos. Ainda me lembro perfeitamente quando há uma década atrás o expoente máximo da computação "mobile" eram coisas como o meu saudoso Pocket Look 600 da Fujitsu Siemens, e o meu sonho era um dia vir a ter um "pocket PC" com ligação permanente à Internet... e quem sabe, talvez com um ecrã com resolução VGA!

Uma década depois, não só temos esse sonho concretizado, como também completamente superado, como demonstrado por este HTC One X, equipado com um CPU Quad-Core (mais 1) e um ecrã HD!
[Agradecimento à Vodafone por ter disponibilizado este HTC One X para análise.]

Actualização: já disponível o comparativo HTC One X vs Samsung Galaxy S3.

Vamos lá ver então o que este Android "de sonho" tem para nos oferecer.


O HTC One X

Há pouco a apontar no capítulo das características técnicas deste One X, pelo simples facto de que - se existe, então provavelmente este equipamento tem-no! Como já dissemos, temos um CPU Quad-Core Tegra 3 a 1.5Ghz, um ecrã LCD HD 1280x720, câmara de 8MP FullHD traseira, câmara 1.3MP HD frontal, 1GB Ram, 32GB Flash, NFC, WiFI N, e toda a gama de sensores e acessórios que se podem esperar de um smartphone actual. Para dar uso a tudo isto, um Android 4.0 com o novo HTC Sense 4.

(A notável ausência é no entanto o suporte para redes 4G/LTE, funcionalidade que é suportada numa variante equipada com um CPU Dual-Core.)

Mesmo dando uso ao Android 4.0 ICS, que já dispensaria as teclas dedicadas do Android, a HTC optou por manter as habituais teclas à moda antiga... (talvez para não ter que remexer em todo o seu HTC Sense?)

A nível de qualidade de construção e design, não há grandes surpresas. Quem já tiver mexido num dos anteriores "topo-de-gama" da HTC sentirá imediatamente o toque da marca. Com um corpo sólido e qualidade de construção elevada, este One X peca apenas pela protuberância da lente da câmara traseira, que estraga de certa forma as linhas fluidas que se encontram neste equipamento.

A nível do áudio, embora o HTC One X venha com o "carimbo" Beats Audio... lamento dizer-vos que continuo a achar os auriculares fornecidos como sendo bastante fracos - mas como sempre, tudo é relativo, e eu estou (mal habituado) a headphones mais capazes. Pelo que, para quem estiver habituado a auriculares "fraquinhos", poderá achar que estes até sejam interessantes...


Fotos e Vídeo

Com uma câmara principal de 8MP, capaz de gravar vídeo HD, o HTC One X não tem problemas em captar fotos e vídeos com qualidade acima da média - e que são acompanhados com um conjunto alargado de "extras". Para começar, em vez do inconveniente comutador entre o modo foto/vídeo, neste equipamento temos sempre acesso imediato e instantâneo a ambos os botões para tirar fotos e para começar a gravar vídeo. (Tendo eu já por vezes erradamente começado a gravar vídeos quando pretendia tirar fotos, ou vice-versa, pornão reparar qual o modo que estava activado... apreciei bastante esta opção.)

Opção que se torna ainda mais útil quando se descobre que mesmo durante a gravação de vídeo podemos tirar fotos a qualquer momento sem interromper a gravação, o que é bastante "simpático".

Como não podia deixar de ser, não falta também um modo HDR, capaz de fazer a sua magia de juntar fotos tiradas com exposições diferentes para permitir criar uma composição automática quando há grandes diferenças de luminosidade num mesmo enquadramento.

Em Funcionamento

Quando se liga este One X pela primeira vez, rapidamente somos confrontados pelo excelente ecrã LCD, com resolução HD. Parece incrível pensar que ainda há pouco tempo esta era a resolução que muitos sonhavam poder ter nas suas TVs... e que agora pode andar no bolso connosco para todo o lado.

O processo de configuração inicial decorre de forma simples, como é habitual nos Android... mas neste One  não pude deixar de reparar numa coisa estranha... a possibilidade de poder escolher Português... de Espanha? Ou ainda, de Francês... de Portugal? Opções que poderão levar alguns utilizadores a coçar a cabeça....

O LCD HD de 4.7" do One X poderá assustar inicialmente quem estiver habituado a ecrãs mais compactos... mas, não há dúvida que ter todos aqueles pixeis e área de trabalho rapidamente conseguirão conquistar qualquer pessoa. :)

Por muitas vantagens que os Super AMOLED possam ter... não posso negar que continuo a ter preferência pelos mais tradicionais LCDs... que não só dispensam as questões dos padrões subpixeis "pentile", como também não têm quaisquer problemas energéticos em mostrar conteúdos com fundos claros ou brancos.

A nível de desempenho, como se poderia esperar, este HTC One X está ao nível do que melhor há na actualidade, e conta também com os excelentes jogos optimizados para Tegra, que nos colocam à frente dos olhos gráficos que poderíamos pensar não ser possíveis de ter num equipamento mobile (e que - volto a frisar - estão a correr em resolução HD!)

No entanto, nem tudo se processa como seria esperado... usando o browser de origem, a movimentação nas páginas web nem sempre ocorre com a fluidez esperada, algo que é bastante estranho - pois não será certamente devido a falta de potência do CPU quad-core, que noutros equipamentos é capaz de fazer isso e muito mais sem tais "engasganços". Será talvez culpa de um HTC sense não tão optimizado como se desejaria?

Seja como for, há diversas coisas no HTC Sense que são bem vindas e recomendadas (e que até deveriam passar a fazer parte do Android de origem - como por exemplo o atalho de acesso imediato para o Google Play a partir da secção das Apps.)

A nível de autonomia, como sempre, vai depender bastante do tipo de uso que lhe dão - e no meu caso o melhor que poderia esperar seria o tradicional 1 dia de uso, com uso de 3G/WiFi/Apps/internet. No entanto, para a posteridade fica ali o screenshot do One X depois de estar ligado mais de 6 dias... em standby obviamente! :)






Apreciação Final

Confesso que os primeiros dias com este HTC One X foram feitos com algum descontentamento. Para quem está habituado (e aprecia) modelos mais compactos, como os meus companheiros diários iPhone e Sapo A5, estes smartphones com ecrã de quase 5" parecem... gigantescos!

No entanto, dia após dia, uso após uso... começa a dar-se o efeito que frequentemente descrevo a quem quer comprar um televisor LCD ou Plasma para a sala: o de comprar o maior possível, pois o tamanho parece diminuir após algum tempo. Claro que aqui não se pode exagerar... tem que ser algo que possa ser confortavelmente transportado num bolso, e usado com uma mão. Uma vez que no meu caso os "aparelhos" andam numa bolsa, não me faz grande diferença ter um smartphone com ecrã de 3.5" ou 4" ou 4.7" como é aqui o caso. Mas o que é certo é que depois de uns dias a usar um ecrã de 4.7" HD, regressar ao iPhone faz-se com alguma/bastante estranheza. Subitamente, o ecrã que tanto parecia ser suficiente, passa a parecer claustrofóbico, e a outrora resolução com fartura do retina display... demonstra que afinal já não mostra tanta coisa assim.

Portanto, este HTC tem tudo para ser "perfeito"... Mas infelizmente não é. Os engasganços na utilização do browser tornam a experiência de manipulação e navegação na web em algo mais frustrante do que deveria ser - algo que poderia ser perdoado em equipamentos como o meu A5, mas não num topo-de-gama quad-core.

Para além disso, parecem haver problemas de montagem nalguns lotes de One X's com Tegra (os nossos, portanto) que fazem com que haja uma deficiente ligação à antena WiFi. Um problema que a HTC já reconheceu e que disse já ter resolvido na linha de montagem, mas que ainda não deu explicações oficiais sobre como irá proceder para resolver a quem tiver um equipamento deficiente. (Felizmente, o equipamento que testei não sofria deste problema).


Tirando os problemas de hardware, a grande questão prende-se com o software. O HTC Sense tem coisas interessantes, é certo... mas se estiver na origem dos tais "engasganços" no browser... mais depressa preferia ter um Android "de origem" e com melhor desempenho. Para quem for fã dos flashanços e firmwares alternativos, isso é coisa que certamente poderá ser resolvido; para quem quiser um smartphone "pronto a funcionar", a coisa será mais complicada.

Seja como for, não há dúvidas que este HTC One X é um dos melhores smartphones da actualidade, e que apenas peca nos tal desempenho no browser - que para mim é algo de importância crítica. Sem esses "engasganços" não hesitaria em lhe dar um escaldante bem merecido, mas assim... vai ficar.se com um igualmente atractivo...

HTC One X

Quente

Prós

• Desempenho Global
• Ecrã LCD HD
• Preço concorrencial

Contras

• Ausência de 4G/LTE
• Potenciais problemas WiFi
• Protuberância da câmara na tampa traseira

Galeria de Fotos e Imagens