2013/09/25

MAPINET quer bloquear acesso ao Pirate Bay em Portugal


Já estamos habituados a que, de tempos a tempos, as principais entidades anti-pirataria nacionais se lembrem de fazer algo mediático (como carregar dezenas de caixotes com processos contra quem alegadamente fez algum download "ilegal" para as portas dos Tribunais - e veja-se no que que isso resultou: nada.) Agora, em vez de atacarem quem faz os downloads, imitam aquilo que vêem fazer lá fora e tentam fazer com que os operadores sejam obrigados a bloquear sites como o The Pirate Bay.

Sem entrarmos nas questões de fundo sobre o que este tipo de medida representa e sobre a eficácia de atacar a partilha de conteúdos (dica: por cada site que encerrarem ou sistema que bloquearem, outros surgirão, mais complicados de detectar e bloquear), o mais caricato é que estes senhores demonstram o seu total desfasamento da realidade.

Ora vejam: Paulo Santos, presidente da Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) e director-geral da Associação para Gestão de Direitos de Autor Produtores e Editores (GEDIPE) diz-nos que "a filtragem de conteúdos já demonstrou ser eficaz no estrangeiro (no Reino Unido a filtragem de sites piratas e pornográficos já está a ser aplicada)".

Lamento informar, mas este senhor não deve viver no mesmo planeta que nós, pois a filtragem de conteúdos tem tido impacto nulo no acesso a estes sites. Não faltam centenas (ou até milhares!) de formas alternativas de aceder a sites como o PirateBay (e outros) a partir dos ISPs que oficialmente os bloqueiam, e será uma ilusão tentar fazer passar a ideia do contrário. Mas talvez o objectivo seja apenas colocar uma qualquer "vitória" no currículo e mostrar serviço feito para justificar o seus posto à frente das ditas associações - mesmo tendo consciência que essa vitória não passará de uma manchete no jornal, que será repetida por eles à exaustão... enquanto o resto do mundo lhes acenará que sim com a cabeça, enquanto vai clicando nos seu browsers para continuar a fazer os downloads que sempre fizeram.


Talvez não fosse pior estes presidentes e directores gerais de associações de defesa e gestão dos direitos de autor usarem os seus cargos para combater a pirataria da forma que realmente produz resultados: trabalhando pro-activamente para que serviços como o Netflix cheguem a Portugal quanto antes, e incentivar que outros venham para cá (ou sejam cá criados) - em vez de tornarem o nosso país num verdadeiro campo minado de negociatas e máfias que apenas querem lucrar à custa dos que "defendem" (lembram-se do caso da SPA falsificar as assinaturas dos autores, certo?) e que fazem com que ninguém se queira sequer preocupar com o nosso reduzido mercado.

6 comentários:

  1. Eu ri, muito, com estas "medidas"!

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  2. Se o fizerem... É desta que arranjo uma vpn proxy! :)

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  3. Eu sou daqueles que quer netflix/hulo/"qq serviço que me permite ver filmes e séries quando EU quiser" e não o posso fazer porque por cá ainda não existe nada... Esta malta tem de meter na cabeça que a malta que faz pirataria falo porque é mais fácil obter conteúdos dessa forma e não porque é mais barato. Quem não está disposto a pagar da forma legal, não o irá fazer caso não possa obter esse mesmo conteúdo de forma ilegal.

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  4. O que estes senhores querem defender é isto:
    http://www.troikadilhos.pt/spa-paga-1-centimo-a-autor-pelos-seus-direitos/

    Não tenho a menor dúvida que os mentores deste tipo de assalto á liberdade são as editoras (que ainda julgam que o CD é o melhor meio de distribuição).

    Além disso, o mais grave na minha opinião, é mesmo a CENSURA. Bloquear sites só porque há interesses? Este é um precedente muito perigoso... pode ser o início dos tempos em que algo é bloqueado apenas porque é conveniente...

    Enfim...

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    Respostas
    1. Por acaso, e apesar de concordar com tudo, eu prefiro comprar CDs do que comprar música digital com DRM.
      A minha sorte é que formatos como o SACD e DVD audio (que têm DRM) nunca pegaram, e por isso os CDs acabam por ser o único formato que é comercializado sem DRM pelos "mainstream".

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  5. Também sou das que querem netflix para cá :(

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