2013/01/22

O Valor de um Telefonema

A Alexandra Pedro está de regresso, e hoje relembra-nos que na sociedade de alta-velocidade em que vivemos, por vezes até corremos os riscos de nos esquecer de alguns pequenos prazeres a que já quase nem damos valor.


No mês passado o SMS fez 20 anos, e não será necessário relembrar o quanto a comunicação escrita tem tomado conta das nossas vidas. Desde o tempo das origens da internet que a forma predominante de comunicação tem sido por "texto", que se vai adaptando em função das necessidades, quer sejam elas por email, debates (forums), pequenas partilhas (Facebook, Twitter, etc) ou conversas em tempo real com alguma margem no tempo de resposta (IM, IRC) - e que agora se tornam ainda mais utilizados devido aos dispositivos móveis com 3G que levam a internet onde quer que se esteja.

No entanto, num mundo cada vez mais textual, pergunto-me se não se estará a perder um importante elemento humano nestas relações. Afinal, é sempre mais fácil e cómodo enviar um SMS a alguém do que agarrar no telefone e fazer uma chamada, comunicar por voz, ou até marcar um “cafézinho” para ter uma conversa cara à cara "à moda antiga". Mesmo com recurso aos "smileys" e emoticons, nada chega ao tom de voz e linguagem corporal que utilizamos, certo?

Grande parte das situações não justificam a necessidade de parar o que estamos a fazer para fazer uma chamada, que pode ou não ser atendida, que pode ou não ser em boa altura, que pode ou não estar a incomodar. Às vezes só temos alguns probleminhas para resolver, ou só queremos saber se está tudo bem com alguém.

Pessoalmente acho que é sempre preferível usar alguma forma de comunicação assíncrona quando o assunto não é de urgência ou é de fácil resolução. Não vão telefonar a alguém para a seguinte troca: “Vens?” “Sim.” Para isso mais vale um SMS. (Ed. - errr... olha que conheço algumas pessoas que só mesmo com confirmação por voz! :)

Vivemos num mundo que cada vez está mais conectado, mas também mais ocupado. As amizades vão-se perdendo, as pessoas deixam de ter tempo para estar fisicamente com os amigos!

Enquanto não deixo de concordar, quero também alertar que as novas tecnologias nos permitem também expandir os nossos círculos, e possibilitar amizades em cantos distantes do mundo. Distância que por vezes nem se refere apenas à distância física - até os amigos da cidade ao lado se podem considerar "muito afastados". E é aqui que a comunicação por texto, assíncrona, sem necessidade imediata de resposta, consegue manter as pessoas unidas.

Só para verem que não falo por falar, partilho a minha experiência pessoal: tenho uma amizade que já dura há oito anos e que não tem tido problemas em resistir aos milhares de quilómetros que nos separam (ele vive nos EUA). Portanto, quer sejam amigos no outro lado do mundo, ou aqueles que moram a poucos quilómetros... por muito conveniente que possa ser comunicar com eles por mensagens, não se esqueçam de vez em quando da importância de ouvirem a sua voz.

Tenham um bom dia!

[por Alexandra Pedro]

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