MP3 - o formato que mudou o mundo

A Internet de hoje deixa-nos ver filmes em resoluções Ultra HD e comprar jogos que implicam descarregar 20 ou 30GB de dados, com naturalidade. Mas nem sempre assim foi, e é interessante ver o impacto que um simples formato de compressão musical teve a nível mundial, como aconteceu com o MP3.

Este How Music Got Free é um livro que acompanha a génese do MP3 e das muitas tentativas que houve para impedir que chegasse ao mercado. Isso não foi conseguido, mas não deixa de ser assustador constatar que mesmo assim conseguiram atrasar a sua utilização durante anos.

Quando o formato MP3 foi apresentado às editoras, a sua reacção foi a habitual: resistir e lutar contra ela. Decisões que deixaram que fossem os "piratas" a aproveitar todas as vantagens do formato... e que nos fazem pensar no que poderia ter acontecido se as editoras tivessem apostado logo em força no formato digital... em vez de se sentirem obrigadas a fazê-lo, décadas mais tarde, quando já era tarde.

Hoje em dia olhamos para os MP3 como algo natural, mas interessa relembrar como eram as coisas no final da década de 90. Os CDs iam-se popularizando como o formato de música "com qualidade" que sempre se tinha desejado, mas ainda parecia loucura ter um computador com capacidade para aguentar com os 650MB de dados que comportavam. Copiar música digital era algo que estava fora de questão, e os formatos de compressão sonora existentes tornavam uma qualquer música no equivalente a estar a ouvir a música através de uma linha telefónica.

O MP3 veio mudar tudo isso. De um dia para o outro, surgia um formato milagroso que permitia reduzir uma música que ocupava 50MB para apenas 3 ou 4MB, e sem perda significativa de qualidade. Começou a ser possível considerar a possibilidade de transferir toda a nossa colecção de CDs para o computador e, inevitavelmente, a partilha de músicas na internet tornou-se naquilo que todos conhecem.

Parecerá anacrónico, mas ainda me recordo perfeitamente de deixar o computador a "rippar" os meus CDs e a ver a vagarosa barra de progresso a fazer a compressão de cada música para MP3 (no meu PC da altura era coisa que ainda demorava vários minutos por música... usar computadores no século passado era coisa que obrigava a boa dose de paciência e muito tempo a olhar para um contador no ecrã. :)


Não falta também um capítulo sobre a transição que tem havido, e que também já temos abordado por diversas vezes, dos conteúdos comprados para o simples licenciamento temporário mas com pagamentos continuados.

No século passado, comprávamos um CD e era nosso. Hoje em dia, todos nos querem convencer a aderir a serviços de streaming de música, que são atractivos... mas que por outro lado também nos deixam sem nada no dia em que deixarmos de pagar a mensalidade (nem tão pouco nos permitem acumular uma colecção musical que possamos deixar para os nossos descendentes... que serão obrigados a voltar a pagar pelos mesmos conteúdos... eternamente).

Enfim, um tema que será sempre originador de interessantes discussões a múltiplos níveis.

Quanto ao livro, podem apanhá-lo na Amazon UK por cerca de 10 ou 13 libras (paperback ou hardcopy.)