A sessão de abertura do Google I/O 2018 trouxe-nos uma overdose de novidades que poderemos ver nas diversas áreas de actuação da Google nos próximos meses, indo do Android P ao Google Assistant, dos carros autónomos ao Google Maps e Realidade Aumentada... e sempre com muita inteligência artificial pelo meio.
A inteligência artificial é uma das grandes apostas da Google para o futuro, e começamos a ver os efeitos do grande investimento feito ao longo dos últimos anos aplicado às situações do dia a dia que todas as pessoas poderão sentir de imediato (em vez de ser algo que se esconde atrás de um qualquer sistema complexo que pouco ou nada diz à maioria das pessoas).
Veja-se o exemplo do smart compose do Gmail, uma funcionalidade que vai além das respostas automáticas já existentes, e que permite ir sugerindo coisas a dizer em função do contexto e daquilo que estamos a escrever (podem vê-lo em acção aos 0:40 no vídeo no final deste artigo). O Google Photos também ganha inteligência, passando a sugerir ainda mais efeitos que considera que melhorarão as fotos, e que agora podem incluir coisas como tirar a cor à paisagem de modo a dar destaque a uma pessoa (que se mantém a cores)... ou até dar cor a uma foto antiga a preto e branco!
O Google Assistant ganha seis novas vozes (uma delas baseada no cantor John Legend) e vai suportar 30 novas línguas até ao final do ano, e também permitirá manter conversações continuadas sem necessidade de estar a dizer constantemente "Hey Google". Outro pormenor interessante, para evitar situações em que crianças (ou outros) comecem a ser demasiado "mandões" a falar com o Google Assistant, irá estar disponível um modo em que será necessário pedir "por favor"... para que se mantenham as maneiras.
Mas as capacidades do Google Assistant começam a atingir níveis verdadeiramente surpreendentes, e um dos momentos altos da apresentação foi a apresentação do Google Duplex, que permite ao Assistant efectuar chamadas telefónicas em nosso nome para fazer marcação de serviços e interagir com a pessoa que atender o telefone (vejam aos 3:14).
Para enfrentar a crescente família de Echos da Amazon, a Google também está a apostar nos Smart Displays, fabricados por diversas marcas, que nos trazem as vantagens do Google Assistant que já temos no Google Home a produtos com ecrã que podem apresentar informação visual: quer seja para nos mostrar o estado do trânsito e tempo de manhã, a vídeos com instruções, ou para fazer videochamadas sem que seja necessário recorrer ao smartphone - e que têm chegada ao mercado agendada para Julho.
O Google News ganha também inteligência acrescida para aprender com as nossas preferências e nos apresentar as notícias mais relevantes; ficando disponível desde já (a avaliar pela relevância das coisas que já me aparecem no Google Feed, é de prever que funcione bastante bem).
O Android P, que fica disponível em beta para uma dezena de smartphones, também aposta na AI para melhorar inúmeros aspectos do sistema: determinando que apps poderemos utilizar e com que frequência, para impedir que apps que utilizamos raramente estejam a consumir recursos. Em vez de se limitar a sugerir as apps que poderemos querer, o Android P também poderá sugerir acções concretas dentro das apps, como fazer uma chamada telefónica para determinada pessoa; retomar a audição de uma música que se estava a ouvir, etc. O interface, tal como já tinha sido antecipado, despede-se dos tradicionais "três botões" a aposta numa navegação baseada em gestos, mais apropriada para equipamentos full-screen
Outra novidade que me parece ter um potencial enorme são as Slices, permitindo que os developers disponibilizem pequenos "pedaços" das suas apps que poderão ser apresentadas nos resultados do Google Search, no Google Assistant, e outros locais. Por exemplo, pesquisar por Uber poderá disponibilizar uma "slice" nos resultados que dá directamente acesso à opção de chamar o transporte; ou pesquisar pelo nome de um filme poderá fazer com que uma app apresente imediatamente a opção para comprar bilhetes. É um sistema que permitirá trazer as funcionalidades das apps para fora das apps, e simultaneamente expandir as capacidades e potencialidades do Google Assistant.
Para disponibilizar as funcionalidades avançadas de AI e Machine Learning, temos o ML Kit (desta vez a Google antecipou-se à Apple a baptizar a API, sendo que talvez a Apple opte pelo ML Core ou AIKit - saberemos na WWDC daqui por algumas semanas) e que facilita o acesso a coisas como detecção de texto em imagens, de rostos, detecção de objectos nas imagens, respostas automáticas e muito mais, podendo usar não só o processamento local como, de forma transparente, usar a potência dos serviços da Google na cloud.
Para combater o vício de estar constantemente agarrado ao smartphone, no Android P contamos com um conjunto de funcionalidades que permitirá monitorizar detalhadamente o tempo que é gasto no smartphone (7:00) em que apps e em que momentos, permitindo definir limites que ajudarão a restringir esse tempo a valores "saudáveis". Também para combater a tentação de pegar no smartphone quando se está na cama e se vai "espreitar uma coisa rápida" que depois se prolonga por demasiado tempo, temos um modo que deixa o ecrã a preto e branco, o que aparentemente "chateia" o cérebro e nos faz perder o interesse mais rapidamente.
Quem o quiser experimentar, poderá fazê-lo com o Android P beta que fica disponível desde já para os: Pixel 2 / Pixel 2 XL; Pixel / Pixel XL; Essential Phone; Sony Xperia XZ2; OnePlus 6 (quando for lançado); Xiaomi Mi Mix 2S; Nokia 7; Oppo R15 Pro; e Vivo X21.
O Google Maps fica mais social e passa a fazer recomendações personalizadas de sítios que poderemos gostar de visitar ; facilita a decisão do restaurante entre grupos de amigos (com votações integradas). Temos também um novo sistema de posicionamento visual (VPS) que permite maior precisão que o GPS, e a capacidade de apresentar informação sobre locais e a rota a seguir em realidade aumentada (ver aos 9:40).
O Google Lens não ficou esquecido, e ganha a capacidade de fazer copy paste de texto directamente do mundo real; de encontrar produtos parecidos com objectos que estejam na câmara; e a funcionar em tempo real (11:26). Este Google Lens será integrado directamente na câmara de smartphones de diferentes fabricantes, como a LG, Motorola, Nokia, Xiaomi, Sony, Asus, OnePlus, TCL e BQ (foi estranho não ver referência à Huawei, que há alguns meses atrás aparecia na lista de fabricantes que teria o Google Lens na câmara...)
Os carros autónomos da Google / Waymo também tiveram direito a destaque, mostrando como já estão em operação para um grupo de utilizadores restritos, mas com o serviço a expandir-se para todos (em Phoenix) nos próximos meses. Vimos como o seu sistema de inteligência artificial é capaz de detectar e prever comportamentos anómalos (um exemplo mostrou o carro autónomo a desacelerar mesmo tendo um semáforo verde à sua frente, por ter detectado um carro que não estava a desacelerar e que passou o cruzamento com o semáforo vermelho).
Não ha nada de estranho no que toca à falta da Huawei na lista de aprovados.. Como é sabido a ZTE e a Huawei estão a ser investigadas por praticas de espionagem! Assim sendo os grandes fornecedores de technologia estao a ser "obrigados" a não cooperar no fornecimento de serviços a estas empresas!!
ResponderEliminarFica a nota... 😉
Huawei é a seguir...
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