2015/01/31

Canadá diz que não a serviços tipo MEO Music com "tráfego que não conta" no próprio operador


Já por várias vezes revelei as minhas preocupações sobre serviços como o MEO Music, cujo tráfego não é contabilizado para clientes MEO. No Canadá o mesmo tipo de preocupações veio agora confirmar que este tipo de táctica por parte dos operadores viola os estatutos das comunicações ao dar tratamento preferencial aos seus próprios serviços.

Neste caso, tratava-se de um operador que disponibilizava o seu serviço de TV em versão mobile sem que isso fosse contabilizado para o tráfego,  quando todos os outros serviços concorrentes eram - obviamente - contabilizados.

O operador ainda argumentou que a disponibilização do serviço recaía sobre as regras da "difusão" e não das "telecomunicações"; e de que isto resultava num benefício para os utilizadores. Mas a entidade reguladora Canadiana não aceitou essas explicações. Se o serviço era acedido via internet tornava-se num serviço abrangido pelas telecomunicações; e o "benefício" que trazia para os utilizadores apenas o seria para promover os seus próprios serviços, já os utilizadores de todos os restantes serviços seriam consequentemente prejudicados.

É precisamente aquilo que tenho vindo a dizer, e porque motivo fico preocupado com "ofertas" deste tipo, mesmo que - para quem as usa - possam parecer/ser vantajosas. O problema é que todas estas "vantagens" facilmente se podem espalhar a outros serviços, e antes que se dê por isso estamos perante o tal cenário caótico onde temos uma internet estilo "canais de TV", onde algumas coisas estão incluídas no preço; outras terão que ser assinadas adicionalmente para que se possa ter acesso.

Por muito que possa custar, acho que a única opção é mesmo esta que no Canadá foi tomada: e de que não se pode permitir que os operadores contabilizem o tráfego conforme lhes convém. Dados são dados, têm que ser todos tratados de igual forma. (E isto é algo que por cá merecia ser analisado e clarificado pela ANACOM.)

8 comentários:

  1. Não vejo qual o problema desse tipo de produto ocmo o MEO Music, eu uso, por acaso não abuso, mas gosto muito, se os outros operadores se sentem prejudicados só têm de arranjar um serviço semelhante, qual o problema ? No caso do MEU Music não sei, mas com o Meo Go há limite de tempo, acho que 1000 minutos

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    1. Pois, mas é precisamente esse o problema que se quer evitar. Olha o que seria ao mudares para o operador XYZ "teres" que passar a usar o serviço de email deles, de vídeo, de músicas, de proxy de acesso à web, etc. E se daqui por um ano mudasses para outro voltarias a ter que fazer o mesmo. É precisamente isso que se quer evitar... (E para se ser correcto, o ideal era não haver qualquer promiscuidade entre as empresas de fornecimento de acesso à internet, e fornecedoras de serviços - coisa que infelizmente tem evoluído em sentido completamente oposto, com grandes grupos a dominarem cada vez mais todo o circuito, de uma ponta à outra.)

      Felizmente, toda esta estratégia dos operadores pode rapidamente "desmoronar-se"... Imagina que daqui por 1 ou 2 anos, um Google ou Facebook ou outro, passa a disponibilizar um serviço de internet gratuito (ou preço simbólico)?

      Mas quer isso venha ou não a acontecer, espero que até lá cheguem leis que garantam a tal neutralidade dos dados, para impedir que os operadores comecem a levar cada vez mais longe as suas "interpretações" do que é a neutralidade da internet.

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    2. Mas temos o exemplo da NOS que não contabiliza dados para Whatsapp, Facebook messenger, etc etc
      http://www.wtf.pt/
      Não vejo mais nenhuma fazer isso, com pena minha a Vodafone nada, nem serviços deles nem de terceiros.

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  2. Por mim não vejo qual o stress. Sim, usar o MEO Music através da rede de outra operadora já conta no tráfego. E depois? A concorrência que trabalhe num serviço equivalente, em vez de se encostar à sombra das regras da concorrência.
    Se a operadora de internet também fornece serviços de streaming, acho injusto não poderem jogar com isso!
    Mas a minha solução para todos estes problemas: hotspot Optimus Kanguru (agora NOS) 4G com tráfego ilimitado. É um descanso!!

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  3. Para mim este tipo de servicos acrescentados sejam meo music ou wtf significam apenas uma coisa. Estimular a concorrencia! Eu acho muito bem que o facam e que os outros operadores reagam. Ja basta monopolios como combustiveis e electricidade ou gas. Os operadores de telele assim têm coisas que os destinguem. A mim o meo music nao me diz nada mas para muitos é ideal. Eu uso o wtf e como preciso mesmo é de dados, é perfeito.

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  4. Já me cobram tantas coisas se me poderem oferecer um serviço de música... O Carlos vê um problema nesta estratégia, o consumidor não. Assunto resolvido.

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  5. Apesar deste blog ser tudo menos imparcial, sobre este asunto em concreto dou razão ao autor. Só quem desconhece ou nunca procurou "net neutrality" no google é que pode fazer comentários como os que constam antes do meu

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  6. Sim, o Carlos tem razão, e é fácil de perceber que existindo 3 operadoras no nosso país só os consumidores que escolham o serviço de streaming acossiado a uma destas operadoras é que podem ter algum beneficio, mas apesar de parecer uma coisa boa, isto é remar contra a essencia da internet, pois se já temos operadores com chamadas gratuitas e canais de TV sem se pagar trafego porque raio é que alguem vai querer usar um serviço de VoIP (chamadas de voz na internet) ou um serviço de streaming do género do Youtube ou Netflix? simples: opção de escolha que não esteja limitada ao pequeno mundo onde estamos (Portugal) mas sim uma escolha global.
    Quando contratamos um serviço de Internet é para ter acesso ao mundo e não ao servidor que está na outra ponta da linha.

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