2015/12/01

Acidente com quadcopter deixa criança de 16 meses sem um olho


Muito se tem falado sobre a regulamentação dos drones e quadcopter, e no Reino Unido um infeliz acidente poderá vir a influenciar essa decisão, pois deixou uma pequena criança sem um olho.

Com a popularização dos quadcopters e outras máquinas voadoras, seria apenas uma questão de tempo até se darem acidentes como este. Durante um voo como tantos outros, um piloto perdeu o controlo do seu quadcopter quando este bateu numa árvore, tendo este ido chocar com uma criança de 16 meses que brincava no quintal de sua casa, cortando-lhe um olho ao meio.

Passado o momento de choque inicial, resta tentar resistir à tendência de querer culpar os quadcopters, e relembrar que os acidentes acontecem todos os dias, com todo o tipo de máquinas e com todo o tipo de consequências (conforme uma qualquer passagem pela secção de urgências de um Hospital poderá comprovar.) Neste caso, facilmente se pode imaginar como se terá sentido o piloto da aeronave ao ver o que provocou ao filho de casal de amigos. Mesmo já tendo sido perdoado por eles, diz nem sequer ser capaz de olhar para os seus quadcopters quanto mais pensar em voltar a voar com eles.

Embora incomum, o mesmo se aplicaria a algo como um simples atropelamento ao tirar o carro da garagem e não ver uma criança que brincasse na rua; ou até numa qualquer "brincadeira". É apenas por sorte que não tenho uma história idêntica para contar, quando em criança, depois de ter visto uma qualquer emissão dos Jogos Olímpicos a ver a prova de atirarem o disco, eu e o meu irmão tentamos replicar a actividade, rodopiando para tentar atirar pedras o mais longe possível. Ora, pois claro que tinha tudo para dar mau resultado, e quase deu... uma das vezes a pedra foi parar mesmo à cara dele, acertando-lhe quase no olho. Pois... seria uma daquelas coisas de criança que poderia também ter marcado duas vidas inteiras.

Igualmente interessante será olhar para aquelas pessoas que poderão criticar o uso dos quadcopters como sendo bastante perigoso... mas logo de seguida são capazes de se sentar ao volante do seu automóvel, lendo e escrevendo SMS enquanto vão ziguezagueando pela estrada. Há idades em que se poderá desculpar a falta de consciência... mas há outras onde isso já não pode, nem deve, ser usado como desculpa. Os acidentes acontecem, mas há que estar consciente dos potenciais riscos das "liberdades" que se tomam quando se está a operar qualquer veículo que possa causar danos, mesmo os mais inesperados.

13 comentários:

  1. A massificação dos drones sem a respectiva sensibilização e informação dos futuros utilizadores é algo que me preocupa profundamente. Sendo eu aeromodelista à uma década, bem sei como se começava na modalidade. Alguém experiente garantia que o modelo estava correctamente montado e testava-o no ar. Depois os primeiros voos com/sem duplo comando e instrutor ao lado. O ensino das regras de voo, o aviso pelo desrespeito pelas mesmas, os clubes organizados com os respectivos locais de voo assinalados no INAC (agora ANAC)... Tudo parece ser esquecido quando qualquer um chega a uma grande superfície compra um quadcopter por estar na moda (quantos destes sabem calibrar uma hélice?).

    Dizer que todos os dias ocorrem acidentes nunca poderá servir de desculpa para que cada um não tomo TODAS e QUAISQUER medidas que elimine ou reduza os riscos ou mitigue os consequentes danos de possíveis acidentes. Recordo-me de ver noticias com mortes causadas por acidentes com aeromodelos (e a acontecerem em ambientes de regras restritas, nomeadamente festivais públicos). Se com o aumento de objectos no ar, verificarmos um relaxamento na atitude dos seus utilizadores, não esperem nada de bom num futuro próximo.

    Como apreciador desde hobbie, claro que me agrada o aparecimento de novos entusiastas e de material a preços mais acessíveis, mas não posso deixar de assinalar riscos que possam afectar todos enquanto sociedade.

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    1. É precisamente esse o intuito deste artigo: o de consciencializar as pessoas que estes "brinquedos" deverão vir acompanhados por uma grande dose de responsabilidade e bom senso.

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    2. Não é por acaso que existem proteção de hélices, devia ser lei, e será quando alguém for degolado.

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  2. "Acidentes acontecem todos os dias", enfim! E só porque por azar acertou no olho de uma criança... Mas, será que continuaremos a pensar desta forma se um belo dia quando estivermos a tomar sol na varanda de repente aparecer um desses brinquedos do nada e nos furar um olho ? Nãoooo, já bem nos basta todos os perigos que há por ai á espreita! E agora também temos de estar preocupados com esses brinquedos idiotas ??? Sim, eu acho um pouco idiota! O meu vizinho comprou um e agora passa os domingos ali á esquina entretido com o seu novo brinquedo e já me começa a irritar ver aquela coisa a voar por ai a tarde toda!

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    1. E com a evolução vão poder ser programados para nos atacar, roubar e até matar! E acho que será isso o que vai acontecer e no futuro vão transformar-se no nosso maior terror!

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    2. Pedro, podes optar por qualquer posição alarmista em relação a qualquer coisa se assim o entenderes, não precisas ficar-te pelos quadcopters.

      E se em vez de um quadcopter fosse o vizinho do lado a brincar com uma fisga? Ou uma espingarda de pressão de ar? Ou - como referi - a atirar uma simples pedra? Ou que dizer então das pessoas que vão a passar nas passadeiras e levam com um carro em cima que as deixa tetraplégicas para o resto da vida porque o condutor ia distraído a ler uma SMS? Ou (como acontece nos EUA), um qualquer indivíduo ou aluno entre por uma escola ou outro local, e desate a matar pessoas? Reduzir o problema aos quadcopters parece-me ser apenas uma forma de escape para fugir à realidade em que vivemos.

      E quanto a serem programados para matar, não é preciso esperar pelo futuro. Em muitas regiões do globo as populações já têm que lidar com essa ameaça vinda dos céus, sob a forma dos drones militares, e onde está nas mãos de um qualquer piloto do outro lado do mundo decidir se aqueles pixeis que vê no ecrã merecem viver ou não.

      (Por outro lado, não esquecer que nos anos 60, 70 e 80 ainda se podia temer que a qualquer momento nos pudesse cair um míssil nuclear em cima... Portanto, se for para ter medo, há muito por onde pegar.)


      Mas voltando aos quadcopters, sim, há necessidade de consciencializar para o perigo que podem representar - e daí ter escrito este post. Com o seu baixo custo, haverá muitas pessoas que os consideram apenas brinquedos "inofensivos" e nem se apercebem dos riscos. (Faz-me lembrar algumas pessoas que já vi a pegarem em lasers e apontarem directamente para os seus olhos...)


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    3. Brincar com uma fisga ou uma espingarda de pressão de ar ou qualquer coisa que nos meta em perigo eu acho que deve ser devidamente legislado e impedido em locais onde existem muitas pessoas. Não me parece nada aceitável alguém andar a brincar com uma fisga nem com uma espingarda de ar nem com drones nem com nada que nos meta em perigo em locais públicos. É claro que que há perigos maiores, com o por exemplo, os carros, etc., mas esses pelo menos teem uma utilidade e são necessários. Já as fisgas, as espingardas de ar ou os drones, etc. não teem utilidade nenhuma. E isso tb é muito importante!

      Por isso é realmente importante legislar e criar regras, como dizes, mas eu sou mais radical e proibia totalmente em locais públicos!

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    4. Pois, mas é a velha questão... a liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros.

      Nos quadcopters, quanto muito passaria por obrigar a existência de dispositivos de segurança (nada de hélices expostas, por exemplo). Já permitiria minimizar em grande parte o risco - e claro, evitar o seu uso em locais residenciais ou com pessoas.

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    5. Lembrei-me agora que quando tinha uma casa de campo no Outeiro da Cortiçada (perto de Santarém) nas alturas da caça não podíamos sair á rua em certos dias porque estava tudo cheio de caçadores. E houve uma vez que perdi a paciência com eles porque estavam a caçar mesmo no nosso terreno e junto á casa e caiu chumbo no telhado. E eu sai de casa furioso e pus-me a berrar se eles também queriam caçar dentro de casa ? Acabámos por ter que vender a casa porque já estávamos fartos de tiros e chumbo! Por isso realmente antipatizo totalmente com "brinquedos" perigosos que violam a nossa tranquilidade e segurança de forma estúpida, egoísta e inútil!

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    6. ... Fizeste-me relembrar um colega que tem a "infelicidade" de ter um vizinho que passa os fins-de-semana com as colunas à janela a tocar música popular em alto volume (e sem que todas as tentativas de chamar as autoridades tenham tido efeito prático)... Se fosse comigo, bem que dava vontade de armar um quadcopter e ir lá silenciá-lo...

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  3. Isto é mais do mesmo mas em moldes diferentes.... Já só falta aparecerem seguradoras com protocolos para seguros para drones. Samos e vivemos como humanos ;)

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    1. Ora aí está uma excelente ideia para as seguradoras.

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    2. Posso dizer que o tema do seguro de responsabilidade civil no mundo do aeromodelismo era um tema muito quente.

      As seguradoras não queriam o negocio e apenas a federação e um clube (que tinha divergências com a federação) conseguiram criar uma apólice colectiva para os respectivos associados. Era alias, a principal motivação para um aeromodelista se federar.

      Por outro lado, esses seguros exigiam o respeito por um conjunto de regras apertadas, entre outras, o local de voo! Preferencialmente em pistas homologadas. Fora destes locais, era necessário uma peritagem do local do acidente para garantir que respeitava um conjunto de especificações. Está claro que voar sobre a rua de casa ou o jardim do vizinho ou espaços populacionais estavam completamente fora de parte, comportamentos estes que normalmente associamos aos drones.

      Só um outro exemplo para explicar ao ponto a que isto chegava. Antes de ~2007 a única banda admissível para se usar nos rádios de controlo era na gama dos 35MHz (em FM). A partir daí, começou a aparece no mercado equipamentos que funcionavam na banda dos 2.4GHz (quer com DSSS ou FHSS) e com potencias de emissão na ordem dos 100mW. A anacom, e suas congeneres, apenas licenciava equipamentos nos 2.4GHz para uso livre com potencias de 10mW. Long short story, havia muita discussão se os seguros não ficavam invalidados no caso de se usarem esses rádios, adeptos a ameaçar chamar a GNR para apreender todos os rádios "ilegais" que aparecessem nas pistas, a federação portuguesa para organizar o campeonato mundial de F3A em 2009, teve de convencer a anacom a emitir uma licença temporária para as potencias de 100mW.. etc, etc, etc.


      Desculpem o seguinte desabafo, mas parece que se quer redescobrir a roda! A segurança nesta área já deu muita tinta, quer em portugal, quer no estrangeiro.

      E no final de tudo chateia-me que a fácil disponibilidade de uns quadcopters consiga destruir por completo uma modalidade que sempre teve uma aceitação difícil (houve ate o caso de um clube no norte que foi expulso do seu próprio terreno debaixo de tiros de caçadeira e sob escolta da GNR)...

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