A Alexandra Pedro está de volta e traz-nos algumas considerações sobre o novo Ubuntu Edge, e de como poderá vir a tornar-se num marco que nos fará esquecer o tempo em que o mundo era dividido entre "computadores" e "smartphones".
Recentemente a Canonical lançou o seu novo projecto, o Ubuntu Edge, para crowd-funding no IndieGoGo; um smartphone que visa estar na vanguarda de tudo o que tenha a ver com o Ubuntu for phone. Mas pergunto-me, com o Android e iOS a ocupar a maior quota de mercado, há algum incentivo para mudar de sistema?
A grande mais valia destes dois gigantes não é especialmente o bom funcionamento, mas sim todo o ecossistema que está por tras de cada um, ecossistema esse que, embora dê algum trabalho mudar de um para o outro, é mais ao menos equivalente e não é, portanto, muito difícil mudar de aparelho.
No entanto, torna-se difícil novos concorrentes terem algum sucesso, sendo que vale mais apostar nos smartphones de baixo custo e na parte do mercado que ainda não tem smartphone, como foi o caso do Firefox OS.
Pergunto-me qual será o efeito desta situação na evolução do software para mobile. De momento é simplesmente Android, iOS e um bocado de Windows Phone, mas dos outros (ainda se lembram do Sailfish?) só se ouve quando há novidade (algum novo sistema, novo telefone) para depois novamente regressarem à obscuridade. Para o utilizador, seria mil vezes melhor que os “ecossistemas” funcionassem igualmente bem uns com os outros. Assim não teria muito interesse se o utilizador tivesse windows no PC, Android no tablet e iOS no telemóvel... mas isso são fantasias. É por isso que acho bastante interessante o que a Canonical está a tentar fazer com o Ubuntu Edge.
Caso ainda não se tenham apercebido, o Edge visa usar tanto o Android como o Ubuntu em dual boot, para criar um aparelho que se transforma num desktop Ubuntu quando está docked e num telemóvel Android quando não está. O conceito torna-se mais interessante tendo em conta que cada vez mais pessoas usam o smartphone como computador. Algumas nem sequer têm computador convencional, preferindo um tablet ou smartphone para as tarefas comuns.
O Ubuntu Edge aproxima os dois mundos, dando ao utilizador a possibilidade de ter apenas um aparelho, com um só custo, que lhe servirá tanto de telemóvel como de computador, algo tornado possível pelas especificações que a Canonical quer meter no telemóvel, que já se aproximam de alguns portáteis que por aí andam. Isto tudo para dizer que, para um novo sistema vingar no mercado actual, é necessário que se crie algo de extraordinário, algo que os concorrentes não consigam fazer e que seja tão perturbador do panorama existente que seja impossível ignorar. É preciso fazer algo diferente, algo que seja mais do que “como o Android/iOS só que...” e que de momento não é o paradigma dos sistemas operativos mobile, agravado pelo facto de o utilizador comum estar fechado no sistema operativo de origem do telefone.
Este Ubuntu Edge poderá muito bem vir a ser o primeiro equipamento que nos oferece essa mudança... caso o seu financiamento seja bem sucedido (neste momento já superou os $7 milhões, faltando ainda $25 milhões para o objectivo final.
"para criar um aparelho que se transforma num desktop Ubuntu quando está docked e num telemóvel Android quando não está"
ResponderEliminarNão é verdade, deveria ser:
"para criar um aparelho que se transforma num desktop Ubuntu quando está docked e num telemóvel Ubuntu Phone ou Android quando não está"